Confronto básico

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Me olhei no espelho, meus olhos estavam inchados e vermelhos. Usava um vestido preto longo, uma jaqueta preta por cima.

O dia lá fora não estava nada bonito, não tinha sol e estranhamente fazia frio. Eu me sentia do mesmo jeito por dentro.

Me virei pra minha tia que apareceu na porta. Também usando um vestido preto e longo.
Cruzei meus braços, e me esforcei pra não chorar novamente. Ela se aproximou de mim e me abraçou.
- Como eu vou fazer isso novamente? - falei, chorando - Eu não vou conseguir.
- Eu não sei. Sinceramente. Mas sei que eu vou estar lá, o tempo todo com você.
- Eu não entendo. - olhei pra ela - Ele estava bem, à dois dias atrás.
- O médico disse que ele teve uma parada respiratória, aconteceu derrepente.
- Eu sei. - eu disse - Eu não sei porque ele me deixou sozinha.
Eu chorava, e tudo oque eu sentia era desespero. Meus joelhos sederam, e eu caí ajoelhada no chão.
- Respira, kat. Você tem que se acalmar.
Eu tentei, eu estou tentando. Meu desespero me consumiu. As palavras não saiam, eu via minha tia falando comigo, mas não adiantava. Eu não aguentei mais, e tudo que consegui fazer foi soltar um grito de desespero.

Acordei gritando e chorando, sentei na cama e coloquei a cabeça entre as mãos.
Senti minha tia sentar na cama e me abraçar. E ela ficou ali até eu me acalmar.
- O que aconteceu? - ela perguntou.
- Eu tive um sonho horrível. Nunca mais tinha tido um sonho desses. O Chan morreu e eu estava desesperada, na versão resumida.

Algum tempo depois ela voltou pra cama, e eu me deitei novamente, sem conseguir dormir. Estava aflita, então resolvi ligar.

- Oi. - falou com voz de sono.
- Oi. Te acordei?
- Não. Na verdade sim, mas tudo quê eu faço ultimamente sem você, é dormir. Então foi um favor que você me fez. Aconteceu alguma coisa?
- Eu tive um pesadelo, e senti que seu eu não falasse com você, não ia conseguir me acalmar.
- Oque foi? - disse preocupado.
- Você tinha morrido. - falei com voz de choro.
- Eu to aqui. Eu não vou morrer.
- Eu sei. É que, o sonho foi tão real e inesperado. Droga, eu não quero chorar de novo.
- Se acalma. Eu não vou à lugar nenhum.
- Eu tinha que falar com você pra ter certeza que não foi real, você tá vivo, e que não me deixou sozinha. Eu sei, estou soando como uma pessoa dramática e desesperada, mas é verdade. E ouvir sua voz me acalma.
- Pode ter certeza, eu vou não vou parar de tirar a paciência tão cedo. - eu ri fraco - E sempre que você precisar, não pense duas vezes, pode me ligar. Afinal namorados servem pra isso, não é mesmo?
- Com certeza. Eu vou te ver amanhã. - Pode vir. Eu já tô com saudade.
- Eu também. - sorri - Agora eu vou dormir, porque o sono me pegou.
- Queria que fosse eu fazendo isso. - falou em um tom mais baixo.
- Oque você disse seu safado? - perguntei rindo.
- Nada. A gente se vê amanhã. Amo você. Boa noite.
- Tchau, be. Boa noite. - desliguei o celular, e finalmente consegui dormir. Agora sem pesadelos.

Pov. Chandler

Ela desligou a chamada. Fiquei preucupado, não vejo a hora de ir embora e poder ficar com ela.

Acordei no outro dia, com uma enfermeira me examinando.
- Oi, Anna. - disse ao perceber quem era.
- Como você está se sentindo? Alguma dor?
- Não, nada de anormal. Só estou cansado de ficar aqui.
- Então eu tenho uma boa notícia pra você. Amanhã você recebe alta.
- Ótimo. Quero ir logo pra casa, e ver a encrenca.
- Encrenca? - perguntou rindo.
- A kat. É porque ela é muito esquentada. Ela te contou o quê ela fez com a minha ex?
- Bateu nela. - riu - A Guaxinim?
- Ela contou isso também?
- Sim. Ela é toda doidinha. Saudades dela, ela deixou meus turnos mais divertidos.
- Ela costuma fazer isso. Chegar e animar a vida das pessoas.

