Lifeless

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Pov. Jessie

- 11h45. - falei olhando o relógio - Não consigo mais aguentar essa espera.
- Logo alguém aparece, amiga. - Lau disse.
- Espero.

- Vocês podem vê-los agora. - a médica veio até nós.
Nós três levantamos e à seguimos até a ala da UTI.

Entramos no quarto, e ela estava lá, deitada, o braço direito engessado e um grande curativo na altura de seu ombro. Seu rosto estava com uma cor fraca, havia alguns arranhões e seu cabelo estava espalhado pelo travesseiro, apesar disso tinha uma expressão serena.

Me aproximei da cama e beijei sua testa. Sentei ao seu lado e continuei olhando prestando atenção em seu rosto.
- Aqui estamos nós outra vez. Acorda logo. Por favor. - pedi - Nós precisamos de você. Eu preciso de você.

- Vai demorar algum tempo pra ela acordar da anestesia. - a médica falou - Enquanto isso vocês podem ir ver seu outro filho. Ele está aqui perto.

Saí do quarto, mas meu coração estava apertado, sentia como se fosse errado sair de perto dela, mesmo que só por alguns minutos.

Entramos no quarto onde o Chandler estava.
- O que são esses tubos? - o Rick perguntou.
- Eles estão respirando por ele. - a médica falou - Quando a pessoa está em coma, ela não pode respirar sozinha. Nós fizemos alguns testes e ele não teve uma boa resposta. Como eu disse anteriormente é difícil falar como ele vai responder aos tratamentos, as primeiras 24 horas são cruciais pra sabermos como ele vai reagir. - ela acenou pra mim com a cabeça e se virou saindo do quarto.

Me sentei ao lado do Rick, que estava com a cabeça entre as mãos. Olhei o Chandler, ele estava com uma aparência bem pior que a da Kat. Seu rosto não tinha cor e estava com uma atadura na testa, provavelmente o que o deixou pior foi o respirador em sua boca.

Espero que eles acordem logo, o que seria de nós dois sem nossos filhos?

Pov. Kat

Abri meus olhos, mas rapidamente fechei por causa da claridade. Tateei o lugar onde estava deitada, aparentemente era grama. Abri os olhos novamente e me sentei olhando ao redor. Estava em um parque, havia crianças correndo e brincando com seus pais, amigos e afins.
Levantei e fiquei em pé, olhei ao redor. Avistei o Chan, vindo em minha direção.

Chegou e me deu um beijo calmo fazendo com que meu corpo se arrepiasse.
- Oi.
- Oi, pequena. - ele disse - Você decidiu?
- O que? - perguntei confusa.
- O nome dele. - disse apontando o cachorrinho que aparentemente era nosso - A gente tem que decidir logo. Entre Sirius, Max e Bruce, qual seu preferido?
- Sirius. - falei - É mais bonito.
Peguei o Sirius no colo e abracei como se fosse um bebê.
- Agora você tem um nome, bonitinho.
Ele era um filhote, de uma raça chamada Bernese. A coisa mais fofa e gostosa de todas.

- Eu amo você - falei olhando-o nos olhos.
- Eu também te amo, encrenca. - me deu um beijo na testa.
- Agradeço todos os dias por ter você.
Me abraçou, por alguns longos minutos. Me senti a pessoa mais feliz, realizada e protegida do mundo. O abraço dele me faz sentir assim, sempre.

- Vamos andando? - perguntou esticando a mão pra mim.
- Vamos. - falei sorrindo.

Andamos pelo parque, até que chegamos à caixa de areia. Sentamos em um dos bancos e ficamos observando as crianças brincarem.

- Você promete que vai ficar ao meu lado?
- Eu estou com você. - falei.
- Promete?
- Prometo, bobo. Com promessa ou não, eu sempre vou estar com você.
Ele sorriu pra mim e me beijou. Depois voltou sua atenção para as crianças que brincavam.
- Olha a Diana. - falou apontando uma menina pequena com os cabelos castanhos quase loiros, aparentemente uns 3 anos.
- Papai! - falou pulando no colo do Chan.
- Papai? - falei baixinho confusa.
Eles olharam pra mim sorrindo. Notei que ela tinha olhos azuis esverdeados, e tinha muita semelhança com o Chan.
- Oi, mamãe. - falou.
Então eu sou a mãe? Até que faz sentido, eu sempre quis uma filha chamada Diana, como a Mulher Maravilha.
O Chan olhou o relógio e se virou pra mim.
- Já está na hora de ir. - beijou minha testa - Nós amamos você. Dá tchau pra mamãe. - falou com a garotinha em seu colo.
- Tchau, mamãe. Eu amo você. - acenou pra mim.
- Tchau. - falei sorrindo mesmo sem entender o que estava acontecendo.
A imagem desapareceu com eles dois sorrindo pra mim, e tudo ficou escuro novamente.

Abri meus olhos novamente, mas agora eu estou no mundo real. Olhei ao redor, estou no hospital, meu pulso está engessado e meu corpo todo dói, talvez pela batida. Com certeza pela batida. A janela do quarto me mostra que está quase anoitecendo. Quanto tempo se passou desde o acidente?
Encontro minha tia, dormindo ao lado da minha cama.

- Tia. - tento chamar, mas minha voz sai fraca e baixa, quase inaudível.
Balanço ela com a minha mão esquerda, a direita eu nem consigo mexer direito, dói pra caralho.
- Graças aos Deuses. - ela diz ao me ver acordada, fazendo-me sorrir fraco.
Sim, ela gosta de mitologia, especialmente a grega. Meu orgulho.
- Oi. - tento falar, mas a minha voz falha, novamente.
- Como você se sente?
- Bem, considerando as circunstâncias. - falei agora com a minha voz voltando ao normal - Quanto tempo eu fiquei apagada?
- Um dia e meio. Você acordou essa madrugada, depois que passou o efeito da anestesia, mas você tava meio que fora de si, gritou muito. Então eles te deram um sedativo e você dormiu o dia quase inteiro.
- Nossa, eu não me lembro disso, mas com certeza eu estava sonhando com o acidente. Foi terrível. - falei sentindo meus olhos arderem - Mas eu não quero lembrar mais disso. Já passou. Você sabe o que aconteceu? - perguntei - Com o motorista?
- O filho da puta, tava dirigindo bêbado. Saiu com dois arranhões, no maximo. Eu conversei com o Rick, e a gente decidiu que vamos processa-los, o motorista e a companhia da frota de caminhões, por todos os danos causados. - falou com uma raiva - Vocês poderiam ter morrido.

- E o Chandler? Como ele tá? Já acordou?
A expressão dela mudou de raiva para dó, dor e piedade, tudo misturado.
- O que aconteceu? - perguntei já sentindo minha respiração pesar.
- Como você sabe, o caminhão atingiu o lado dele primeiro, ele teve um rompimento no baço, houve uma grande hemorragia, que foi contida. Mas durante a cirurgia, ele teve três paradas cardíacas e o cérebro dele ficou sem oxigênio. Segundo a médica as primeiras 24h eram cruciais pra saber como ele iria reagir. Não houve nenhuma mudança no quadro. A médica disse que ele está em um estagio estágio do coma. - falou com os olhos vermelhos.
- Coma? - falei sentindo as lágrimas correrem livremente pelo meu rosto.

Era Pra Ser (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora