Pensamentos

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"Pensamentos valem e vivem pela observação exata ou nova, pela reflexão aguda ou profunda; não menos querem a originalidade, a simplicidade e a graça do dizer."

—Machado de Assis.

Terça-feira.


Demorei horas para dormir depois da noticia dada por Theo, diferente dele que apesar de preocupado apagou assim que deitou na cama novamente, eu fiquei encarando o teto até tarde da noite, a madrugada passou diante dos meus olhos que não conseguiam fechar, não consigo nem imaginar o que deve ter passado pela cabeça das jovens moças quando esse assassino resolveu que as mataria, alias não consigo imaginar o que passa na cabeça de uma pessoa antes de finalizar a vida de alguém.

Fechei os olhos na tentativa de esquecer esses pensamentos, no entanto consegui dormir apenas quando faltava uma hora para acordar.

O café da manha assim como a noite, foi mentamente conturbado. A mãe de Theo também não consegue esconder a preocupação com o filho dela diante de tais acontecimentos recentes, acredito que por ela, ele nem sairia de casa para ir para a escola, pelo menos não correndo tanto risco e eu não a culpo por temer tanto, principalmente por ter o Theo como filho, o garoto não parece temer a situação enquanto eu mesmo estou morrendo de medo.

Agora estou aqui com a cabeça deitada na carteira da sala de aula, pensando no que aconteceria se essa pessoa assassina pusesse as mãos em mim, eu seria apenas mais um caso de um serial killer desconhecido que poucos parecem dispostos a descobrir quem é, enquanto penso sobre isso, o professor está falando fazendo som de fundo para meus pensamentos mas nada tão interessante.

Alguém tem que fazer alguma coisa, alguém tem que proteger a gente desse assassino antes que seja tarde demais e toda a comunidade LGBT seja aniquilada por esse fanático, é tão difícil identificar um assassino ou será que realmente ninguém se importa com o que esta acontecendo? Chega de pensar nisso.

Voltei minha atenção para o homem na frente da sala.

—Como vocês já sabem, os testes para universidade estão batendo em suas portas já. Eu me perguntou se algum de vocês já está minimamente preparado para o que pode decidir seus futuros. —O professor disse tentando aterrorizar aqueles que ainda não tinham nem aberto o livro.

Eu me sinto preparado para os monstruosos testes, acredito que vou me dar bem e conseguir o que quero, isso se eu estiver vivo até lá, com o numero de assassinatos aumentando, isso não é um problema tão distante assim. Não Jonh, não pense em assassinatos.

—Uma dica, de alguém que já fez os testes há muito tempo, não deixem os problemas das suas vidas pessoais interferirem nesse momento, vocês não vão ter outra chance. —Ele continuou falando.

Alguns alunos dessa classe tem como problema a chapinha que quebrou, ou a falta de um vestido para usar no sábado com o namorado, alguns estão desesperados para arrumar um namorado, enquanto eu, quero segurar meu pescoço na cabeça o quanto eu puder, maravilhoso, não vou deixar um problema bobo como esse interferir nesse momento decisivo.

O sinal tocou marcando o fim daquele discurso horrível que tentava nos colocar mais medo,  o professor desistiu diante do barulho que explodiu na sala de aula e resolveu sair silenciosamente admitindo a derrota. Pouco tempo depois, como se já estivesse plantada na porta esperando o sinal, a professora espiã entrou na sala, eu não lembro se hoje a aula é com ela, estou tão perdido que nem as matérias estou lembrando mais.

—Hoje faremos um teste em dupla, o motivo único é o fato dos testes estarem chegando. —Ela disse com a voz irritante dela.

—Como eu disse o teste vai ser em dupla. —Repetiu. —Para alguns. —Completou pousando os olhos sobre mim.

A Trilha - Em Busca De Mim.Onde histórias criam vida. Descubra agora