A Trilha - Em Busca De Mim.

O fim antes do recomeço.

"Eu sei que tudo isso serão apenas historias algum dia. E nossas fotos se tornarão velhas fotografias. E todos nós nos tornaremos mães ou pais de alguém. Mas agora, exatamente agora, esses momentos não são histórias. Está acontecendo. Eu posso ver. Aquele momento em que você sabe que não é uma história triste. Você está vivo. E você se levanta e vê as luzes nos edifícios e tudo faz você se maravilhar. E você está ouvindo aquela música no carro, junto às pessoas que você mais ama no mundo. E nesse momento, eu juro, nós somos infinitos. "

-Stephen Chbosky. -As vantagens de ser invisível.

Eu vi a luz. Ela é Redonda e brilhante. Deve ser agora que começam os flashbacks da minha vida, todos baseados na quantidade absurda de erros que executei com sucesso desde que me conheço por gente. Ou talvez não seja ainda a hora. A luz é a do teto da ambulância e o caminho que estou é provavelmente o do hospital.

-Rápido, rápido. -Alguém disse claramente desesperado.

Não consigo ver isso como algo reconfortante para alguém que acabou de recobrar a consciência, na verdade, eu não poderia ficar mais desesperado. Pelo menos era o que eu pensava, até que consegui ver a pequena quantidade de sangue que estava saindo em um pedaço de pano que estava sendo pressionado contra o meu peito.

No mesmo momento um pequeno furacão tomou conta do lugar, fazendo tudo girar. Tudo o que eu queria era que parasse de doer, eu queria que tudo isso acabasse, mas a dor insistia em se fazer presente, e com isso meu corpo insistia em se manter acordado. Sofrendo.

-Doutor, ele ta perdendo muito sangue. -Uma voz feminina gritou tentando manter inutilmente alguma calma. -Não vamos conseguir chegar a tempo no hospital.

Isso quer dizer que eu não vou conseguir descobrir se passei no exame da faculdade? Isso não pode acontecer, não depois de tanta ansiedade para essa parte da minha vida, me recuso a deixar que as coisas sigam por esse caminho.

-Ele vai conseguir. -O homem respondeu.

Eu não acreditei nele. Apesar do meu corpo se manter lutando por enquanto, uma hora toda força acaba e então tudo se perde, inclusive a vida.

Pouco tempo depois, tempo esse que pareceu uma eternidade, todos começaram a se movimentar, em poucos segundos eu estava vendo o céu nublado, não havia o menor sinal de estrelas por culpa da grande quantidade de nuvens carregadas. Logo começaram a empurrar a maca, nunca vi tantas mãos sobre mim, algumas mãos empurrando, outras segurando o equipamento que faz o papel de me ajudar a respirar, e um par de mãos fazendo pressão.

-Nós chegamos, vai ficar tudo bem. -A moça disse para mim enquanto me levavam para dentro do hospital. Ela parece ser nova demais para trabalhar aqui, talvez seja esse o motivo do desespero, ela é novata. Tentei sorrir para ela, mas nem o maior esforço seria capaz de tal façanha. Sorrir pareceu impossível.

-Direto para sala de cirurgia. -O médico gritou.

E então a força começou a se esvair, tudo começou a ficar escuro novamente. Comecei a sentir frio, muito frio. Será que é assim que é a morte? Tudo escurece, esfria e então você morre? Acho que vou descobrir. A última coisa que vi, foi a pequena luz brilhante, aquela do teto e então tudo apagou.

-.-

Não me lembro exatamente de quando acordei, quero dizer, acordei algumas vezes, mas estava sedado demais para perceber, sei que desde que acordei pela última vez, estou encarando o que parece ser um quarto de hospital, quarto que inclusive já decorei toda a decoração, não que isso seja muita coisa, o quarto é completamente vazio, exceto por alguns aparelhos e uma cama central com uma pequena poltrona desconfortável ao lado, tudo em tons horrivelmente claros.