Era Pra Ser (Completo)

Lual

Eram 9h da noite, quando olhei pela janela da sala e vi o carro estacionado ao meio-fio.
- Tchau, tia.
- Que horas você volta? - perguntou.
- Não sei. Mas não deve ser muito tarde.
- Tá bom. Tchau e se cuida.
- Você também.
Peguei minhas chaves, o celular e sai.

- Oi. - disse me sentando no banco do passageiro e beijando ele.
- Pronta? - perguntou dando partida no carro.
- Sim. - falei enquanto colocava o cinto - Sabe o que eu tava pensando? - perguntei.
- Que?
- A gente podia ir em um bar. Não tô com tanta vontade de ir no cinema. É sexta à noite. Nós somos tão jovens. Vamos ser irresponsáveis.
- Mas eu tô dirigindo. - riu - Eu não posso ser irresponsável enquanto eu estiver dirigindo.
- Então eu vou ser irresponsável e você cuida de mim. Já que não vai beber comigo. - sorri - Solução perfeita.
- Não vou deixar você ficar bêbada.
- Porque? - falei indignada.
- Eu não vou ficar só olhando enquanto você se diverte. - negou com a cabeça.
- Que chato. - fiz bico igual à uma criança.
Ele estacionou o carro e olho pra mim.
- Então a gente pode ir para o shopping. - falei pensando.
- Não. Parado demais.
- Então dá uma idéia, bonitão.
- A gente pode ir pra praia. - falou - E eu ouvi dizer que vai ter um luau. Do pessoal que era da escola.
- Pode ser. Eu nunca fui em um luau. É legal?
- Já fui em alguns. E foi bem legal.
Ele deu partida no carro e foi em direção à praia.

Paramos em uma vaga bem pertinho da praia. Saímos e fomos caminhando pela areia.
- Sabe, quando minha tia me disse que nós iamos nos mudar pra cá, eu quase tive um colapso nervoso. - ele riu.
- Exagerada. - falou brincando.
- É sério. Eu estava em um momento terrível.
Parei de andar e ele me acompanhou, o olhei e continuei.
- Olha, foi bem difícil me acostumar. Mas agora eu não consigo me imaginar longe. - sorri.
Ele deu um sorriso lindo, retribuindo o meu.
- Vem cá. - falou e me abraçou me tirando do chão.
- Sério? - perguntei rindo - O fato de que eu sou pequena não te dá o direito de me tirar do chão a hora que você quiser. - falei fingindo indignação.
- Beleza. Vou te colocar no chão.
- Não. - enrosquei minhas perna na sua cintura - Me deixa aqui.
Ele riu e continuou à me segurar.
- Adivinha. - falei olhando-o.
- Oque?
- Eu não consigo me ver longe de você também.
Ok, mantenha a calma. Acabei de admitir que não consigo ficar longe dele. É um grande passo.
- Você é maravilhosa. - falou calmo e me beijou.

- Vem logo. - falei correndo à frente dele - Já vai começar.
Chegamos no luau e havia algumas pessoas cantando e tocando com violão, o pessoal dançava e bebiam. Paramos e paramos ao lado do pessoal que cantava. Cantamos e dançamos juntos ao pessoal.

Sentamos um pouco afastados das pessoas, coloquei minha cabeça no ombro dele enquanto nós conversávamos.

- Alerta de vadia! - escutei alguém falar enquanto se aproximava.
Levante a cabeça e olhei ao redor.
- Af. - falei olhando a Brianna que vinha em nossa direção bufando.
- O que eu fiz pra merecer? - Chan perguntou.
- Namorou com ela. - falei irônica e revirei os olhos.

- O que você quer? - perguntei cruzando os braços quando ela parou na minha frente.
- O que vocês estão fazendo juntos? - perguntou arqueando a sobrancelha.
Eu forcei um sorriso.
- Você tá falando sério? - perguntei incrédula. Ela me olhou com uma expressão feroz.
- Meu Deus! Você tá falando sério. Supera, Guaxinim.
- Você não tem direito. - falou apontando o dedo pra mim - Ele não é seu.
- Querida, vocês terminaram à meses. Já deu tempo de superar. - falei em um tom dissimulado.
- Nós demos um tempo. - disse - Não se atreva a encostar nele de novo.
- Quer apostar? - disse com a mão na cintura.
Me aproximei e o beijei, bem na frente dela.
- Então? O que vai fazer agora?
E ela me deu um tapa. Me virei pra ela com a mão no rosto e praticamente rosnei:
- Você não deveria ter feito isso. - neguei com a cabeça - Comigo o buraco é mais embaixo.
Avancei nela derrubando-a no chão. Dei vários socos e tapas nela. E logo percebi o quão prazeroso e libertador àquilo era. Vi uma roda se formar ao redor. Eu à prendi entre as minhas pernas, enquanto ela tentava se soltar.
- Me larga! Sai de cima de mim! - gritou.
- Você entrou em uma briga que não pode ganhar.
- Kat, saí de cima dela. - ouvi o Chan falar e tentou me puxar de cima dela, mas eu continuei.
Bati nela como se ela fosse o último saco de pancada da terra. Podia fazer aquilo o dia todo.
- Boa sorte da próxima, guaxinim. - me levantei e saí andando sem olhar pra trás, como se nada tivesse acontecido, deixando ela no chão.

Encostei no carro e fechei os olhos tentando normalizar a minha respiração que estava acelerada.

- Você tá bem? - escutei perguntar e abri meus olhos.
- Eu tô maravilhosa. Viu se a sua amiguinha tá bem? - perguntei ironica.
- Você tá falando sério? - ele cruzou os braços - Ela tava destruida. Não sabia que você podia fazer aquilo.
- Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim.

Me sentei no chão ao lado do carro e ele ficou do meu lado.
- De onde você tirou guaxinim? - perguntou rindo.
- Ela parece com um. Você já viu um guaxinim? - olhei ele - Parece muito, acredite em mim. - nós rimos.
- Eu acredito. Agora que você mostrou, ela realmente parece com um.

- Vamos, brigona. - se levantou e eu o segui.
- Não me chama de brigona. - entrei e coloquei meu cinto.
- Tá bom. - fez sinal de rendição.
Olhei o relógio e vi que eram quase 2h da madrugada.
- O tempo passou rápido.
- Passou. - confirmou olhando o visor do celular.

Saímos do estacionamento e algum tempo depois notei que estávamos parados no sinal vermelho.
- Sabe, eu tava pensando. - falou.
- O que? - me virei pra ele.
- Quer dormir lá em casa?
- Tava pensando? - perguntei.
- Tá. Eu pensei nisso agora.
O sinal abriu e nós avançamos.
- Eu quero. - falei sorrindo.

Nós seguimos o caminho pra casa dele. Paramos em mais um sinal, que logo abriu. O Chan avançou com o carro, eu estava olhando para os lados quando vi os faróis de um caminhão vindo em alta velocidade.
Gritei, mas ele nos atingiu. Rápido e certeiro. O carro provavelmente capotou, eu bati com a cabeça no vidro e apaguei.