Ataque de pânico

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Aterrorizada. Talvez essa seja a palavra que mais me define nesse momento.
Senti como se um peso enorme tivesse sido colocado em cima do meu peito.
Comecei a hiperventilar e meu coração começou a bater rápido.
- Kat? - minha tia me perguntou, quando notou minha agonia - Você tá bem?
Acenei que não com a cabeça, colocando a mão no peito e agora chorando mais do desesperadamente. - E se ele não acordar? Ou morrer? - perguntei ofegando - O que eu vou fazer?
- Ele não vai. - segurou meus ombros - Você deve tá tendo um ataque de pânico. Tenta respirar fundo e se acalmar.
Ela tentou me fazer parar de chorar, mas não estava dando certo. Até que uma enfermeira apareceu na porta.
- Eu acho que ela tá tendo um ataque de pânico. - minha tia falou.

Ela se aproximou de mim e começou a conversar comigo.
- Oi Katelyn - me deu um sorriso - Eu sou a Anna. Eu preciso que você se concentre na minha voz. Ok? - perguntou.
- Ok. - falei com dificuldade.
- Ataques de pânico, são comuns quando uma pessoa tem um aumento na ansiedade, ou de medo. - se afastou e foi pegar algo na gaveta de uma mesinha ao lado da cama, enquanto ainda me olhava - Então quando você começa a hiperventilar igual você está fazendo agora, você tem que pensar em coisas calmas, como o mar por exemplo. Você acha o mar tranquilizante? - perguntou pra mim, e voltou para o meu lado com uma seringa na mão.
- Sim.
- Respira fundo, e se encosta na cama. - falou me ajudando a me encostar - Você continua respirando e soltando o ar, enquanto eu aplico esse calmamente. - mostrou o vidrinho - Tudo bem pra você? - acenei que sim com a cabeça.
Ela aplicou o remédio na minha veia, pelo soro que eu estava tomando e continuou a falar comigo.
- Você vai se sentir bem mais relaxada agora. - sorriu pra mim - E quando você acordar sua respiração vai estar calma e seu coração não vai mais bater acelerado igual agora.
Realmente estava funcionando, minha respiração estava voltando ao ritmo normal e estava conseguindo parar de chorar aos poucos.
Eu olhei ela, que ainda falava, mas mau entendi suas últimas palavras. O remédio já estava fazendo efeito, meus olhos ficaram pesados e então eu apaguei novamente.

- Oi. - minha tia disse, quando eu abri meus olhos e a vi sentada ao lado da cama - Como você se sente?
- Psicologicamente abalada e fisicamente acabada, dentre outros. - disse me levantando e colocando a mão no rosto - Parece que um caminhão passou por cima de mim. - fiz uma pausa - Ah é. Passou um caminhão por cima de mim. Literalmente. - completei dando um riso fraco.
- Você é doida, kat. - falou rindo.

Algumas horas passaram. Eram 14h30, quando uma enfermeira veio me examinar.
- Lembra de mim? - perguntou a moça morena de olhos verdes, iguais aos meus.
- Anna. - falei empolgada - Bom te ver. - Igualmente, Katelyn. Pena que não deu pra nós conversarmos ontem.
- Foi mal. Eu tava muito ocupada tendo um ataque de pânico. - falei brincando e ela riu - Mas nós podemos conversar agora. - completei.

Ela me examinou, enquanto nós conversávamos.
- E a sua mão? O que você fez? - perguntou mostrando os nós dos meus dedos que estavam quase cicatrizados.
- Eu dei uma surra em um guaxinim. - dei de ombros.
- Um guaxinim? - perguntou arqueando a sobrancelha.
- É. A ex do meu... - parei de falar e me espantei ao perceber que esqueci o motivo do meu último ataque de pânico.
- Seu?
- Cadê ele? - perguntei, pulando da cama.
- Você tem que ser mais específica. - falou, enquanto se aproximava de mim - E tem que voltar pra cama.
- Não. Cadê o Chandler? - ela fez uma cara tipo "Quem?" - O garoto que estava no acidente comigo. - falei, tentando não ter outro ataque - Ele tá acordado? Cadê ele?
- Ele não acordou ainda. - disse em um tom cuidadoso - Os ferimentos estão melhores, mas ele não acordou ainda.
- Cadê ele? - senti meus olhos arderem - Me deixe vê-lo. - pedi.
- Eu não posso te levar. Você não deveria estar nem fora da cama.
Eu deixei algumas lágrimas caírem.
- Não me obrigue a fazer isso. - falou em tom de súplica.
- Por favor. Eu preciso vê-lo. - falei sentindo o desespero tomar conta do meu corpo.
- Tá bom. - falou bufando. E eu consegui sorrir entre as lágrimas - Mas, com uma condição.
- Desde que você me leve. - falei.

- Isso é ridículo. - falei, enquanto ela me empurrava na cadeira de rodas - Eu posso muito bem andar igual à uma pessoa normal. Machuquei meu pulso, não minha perna.
- Essa é a minha condição, ou é isso, ou você volta pra cama. O que você acha melhor?
- Tá bom. Eu paro de reclamar.

- É aqui. - falou apontando a porta de vidro.
Levantei da cadeira e a escutei falar:
- O que eu disse sobre andar? - fez uma pausa - Ah. Dane-se. Como se você obedecesse uma única palavra do que eu digo.
Entrei no quarto e me aproximei da cama. Quase não contive as lágrimas. Sua aparência não era nada boa, seu rosto estava pálido e tinha um respirador em sua boca.

Dei um beijo na testa dele e me sentei na cadeira que estava ao lado da maca.
- Eu sinto tanto que isso tenha acontecido com você. - falei debruçada na maca, enquanto desenhava linhas em seu braço com a minha mão boa - Não tenho palavras pra descrever o que eu sinto nesse momento. Minha vontade é trocar de lugar com você, pra que você possa viver, mesmo que sem minha companhia, porque eu te amo esse tanto. - falei sorrindo entre as minhas lágrimas e fiz uma nota mental, para eu não esquecer de falar isso com ele acordado - Eu não pensaria duas vezes. - olhei seu rosto - Então eu acho bom você acordar logo, pra que eu possa te falar isso com todas as letras. Eu amo você.
Fiquei alguns segundos calada, tentando me acalmar.
- Olha eu já perdi muita gente, eu não estou disposta à perder você também.
Minhas lágrimas escorriam pelas minhas bochechas.

- Quando eu estive apagada, eu tive esse sonho, com um universo paralelo. Nós dois estávamos juntos, tínhamos uma filha linda chamada Diana e um cachorro chamado Sirius. - lembrei e dei um riso fraco.
- Odeio atrapalhar, mas nós temos que ir. - ouvi Anna dizer.
- Já vou. - falei - Acorda logo. - pedi - Por favor. Não me deixa só. - levantei da cadeira - Eu tenho que ir agora, mas eu volto. - beijei sua testa novamente - Eu amo você. - falei baixinho no ouvido dele.

Me virei e andei em direção a Anna, finalmente deixando minhas lágrimas saírem livres pelo meu rosto. Notei que ela também chorou, pois seus olhos estavam vermelhos.
Parei em sua frente e ela estendeu seus braços em minha direção, oferecendo o abraço que eu tanto precisava naquele momento.
- Eu sinto muito. - falou me segurando forte.
Permaneci ali por algum tempo, até que consegui controlar meu choro e nós voltamos para o meu quarto, onde eu me deitei pelo resto do dia.

...

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Ps: Coloquei a música, porque escutei ela enquanto escrevia. Não tem nada aver, mas achei bonitinho. Me julguem.

Era Pra Ser (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora