Duvida

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Que seja doce a duvida a quem a verdade pode fazer mal.

-Michelangelo.

Terça-Feira

Já se passaram algumas horas e posso dizer com toda certeza que não faço idéia do que pensar.

Eu cheguei em casa e como o planejado desabei longe de qualquer pessoa que pudesse me fazer perguntas sobre o motivo pelo qual eu não estava bem, não tem nada pior do que ter que explicar para alguém o motivo de você estar mal quando você nem ao menos tem certeza de qual é o motivo.

Eu não posso acreditar no quão estúpido eu fui em acreditar, nem que tenha sido apenas por um momento, que essa mulher poderia me ceder um emprego tão fácil sem querer nada em troca e ela queria algo que eu jamais poderia dar, a menos que eu fosse como ela, frio e sem sentimentos e pudesse trocar uma pessoa por um emprego, eu seria um monstro se fizesse essa escolha, ainda mais que eu teria que me afastar da pessoa que me indicou o emprego.

Que espécie de mãe sugere a alguém que se afaste de seu filho por um emprego? Eu já tinha ouvido falar de que pessoas que tem muito sucesso geralmente não tem sentimento algum e que trata a todos como objeto mas, nunca poderia acreditar que algo assim existisse e por fim esbarrei em uma sem querer.

Pobre Lucas que acha que a mãe é uma boa pessoa, não acho que ele mereça alguém assim.

Meu celular não para de apitar sinalizando a chegada de mensagens, pela primeira vez não me sinto com vontade de ler as mensagens correndo, pela primeira vez tudo o que eu mais queria era sair de casa e fazer alguma coisa para me distrair, mas não vejo ninguém que possa sair comigo sem que me sinta mal por esconder alguma coisa.

Convencido de que não tenho escolha senão ficar em casa fingindo que não existo, peguei meu celular e comecei a ler as mensagens que chegavam aos montes em dois grupos que eu participo, um grupo da escola e outro do curso, as pessoas com quem eu mais falava antes de me mudar.

Todas as mensagens no grupo da escola tratam de uma festa onde muitos alunos da antiga escola vão, e que para mim é impossível então tratei de ignorar e silenciar o grupo, o outro tinha varias mensagens combinando em qual universidade tentariam entrar, uma pessoa queria entrar na universidade de Cambridge, e a outra pessoa tinha a vontade de ir para Harvard, mas ninguém perguntou qual era meu desejo então preferi não entrar na conversa também, tinha mensagens particulares de duas pessoas que estavam nos grupos mas que quiseram conversar sem platéia.

Uma das pessoas é uma garota que eu conheci na sexta serie porem só comecei a conversar com ela na sétima onde fundamos uma amizade, Vitória Bella, uma garota baixinha quase anã, com cabelo grande da cor castanho claro, conversávamos bastante dentro da sala de aula mas não muito por celular, enfim tínhamos planos de seguir a mesma carreira no futuro embora ainda não saibamos qual, mas o assunto agora São as mensagens.

*Como tá as coisas ai? -Perguntou Vitória.

*Não muito bem. -Eu respondi.

*Porque o que aconteceu? -Perguntou.

*Ah, umas coisas um pouco chatas, fui fazer uma entrevista com a mãe do meu "amigo" da escola e ela disse pra eu me afastar dele em troca do emprego. -Eu escrevi desabafando.

*Que vaca. -Vitória escreveu.

*O menino é super legal, e a mãe é desse jeito, mas e ai como tá as coisas? -Eu perguntei.

*Tá tudo bem, o Fernando me chamou para ir na festa mas não vou. -Escreveu Vitória.

*Ainda bem, esse garoto é um idiota. -Eu escrevi.

A Trilha - Em Busca De Mim.Onde histórias criam vida. Descubra agora