Capítulo VI

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POV Flávia

Olá, meu nome é Flávia, tenho 40 anos e sou casada com Olavo, tio de Thaina. Considero essa menina como minha filha, já que perdeu os pais tão cedo e eu sou estéril, a tenho como minha, desde que a vi sentada no quintal chorando por ficar sem seus pais. E mexeu com ela, mexeu comigo. A que adora me enfrentar é Vanessa, já tenho um certo ódio por ela por causa de quando era pequena e eu cuidava dela, pois trabalhava de babá, roubava itens de minha casa. Agora fica xingando a mim e minha sobrinha cometendo racismo. É hoje que essa palhaçada acaba!

- Eu já não te proibi de vir aqui Vanessa?

- E quem disse que eu vou te obedecer escurinha?

- Você tem que me obedecer, se lembra do nosso acordo benzinho?

O nosso acordo foi assim, se ela aparecesse no bar com frequência ou mais alguma vez só para me insultar ou insultar Thaina, chamo a polícia e a incrimino por racismo, ou então ela nunca mais aparece na nossa frente e ela não vê o sol nascer quadrado.

- Que acordo tia? - Esqueci que Thaina tava aqui!

- Não falou pra ela Flavinha? Nossa, que tia perfeita!

- Cala sua boca!

Sabe quando todos ficam assustados olhando para uma pessoa? Isso aconteceu quando Thaina gritou com Vanessa. Tanto eu, quanto ela e as outras pessoas ficamos, pois nunca vimos Thaina assim.

- Se minha tia está falando pra você sair daqui, você sai! Aqui é propriedade dela, não sua!

- Mas olha só, a gotinha de petróleo criou voz e coragem para me enfrentar?!

- Oi? Não entendo piranhês, poderia se retirar por favor?

Nunca vi Thaina assim! Isso é muito bom! E a expressão de Nicolas e Marina são melhores ainda, estão amando ver a amiga se impor.

- E o que você vai fazer para me tirar daqui hein? - Vanessa deu um passo para ficar cara a cara com Thaina e a mesma não recuou. De onde minha menina tirou tanta coragem do dia pra noite?

- Tia, posso pegar o óleo quente pra fritar uma certa piranha?

Vanessa ficou branca feito papel, falou que não precisava disso e saiu. A festa tava feita! Eu, Nicolas e Marina corremos até Thaina e a abraçamos como nunca!

- IRMÃZINHA ATÉ QUE ENFIM VOCÊ FEZ ALGUMA COISA! TÔ ORGULHOSA DE VOCÊ!

- AI NÃO ACREDITO QUE MINHA COCADA FALOU ISSO, TO MUITO FELIIIZ!

E ver minha menina feliz, não tem preço.

***

POV Thaina

Eu até agora não acredito que disse aquilo tudo, meu tio me deu até folga, claro que eu o perturbei, falando que não precisava, mas ele tanto insistiu que conseguiu o que queria.

Estava em uma mesa com Nicolas, Marina e Henry. Desde que Henry chegou, não falou comigo e nem eu com ele, mas teve muitas trocas de olhares e em cada uma delas eu me arrepiei. Até que ele me chamou pra falar comigo a sós. Nicolas ficou indiferente, pois tava focado em um homem na mesa ao lado, mas percebi olhares de fúria de Marina em cima de mim, mas não vou falar não pro menino, vou falar com ele sim.

- Pode falar Henry.

- Thaina, me desculpa mesmo, não foi minha intenção causar isso tudo entre você, sua tia e Vanessa. Eu não sabia de nada, só fui saber depois que a tinha chamado.

- Não tem... Espera! Quem te falou dos meus conflitos com Vanessa?

- Nicolas. - Purpurina maldita! - Por que? Algum problema?

- Não, nenhum. Todos da redondeza já sabem disso mesmo, você saber também não tem problema.

- Como posso me desculpar com você?

- Sabe sambar?

- Como? - Maravilha! Vamos pagar um mico senhor Miller.

- Sambar, quem nem aquelas pessoas estão fazendo.

- Ah, não sei não.

- Então pra se desculpar comigo, deixa eu te ensinar a sambar.

Henry ficou surpreso, pois achou que nunca faria essa proposta a ele, mas acabou aceitando, depois que acabasse de tomar a cerveja, ia comigo até o meio da Roda.

Enquanto aproveito a música que estão tocando, meu tio para tudo e manda colocar Curto Circuito, minha música favorita do Mumuzinho, meu ídolo. Nicolas e Marina como já sabem que é a melhor música pra mim, já se levantam para dançar comigo.

- Vamos Cocada!

- Ni, hoje to de par diferente.

- Tá me trocando é? Por quem?

- Dança com a Mari que eu danço com o Henry.

Nicolas e Marina ficaram com olhos arregalados e só faltou Marina encostar o queixo no chão. Antes que pensasem alguma besteira, resolvi falar.

- É o pedido de desculpas dele por trazer a lambisgoia aqui, aprender a sambar.

Marina saiu pisando forte e Nicolas foi atrás dela. E antes que a música fosse para o refrão, me levantei e puxei Henry até o meio da pista.

Minha tia piscou para mim, com certeza vai querer saber quem é o garoto que está dançando comigo. Meu tio ficou olhando Henry como se a qualquer momento fosse avançar no pescoço do menino.

- Henry, agora você segue meus passos.

- Vou tentar.

Ela me puxou para si, colocou uma mão junto da minha e a outra em minha cintura. Não nego que me arrepiei, mas não vou deixar transparecer. Quando toquei seu ombro, ele ficou tenso, parecia que tinha medo, não sei, mas me deu uma vontade de beijá-lo até me faltar ar.

Começamos a nos movimentar no ritmo do samba, pra quem não sabia, ele tava muito bem, nem pisou no meu pé, quase caiu em cima de mim. Acho que me enganou.

"Meu amor, esse amor que balança você
Faz a cuca girar, faz o corpo tremer
É um curto circuito aqui dentro de mim
Que explode no peito quando eu tô afim
Muito afim
Quem sou eu?"

Nesse momento ele me rodou e quando fiquei a sua frente, estávamos numa proximidade muito perigosa, que a qualquer momento poderíamos nos beijar.

Ele começou a acariciar minha bochecha e a se aproximar. Quando seus lábios encontraram os meus em um selinho, ouvi gritos que eu conheço.

- SOCORRO!

Marina?

Felicidade Não Tem CorOnde histórias criam vida. Descubra agora