Intempérie

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" (...) Mas, por mais preparados que estejamos, não vemos realmente o desastre chegar. Tentamos imaginar o pior cenário para prever a catástrofe. Mas quando o verdadeiro desastre chega, ele vem do nada. E quando o pior realmente acontece... Nos encontramos completamente perdidos."

-Meredith Grey (Grey's Anatomy).

Meu coração não deve ter mais condição para se manter batendo. No meio de um momento bonito a vida mais uma vez confirmou que esses momentos não são para mim, pelo menos não por muito tempo.

O homem em posse do revólver tem um rosto familiar, mas por mais que eu tente não consigo me lembrar quem é. Ele manteve o sorriso por mais algum tempo até que um carro preto parou próximo a calçada e a porta se abriu.

De dentro do carro uma mulher saiu vestida com uma jaqueta preta, ela usava sobre o rosto uma espécie de véu que não deixava ver seu rosto. No entanto cada vez mais nossa morte se torna obvia, são eles o tal homem e mulher que andam matando pessoas pelas ruas.

-Meu marido vai ficar feliz quando descobrir que, pelo menos, alguém segue as ordens dele. -Ela disse com um tom de voz irritante.

-Vamos matar eles agora... -O homem começou a dizer.

A mulher o interrompeu com uma mão, ela sinalizou para que ele ficasse em silêncio e ele assim o fez. Estranho no mínimo considerando que ele quem está armado, o marido dela deve ser alguém importante.

-Já chamaram muita atenção. -Ela disse. -Temos que levar eles.

Theo está me olhando de um jeito que me diz que ele planeja fazer alguma besteira e isso já é o suficiente para me deixar um pouco mais desesperado considerando que ainda estamos na mira de uma arma.

-Theo. -Eu sussurrei. -Não faça nenhuma besteira.

-Silencio. -A mulher disse se aproximando de nós. -A Jonh como eu queria ser quem vai te matar, logo vou realizar esse desejo.

Como essa mulher me conhece? E essa voz, é tão familiar quanto o rosto do homem, no entanto não consigo lembrar de quem é. Isso só pode ser culpa do álcool, ele deve estar afetando minha memória. E o pior de tudo, por causa do álcool eu nunca conseguiria correr para me salvar se Theo saísse correndo.

-Quem é você? -Perguntei juntando a última gota de coragem que tenho.

-Não conseguiu me reconhecer? -Ela perguntou.

-Eu acabei de vir da igreja, uma pena que meu marido não tenha vindo junto, mas logo você vai vê-lo, pela última vez, logicamente. -Ela continuou.

Ela em seguida se virou para o homem armado e sussurrou alguma coisa, não consegui ouvir o que foi dito, mas logo o homem entregou a arma para mulher e se dirigiu até nós.

-Fica calmo Jonh, vocês logo vão morrer. -Ela disse apontando a arma para mim.

O homem empurrou Theo o pegando de surpresa, com Theo caído no chão, começou a disparar diversos socos seguidos, eu queria ajudar, mas quando me movi para frente senti um negócio gelado encostar na minha cabeça.

-Acho melhor você ficar parado. -Ela disse.

Theo estava tentando se defender mas já estava machucado demais para ter alguma chance de escapar, e o homem parecia saber muito bem o que fazia. Não demorou muito e Theo tinha perdido a consciência. Ver o rosto ensanguentado me fez perder completamente a noção do perigo em que estava.

Me joguei no chão ao lado dele já sentindo lágrimas caírem, ele não pode morrer, não agora, depois de toda minha confusão pessoal, a vida não pode ser tão cruel ao ponto de me tirar alguém desse jeito. Ele não pode estar morto, eles disseram que não matariam aqui.

A Trilha - Em Busca De Mim.Onde histórias criam vida. Descubra agora