Indecente

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"Se queres colo! Que venha... Te darei muito mais do que imagina...
Amar-te-ei com minhas indecências e as minhas loucuras
Que transparece as minhas segundas intenções...
Sinta o meu gosto de fruta excitante
Que logo morderei a tua..."

-Julio Aukay.

Sexta Feira

Brigando na escola, a que ponto o ser humano consegue chegar quando quer ser completamente ridículo. Adolescentes brigam, é o que dizem, mas as coisas não são bem assim, pelo menos não comigo. Nunca briguei na escola, brigar de verdade, quando eu era mais novo eu brincava de luta as vezes, mas nada serio a ponto de tirar sangue do nariz de alguem pelo mero prazer de impor dor ao outro seja pelo motivo que for, é repugnante a idéia de fazer algo similar.

Enfim, já aconteceu e nada mais pode ser feito a não ser rezar para que ninguém fale mais do que deve e acabem chamando os dois na direção para "entender" o que aconteceu no estacionamento, rezar para que "sem querer" não expulsem os dois da escola. Não devia me preocupar com isso.

O caso é que eu tenho mais com o que me preocupar e com isso eu me refiro ao professor atencioso que se ofereceu para me dar ajudas extras na sala da diretora, que é para onde eu estou indo de dedos cruzados para que ele não esteja sozinho.

O corredor que leva a sala está tão vazio quanto no primeiro dia de aula, a única diferença é que dessa vez nem o inspetor careca está parado no meio dele me encarando, tudo o que há é o vazio e o silencio.

É ridículo ficar nervoso para ter ajudas para os exames? Será que estou começando a ficar mesmo paranóico?

Caminhei pelo corredor até o fim onde havia uma única porta aberta.

"Eu fiz tudo errado, eu devia ter recusado mais vezes." Pensei.

Parei ao lado da porta, temendo dar o próximo passo.

Isso é ridículo Eu disse em voz alta.

Dei o próximo passo forçando a minha perna para frente, parando na frente da porta e encarando o homem e uma mulher idosa conversando. Pigarreei para que fosse notado.

-Finalmente. -O professor disse.

-Bom, vou deixar vocês a sós e vou almoçar. -A diretora disse.

-Até logo Marie. -O professor disse para mulher.

-Até Geoffrey. -A diretora disse sem olhar para trás.

Assim que saiu da sala, o professor levantou e sinalizou para que eu entrasse e fechasse a porta. Fiz o que me foi dito e me sentei em uma cadeira com apoio que estava próxima a mesa sem que fosse convidado para sentar.

O professor caminhou até a porta e girou a chave trancando-a.

-Não queremos ser interrompidos. -Disse de um jeito estranho.

Em seguida se sentou sobre a mesa próximo a mim.

-Vi a cena que seus amigos causaram ali fora. -O professor disse.

Então não vamos nem precisar contar com a fofoca correndo para que sejam expulsos, isso sim é uma novidade terrível, a sorte nunca esteve ao nosso favor.

-Viu? -Perguntei preocupado.

Tenho certeza que meu rosto se transformou em uma expressão de choque enquanto eu perguntava pois o professor esboçou um largo sorriso orgulhoso, daqueles de que gritam que o objetivo foi cumprido, consegui causar a preocupação que almejava sobre esse pobre e indefeso aluno.

A Trilha - Em Busca De Mim.Onde histórias criam vida. Descubra agora