Era horário de visitas, quando vi a porta abrir, e a garota loira entrar.
- Oi, Chan. - Brianna disse parando em frente à minha cama - Como você se sente?
- Bem. - falei, estranhando o tom calmo dela.
- Eu tentei vir te ver antes. Mas só a família era permitida. Então só tive chance de vir hoje.
Ficamos em silêncio, e eu notei o rosto dela. Havia alguns arranhões, no rosto e no pescoço, e apesar da maquiagem seu olho ainda tinha um tom roxo.
- Fiquei muito assustada quando soube do acidente, ainda mais quando soube que você estava em coma.
A porta se abriu novamente, e a Kat entrou, parou quando viu a Brianna e me olhou depois, no melhor estilo "te mato mais tarde" e deu um sorriso forçado.
- Oi, querida. - falou passando por trás da Brianna - Oi, be. - me deu um beijo.
- Be? - perguntou.
- É assim que eu chamo meu namorado. Algum problema?
- Você não entendeu oque eu falei? - disse arqueando a sobrancelha.
- Quando? Antes ou depois da surra que eu te dei? - kat disse em um tom provocador.
- Não fique perto dele. - disse e deu um passo pra frente.
- Abaixa a bola, garota. - kat falou se aproximando também - Todo mundo sabe que você só fala e não faz.
- Eu nunca tive motivo, mas agora eu tenho. E você, vai fazer oque com essa mão engessada?
- Olha, eu já te bati uma vez, e pelo que eu vejo, ainda tá marcado aí. Bom trabalho o meu, não? - olhou pra mim e eu dei de ombros sem saber oque dizer - E eu não tenho problema nenhum em quebrar meu gesso, desde que seja em sua linda cabecinha. - sorriu.
- Você me faz rir. Não quero usar minha voz com coisas insignificantes, então eu já vou indo. Tchau Chan. - ela olhou pra kat - Você não perde por esperar, lindinha.
- Talvez na próxima vez que nós nos vermos seja no nosso casamento. Eu vou te mandar um convite. - kat falou e eu à olhei - Vou aproveitar e lhe dar os tapas que faltam.
Brianna à olhou da porta.
- Isso se até lá vocês ainda estiverem juntos. Mas a gente vê. Beijão, lindinha. - saiu batendo a porta.

- Dá pra acreditar na petulância da garota? - kat se virou pra mim.
Eu ainda estava estupefato com o que a Kat havia dito. Então tudo que saiu da minha boca foi:
- Casamento?
Acho que eu estava com uma cara engraçada porque ela começou à rir.
- Por quê o espanto? - perguntou, sentado ao meu lado na cama - Eu só falei aquilo porque ela disse que não era pra eu estar com você. O que pode irritar mais uma pessoa que não quer que outra namore?
- Não sei. - falei.
- Um casamento. - falou simples - Por que você está com essa cara?
- Você quer casar? Não agora. - completei - No futuro.
- Eu quero. - sorriu - E você?
- Eu nunca havia pensado em casamento. - vi o sorriso dela diminuir - Mas se for com você, eu topo.
Ela deu um sorriso lindo, e passou a perna no para o outro lado da cama, sentando em cima das minhas pernas. - Onde você fez curso?
- Como assim? - perguntei segurando ela pela cintura.
- Onde você fez o preparatório de como conquistar uma mulher.
- Experiência adquirida ao longo dos anos e de muitas conquistas. Nada demais.
- Haha, bonitinho. - riu irônica - Eu poderia brigar com você pelo comentário inoportuno. Mas eu não sou dessas.
- Não é. - confirmei.
- E como eu tô morrendo de saudade de você e da sua boca, não vou perder tempo.
Dito isso, ela me puxou e me beijou com vontade.

Era Pra Ser (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora