A foto à cima é uma referência à Jessie.
Finalmente chegou, o dia em que eu recebo alta, e eu estou muito feliz.
Pode não parecer muito, mas isso quer dizer que eu estou viva. E saí praticamente ilesa de um acidente terrível.- Minha tia me deu um celular novo. - mostrei o Iphone - Você ainda tem o seu, sorte sua ter esquecido em casa aquele dia.
- Verdade. É nessa hora que eu agradeço pela minha memória falha.
- Eu tenho que ir agora. - falei me aproximando - Me mantenha atualizada. Não querendo ser a namorada chata, nem nada. Mas eu não vou poder vir pra cá sempre. Eu não posso dirigir, - mostrei a mão - minha tia com certeza não vai deixar eu vir só. Então só poderei vir quando alguém me trazer. E eu vou ficar solitária em casa. - fiz bico.
- Tudo bem, encrenca. - me puxou pra um abraço - Eu vou ficar conversando com você. Até porque eu só vou olhar pras paredes e assistir Discovery. Vai ser um saco ficar aqui sem você. Não vejo a hora de ir embora, também.
- Logo você vai, amor.
- O que você disse?
- O quê? "Logo você vai"?
- Não. A outra coisa.
- Amor? - perguntei arqueando a sobrancelha - É isso o que você é, não?
- Eu só queria escutar mais uma vez.
- Você vai me ouvir repetir essa palavra, várias vezes ao longo do tempo.
- Eu sei. - falou sorrindo.
- Então trate de se acostumar. - brinquei.
Ele me beijou, um beijo que transmitiu toda a vontade que sentíamos um do outro.
- Tchau. - dei um selinho.
- A gente se fala. - ele me deu outro.
Senti o celular vibrar em cima da cama, e vi que era minha tia.
- Agora eu realmente tenho que ir. - disse e dei um último selinho nele.
- Tchau. - ele disse.Acenei e saí correndo ao encontro da minha tia que esperava impaciente no saguão do hospital.
- Podemos? - perguntei.
- Faz mais de dez minutos que estou te esperando, dona enrolada.
- Só vamos, tia. Você pode brigar comigo depois.
- Eu não estou brigando. - Falou com a voz esganiçada - Você me fez esperar. Eu não gosto de esperar.
- Você tá rabugenta, hein.
- São esses hormônios! - falou bufando - Eles são muito pra mim. Quando eu estou triste, eu fico muito triste. Quando eu estou com raiva, eu viro um demônio. Eu estou muito emotiva, e isso é chato pra caralho. - falou se abanando e eu vi seus olhos vermelhos - Eu choro à todo momento, e quando eu digo isso, eu to falando toda hora mesmo. Ontem eu comecei à chorar durante uma conferência no trabalho. Sorte que o sócio era um amor, e ajudou a me acalmar.
- É assim mesmo, tia. Eu ainda não passei por essa experiência, mas lembro do que minha mãe falava, de quando estava grávida de mim. E essa fase vai passar.
- Assim espero, kat. Assim espero.
- Podemos ir agora. - mostrei a saida.
- Agora podemos. - ela sorriu, e ainda com o rosto vermelho.- Como eu senti falta dessa casa. - disse, me jogando no sofá.
- Quem diria. Eu lembro de quando a gente se mudou, você não falou direito comigo por uma semana. E o pouco que falou foi "Odeio essa casa. Preferia estar morta." - me imitou, rindo.
- Pois é. - virei pra ela - Eu cheguei aqui uma adolescente carrancuda, sem "esperanças". - falei fazendo aspas - Eu ainda tava deprimida, pelos meus pais, pelo Ronald e o que ele fez. Agora eu tô feliz de novo, você vai ter um filho, e eu tenho um namorado maravilhoso, que eu posso dizer com toda certeza que amo.
- Você finalmente percebeu? - ela falou entusiasmada.
- Sim. Como assim, finalmente percebi?
- Eu sei desde aquele dia da festa de formatura. - falou dando de ombros.
- Mas nem eu sabia. Como assim?
- Eu vou te dar uma explicação rapida, porém desde o início. Ok?
- Ok. Comece. - cruzei os braços, e escutei atenta.
- Quando você conheceu ele, você ganhou o brilho.
- Brilho?
- Sim. Quando você encontra uma pessoa que te "adiciona ou te completa", o brilho vem junto. - disse fazendo aspas - Me deixa terminar.
- Tá bom.
- Naquele dia que vocês foram pra praia da primeira vez, você já estava gostando dele, mesmo sem perceber. Você se tornou uma pessoa mais feliz. E na festa de formatura, quando vocês brigaram, você chorou mais do que quando foi traída. A semana que vocês estavam brigados, você era uma pessoa triste. Quando voltaram à se falar, voltou a ser a menina apaixonada.
- Uow. Você prestou atenção mesmo.
- É, eu gosto de observar. - disse sorrindo pra mim.
- E eu vou tomar cuidado com você agora.Subi pro quarto e tomei um banho.
Me senti muito mais leve, passei à tarde inteira com preguiça de tudo, por isso fiquei na minha cama.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Era Pra Ser (Completo)
ספרות חובביםLivro 1 da trilogia "Era pra Ser". Katelyn Nacon, de 17 anos, perdeu os pais, e com eles a sua vontade de viver. Desde então foi como se ela tivesse perdido o ar e vivesse no automático. Então ela o conheceu, e foi como se ela pudesse respirar nova...