Ah... O amor

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"Cada qual sabe amar a seu modo; O modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar."

-Machado de Assis.

O trânsito não quis ajudar hoje, na verdade parece ter acontecido alguma coisa já que a rua estava toda movimentada, com direito a ambulância e polícia circulando, então por esse motivo demorei um pouco para chegar, ainda assim com tempo de sobra.

Minha mãe passou apenas para me perguntar se eu sairia e para avisar que ela sairia, de novo, percebo que minha mãe tem mais vida social que eu, mesmo eu sendo mais novo, ela não era assim, esse cara que ela está saindo está fazendo muito bem para ela. Nem sequer me disse para não chegar tarde, afinal ela mesma vai chegar tarde.

Quanto a fantasia, por sorte escolhi uma simples e pouco chamativa, quer dizer, eu não escolhi de verdade, eu peguei uma fantasia de vampiro, Pelo menos para isso eu tenho sorte, é clichê mas eu gosto.

Depois de um tempo encarando a fantasia percebi que não ia adiantar apenas vestir ela, eu teria que fazer uma maquiagem que me deixasse bem morto, logo fui atrás de um tutorial na internet de como fazer maquiagem para ficar um pouco menos reconhecível e morto.

Tomei um banho bem demorado para relaxar antes de começar a entrar no clima vampiresco, fiz isso cedo pois tenho muita coisa para fazer então é melhor ter tempo de sobra. Não sei como vou fazer isso se já estou com vergonha antes mesmo de colocar a roupa e a maquiagem. Assim que sai do banho fui procurar alguma coisa para comer, mesmo tendo acabado de comer uma pizza estou com fome novamente.

Após abrir a geladeira duas vezes mudei de ideia, eu tenho que ter tempo para fazer essa maquiagem e ter tempo para refazer caso eu estrague tudo nas primeiras dez tentativas. Eu estava subindo as escadas para voltar para o meu quarto quando meu celular tocou.

*Ei, eu não vou poder passar ai, a gente se encontra lá. -Theo disse.

*Por que? -Respondi rapidamente.

*Problemas com a fantasia. -Ele respondeu. -Até daqui a pouco.

Ótimo, agora vou ter que ir sozinho fantasiado de vampiro para um lugar que eu não conheço ninguém. Traduzindo, eu vou passar vergonha sozinho. Continuei meu percurso rumo ao meu quarto para iniciar minha maquiagem.

Assim como o esperado, na primeira tentativa passei tanta coisa no rosto que fiquei parecendo um pacote de farinha, lavei o rosto e recomecei, na segunda vez fiquei apresentável. Optei por jogar o sangue falso só na hora que eu já estivesse indo.

Quando vesti a fantasia, que tinha direito a capa e um colete, me senti o Drácula ao me olhar no espelho, um Drácula bem falso que tem a imagem refletida no espelho. Fiz um truque com unhas postiças para fazer dentes de vampiro, disseram em um vídeo que não cairiam durante a noite e me pareceram mais realistas do que aquelas dentaduras de plástico que só servem para te fazer babar.

Quando olhei no relógio já estava tarde, a festa já tinha começado, terminei de me arrumar, eu tinha esquecido de arrumar o cabelo, assim que o fiz, joguei o sangue falso para completar a maquiagem.

Sai de casa olhando para todos os lados para ter certeza de que ninguém estava me vendo fantasiado, a vergonha de ser visto me faria desistir dessa festa em um piscar de olhos. Na verdade eu nem deveria ir, minhas experiências festivas nessa cidade não foram tão boas.

Depois de quarenta minutos cheguei no fim do mundo onde seria a festa, a rua estava repleta de carros o que me fez estacionar longe do local. E mesmo de longe é possível ouvir o som da festa, pelo visto dessa vez vai ser uma festa decente e não parecida com aquela do garoto que precisou do George para animar.

A Trilha - Em Busca De Mim.Onde histórias criam vida. Descubra agora