Meu Destino - Na redenção do amor... - Série Destinos Traçados - Livro 3

Capítulo 3

Chloe

Entro na minha casa e me recosto na porta fechando os olhos, um suspiro profundo sai de dentro mim e me dou conta que estava praticamente prendendo minha respiração. Senti seu olhar sobre mim em todo momento que caminhei, mas não olhei para trás, mesmo querendo. Não quis gravar o rosto do meu suposto anjo da guarda, ele meio que foi isso para mim, um estranho que eu culpei por não ter me deixado morrer. Olho para a casa agora totalmente silenciosa e subo as escadas tentando não fazer barulho, não quero ver a minha mãe, não agora. Consigo entrar no meu quarto e fecho a porta soltando outro suspiro, olho para os ursinhos de pelúcia no canto do quarto e as lágrimas descem. Ando como um robô lembrando dos olhos verdes acinzentados do meu quase anjo.

— O que você pode fazer nesse momento, é sobreviver

Entro no banheiro e me olho no espelho, a cicatriz de dez pontos na minha testa parecem mínima em comparação a cicatriz que sinto na alma. Puxo minha blusa e vejo ainda as sombras dos hematomas que já estão quase sumindo. Tiro a minha calça junto com calcinha e olho para a pequena cicatriz abaixo da minha barriga, passo a mão sobre ela e abro o chuveiro. Entro debaixo da água, querendo que ela lavasse a minha alma e tirasse toda minha dor. Fecho os olhos não segurando a dor que me come em vida. Choro por ter ido a Las Vegas fazendo a mais um dos caprichos do Edu que dizia estar se tratando. Choro por ter feito as vontades da minha mãe. Choro pela impotência, por ter saído naquele beco escuro colocando a minha raiva e impulsividade acima do cuidado por mim. Mordo minha mão para conter o grito de raiva, meu útero está salvo, mas meus filhos não. Meus anjinhos que não tiveram a chance de nascerem e que agora estão em algum lugar no céu e eu tenho que sobreviver e não importa quantas vezes eu chore eu nunca vou poder mudar o passado.

Saio do banho me sentindo anestesiada, como se toda força tivesse ido embora do meu corpo. Coloco uma roupa sentindo cansaço sem ter sono, fome sem ter vontade de comer. Me sento na cama e pegou o celular, começo a olhar as fotos que Elise tirou, sorrio ao ver as poses que fiz com a barriga já avantajada. A porta se abre e pelo barulho dos saltos ecoando no chão sei que é minha mãe. Não olho para ela e sinto o celular sendo puxado da minha mão

— Eu apenas quero saber por que você agiu daquela forma ontem? — Não respondo e olho para o lençol — Eu iria até chamar a polícia, mas o Edu me trouxe a realidade que eu apenas faria papel de idiota por você ser maior de idade. Onde você se meteu com aquele cara? Quem é aquele abusado Chloe?

Continuo olhando para o lençol, tentando olhar de uma forma mais fria o novo patamar em que a minha vida se encontra. Ouço seus passos duros vindo na minha direção e suas mãos no meus ombros começam a me sacudir, não me atingem tanto quanto o tapa que ela me deu.

— Eu não vou aceitar seu mutismo de novo Chloe — Meu corpo se chocalha mais uma vez e sinto suas unhas apertarem mais meu braço — Eu me recuso em acreditar que você está louca como todos estão achando, eu não te criei para ser essa mulher apagada e fraca que esmorece por qualquer problema. Não me faça ter vergonha de você, sei que você perdeu seus filhos, mas agora não adianta ficar assim. Você tem que agradecer do Edu te amar e querer ainda ficar com você — Ela me larga — Ele hoje vai vir aqui, como tem feito todos os dias durante um mês, espero que hoje você coloque sua aliança de noivado e converse com ele. O Edu não merece o seu desprezo, você saiu caminhando por aquele beco por que quis

Vejo sua silhueta ereta sair do meu campo de visão e me foco nas minhas mãos, a porta se fecha. Uma lágrima escorre pelo meu rosto, uma coisa já tão frequente, que já até me acostumei com a ardência e o inchaço constante dos meus olhos.