Capítulo XXXI

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POV Thaina

Depois do discurso de Marina, nós não tocamos mais no assunto "doença/câncer" para não me fazer chorar e também não a deixar desconfortável. Relembramos vários momentos da infância, sem mencionar nada que lembrasse Max. Apenas tia Suzana e meus tios. Quando ela mencionou o nome de tia Flávia, eu me lembrei do meu banho, falei pra ela e sai correndo atrás de Henry até a recepção, não sem antes ouvir ela gargalhando e gritando me chamando de porca. Quando cheguei, meu tio estava conversando com Henry. Aparentava ser uma conversa amigável, já que os dois estavam rindo. Assim que me viram, meu tio se levantou e abriu os braços, do mesmo modo que fazia quando eu era uma garotinha. Pulei em seus braços como fazia na infância e ele gargalhou.

- Que saudade minha princesa!

- Também estava com saudades titio da corte.

Ele abriu o sorriso mais sincero que tinha e me abraçou novamente, com o mesmo entusiasmo de sempre. Henry continuava sentado observando, com um olhar compreensivo, como se sentisse saudades de sua família. Soltei-me do abraço de urso do meu tio e ele ficou me olhando com uma expressão cuidadosa, como se fosse falar de algo que me deixaria triste.

- Tenho que te dar uma notícia, princesa. Mas antes, Henry me disse que você tem que tomar um banho, já que veio correndo de casa ontem.

Apenas assenti com a cabeça, peguei a bolsa com Henry e lhe dei um selinho. Meu tio fechou a cara e eu fui rindo até o banheiro feminino, rezando para ter pelo menos um chuveiro. Como estava uma tarde ensolarada, estava rezando para a água ser a mais gelada possível. Quando cheguei até lá, tinha apenas um chuveiro e, graças a Deus, estava vazio. Me despi, entrei no box verde e me deixei levar pela água fria.

Pensei em como minha vida deu um giro de 360 graus depois que Henry chegou. Antes, era apenas a garota que engolia desaforo de todos, que cuidava da amiga após uma noite de bebedeira e ouvia os sermões do amigo gay por não ter olhos pra nenhum homem. Agora, eu estou "namorando" um homem totalmente diferente de mim, tenho que cuidar da minha amiga que está com um câncer que pode lhe tirar a vida, me defendo por conta própria e sendo perseguida por um psicopata com a ajuda da sobrinha e da ex-namorada do seu "namorado".

É, nada é fácil nessa vida.

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POV Henry

- Deixa eu ver se eu entendi. Você ta me pedindo permissão e ajuda para pedir minha princesa em namoro?

- Isso mesmo, seu Olavo.

- Mas ela ainda é uma criança! - disse se levantando do banco e andando de um lado para o outro com a mão na cabeça.

Quis falar "não mesmo, o que ela faz na cama não me lembra em nada uma criança", mas como eu tenho amor à minha vida e quero ficar junto de Thaina, apenas fiquei calado esperando ele se acalmar. Mas do jeito que ele estava, seria capaz de ter um infarto e ficar por aqui mesmo no hospital.

- Garoto, você tem certeza do que você quer, certo?

- Certo senhor.

- Se eu ver uma lágrima derramada por ela, e o motivo for você, se prepare pra encontrar Jesus, porque eu irei te matar.

Deu vontade de gargalhar, mas eu engoli a risada e apenas assenti com o rosto bem sério.

- E você faz o que da vida?

- Faço faculdade de Direito, apesar do meu pai querer que eu faça de Medicina.

Felicidade Não Tem CorOnde histórias criam vida. Descubra agora