Como se tudo o que eu ouvirá foi mentira, eu estava apenas me enganando de ter ouvido que o amor da minha vida morreu.
- Cade a Marie?- Pergunto.
- Ela faleceu Pietra- Alicia diz entre soluços.
- Cade, a, minha, Marie?- Grito.
- Senhora de acalme- Uma enfermeira pede.
Então volto a chorar, isso estava mesmo acontecendo, eu perdi, eu a perdi, a mulher da minha vida, a chefe da minha família, a minha abelha rainha, a minha vida, princesa, relíquia.
- Pie- Alicia me puxou para seu colo.
Ficamos sentadas ao chão chorando, a dor é tanta que não posso descrever o que eu estou sentindo, como eu quero morrer e encontrar minha Marie aonde ela estiver.
- Preciso de alguém cuide das papeladas dela!- Enfermeira pede.
- Eu vou- Aviso.
Então me levanto e seco algumas lágrimas, na recepção tinha uma ficha completa e que eu devo informar tudo. A causa estava reconhecida, o horário, o médico que a atendeu, só faltava eu assinar para que ela seja levada ao lugar frio e sem volta.
- Vamos para casa- Alicia segura em meu ombro.
Eu estou mumificada, apenas ando, e observo, não quero falar, não quero chorar, não quero sorrir, não quero viver.Ela estaciona na minha casa, então saio do carro e abro a porta de casa. Sinto um doce perfume, era o de Marie, ando um pouco mas minhas pernas falham, em caio no chão ajoelhada. Meu peito doía muito, e as lágrimas ardiam cada vez mais dentro dos meus olhos, foi uma facada de uma vez só.
- Pie- Alicia fica ao meu lado. - Você precisa ser forte pelo Thaigo, pela Samantha!
- Eu não quero viver Alicia, eu quero a minha Marie aqui comigo, sendo forte comigo!- Digo entre soluços.
- Aonde ela estiver, ela estará sempre com você em seu coração!
Sim ela realmente estaria.
Na manhã seguinte eu teria que contar a Thaigo o incidente, e ir ao enterro.
- Aonde vamos?- Ele pergunta me olhando.
- Nos despedir da mamãe Marie- Respondo arrumando seu pequeno terno preto.
- Ela vai embora?
Fecho meus olhos.
- Vai filho, vai com o papai do céu- Penso em uma frase típica.
Então eu termino de me arrumar e desço as escadas com meu filho nos braços.
- Vamos?- Aline segurava minha filha.
- Vamos!O velório seria aonde ela mais gostava de ficar, em um campo aonde só tinha árvores de cerejeiras. O lugar era lindo, todos que a conhecia estava aqui, até minha família.
- Leva Thaigo para alguma lugar?- Peço para Aline.
- Vou deixá-los com o Cris!
Então eu dou um pequeno sorriso.
- Filha?- Escuto uma voz.
Me viro para trás, era minha mãe.
- Mamãe- Caminho até ela.
Então ela me abraça, e novamente lágrimas ameaçam a cair.
- Eu sinto muito filha, me desculpa por ter sido idiota, eu sinto tanto minha filha pela Marie!- Ela estava chorando.
- Tudo bem mãe, ela já tinha perdoado você- Digo.
Então ela me solta e seca suas lágrimas. Meu pai fica em minha frente agora.
- Seja forte filha, pelos meus netos!- Ele me abraça.
- Vou ser pai!
Caminho saudando cada um que veio até o velório da Marie, cada um dizia uma palavra de consolo, e cada um chorava e lamentava pela grande perda. Bem distante eu vejo alguém, reconheço de longe.
- Com licença- Peço a um convidado.
- Claro- Ele responde.
Caminho até um homem parado bem atrás de uma das imensas árvores que tinha aqui.
- Sr. Laport?
Então ele se vira, de terno preto e óculos escuros.
- O que faz aqui?- Me aproximo.
- Soube que minha filha... Faleceu- Ele falou com certa dificuldade.
- Sim, infelizmente!
- Vim prestar minhas condolências a você, afinal, você foi a mulher que ela protegeu- Ele estende a mão.
- Ela protegeu a família que ela tanto amava e que tanto sonhara em ter um dia! Uma família qual o senhor tomou dela- Digo ríspida.
Ele guarda sua mão e fica calado.
- Eu sei que errei com ela, fiz muita merda, fodi o passado, mas...- Sua voz falha. - Ela era minha filha, e pode acreditar eu a amava!
Estreito meus olhos.
- Por isso não a matou. Aquela bala que você disparou não era para acertar nela e sim na mãe dela- Digo incrédula.
- Acertou! Aquela mulher tomava minha filha de mim, eu sabia que se apontasse para Marie sua mãe ia interferir, e acertaria meu alvo!
Balanço a cabeça com desgosto.
- Eu errei em ter feito isso, pois fui pego, mas se eu não fosse com certeza Marie teria um final feliz!
Com essas palavras eu penso, e sim ela poderia realmente ter vivido mais, ter tudo uma família maior, sido mais feliz, não estaria morta.
- Se despeça dela sem que ninguém o veja- Ordeno.
- Não se preocupe, sou invisível!
Dou uma ultima olhada para ele, então me viro voltando para o meio da multidão.Após as meninas terem dito uma ultima palavra a Marie era minha vez. Caminhei até uma pequena tribuna que montaram, pigarreio uma vez e então tomo fôlego.
- Marie, não preciso dizer o quão você foi incrível, sempre lutando pela sua família, sempre fazendo todos felizes, sempre sendo doce como só você sabe. Quando nos conhecemos eu não sabia que iria ser tão feliz ao seu lado, que teria um casal de filhos lindos, e não sabia que teria uma esposa linda. Se me contassem como seria meu futuro eu não acreditaria, e se eu pudesse mudar eu mudava e agora estaríamos na nossa tão sonhada lua de mel- Todos riem. - Mas a vida te tirou de mim, de nós, a vida quis nos pregar uma peça e mostrar quem é que manda. Não sei como dizer que vou sentir sua falta, não sei como agir, só estou em pé porque sei que você vai me ajudar a cuidar dos nossos filhos. E se você estiver me ouvindo, saiba, que eu sempre, vou te amar!- Termino e olho para o céu. Lágrimas escorrem livremente agora, todos aplaudem então eu volto para meu lugar, Alicia aperta meu ombro me confortando. Uma única árvore começa a balançar, mesmo sem vento, vai várias pétalas de flores de cerejeira em cima do caixão de Marie, um arrepio passou pela minha espinha.
- Marie...- Sussurro.
Então como se algo viesse me consolar, sinto algo quente me envolver, um vento quente talvez, então eu sei o que é, minha Marie está aqui comigo.
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Apenas Amor
Romance"No mundo em que vivemos existe amor, e rótulos. No mundo em que somos rotulados não podemos ter amor. Mas quando é para ser, acontece."