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Eu estava cansado. Harry tinha adormecido primeiro do que eu. Há 4 horas atrás. Entretanto eu ainda não tinha pregado olho. Eu já tentei simplesmente fechar os olhos, mas depois do que pareceu uma eternidade eu ainda não tinha adormecido.

O quarto estava mais do que escuro e a única coisa que passava pela minha mente é que Harry não falava com os pais desde os 18, quando foi expulso de casa. Como é que uma pessoa recusa o filho por ele amar alguém? Que merda de mentalidade é essa?

De qualquer maneira... Harry deveria saber que ia ser assim. Afinal, ele tinha 18. 18 anos em que conheceu os seus pais. Será que ele se descobriu quando era menor e esperou pelos 18 porque saberia o que aconteceria?

- Harry... - Eu chamei, me virando para ele. Eu quase quis rir com a sua boquinha aberta. - Hey. - Eu disse quando ele abriu os olhos lentamente. Ele estava a tentar perceber que horas eram. - São 4h. - Decidi ajudá-lo.

- O que você faz acordado? - Ele falou, a sua voz rouca mas logo ele a aclarou.

- Não consigo dormir. - Respondi, sincero. - Quando você descobriu que era gay?

- Não dorme por causa disso? - Harry esticou a mão e afastou os cabelos da minha cara. - Já te disse Lou, está tudo bem.

- Eu só... Quero saber.

- Hum... Eu tinha 17, eu acho.

- Você me disse que contou aos seus pais com 18. - Eu relembrei. - Porquê? Porquê esperar um ano?

- Lou. - Ele se aproximou um pouco para mexer no meu cabelo de novo. - Porque está pensando nisso?

- Me conte. - Eu pedi, quase implorando.

- Porque eles sempre me viam com raparigas. Eles não esperavam isso e, Deus, eu vivi com eles 18 anos e sabia que eles não iam aceitar.

Eu sorri. Harry tinha exatamente o mesmo pensamento que eu.

- Mas você contou à mesma. - Voltei a lembrar.

- Eu tinha um namorado. - Harry contou.

- Oh. Maldito Nick?

- Maldito Nick? - Harry ergueu uma sobrancelha, divertido.

- Soa bem. - Eu dei de ombros e Harry sorriu, quase como contente.

- Não, não era Nick. Ele se chamava Jake.

- Jake?! Aquele Jake? - Eu falei um pouco alto. - Aquele Jake? - Eu sussurrei de novo. Harry confirmou com a cabeça.

- Podemos dormir agora?

Eu acenei com a cabeça, me virei de barriga para cima e fechei os olhos. Harry imitou a minha postura e cruzou as mãos em cima da barriga.

- Como você descobriu? - Eu perguntei. - Não abra os olhos. - Eu pedi logo em seguida. Respirei fundo. - Como você descobriu que era gay? - Perguntei de novo.

- Porque eu não posso abrir os olhos? - Ele perguntou.

- Não abra. - Eu repeti.

- Ok... - Ele murmurou. - Eu acho que eu só sabia. Eu andava com raparigas mas eu nunca sentia algo por elas. Depois, um rapaz novo entrou na escola e eu o achei... Hum... Giro?

- Jake não é giro. - Interrompi.

- E ele era gay. - Harry continuou, me ignorando. - E eu pensei que estava sendo influenciado. Mas acabou que eu não estava. - Ele suspirou. - Já posso abrir os olhos?

- Não.

- Porque não?

- Harry, por Deus, dá para ficar de olhos fechados? - Resmunguei mudando a minha posição para o olhar.

- Está olhando para mim?

- Não. - Menti.

- Porque eu tenho que estar de olhos fechados e você não?

- Como você sabe se eu estou ou não?

- Porque eu sei quando você está mentindo. E eu sei que está olhando para mim.

100% hétero (l.s)Onde histórias criam vida. Descubra agora