Thanks, mom

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Pov. Kat

- Mãe! - grito quando abro a porta de casa - Pai? - eu chamo novamente.
Vejo a minha mãe saindo da cozinha, usando uma calça jeans, uma camisa listrada e um tênis, como ela costumava usar quando não estava no hotel. Eu me aproximo.
- Katelyn Nacon! Desça logo. - ela grita quando chega na ponta da escada.
- Mãe. - eu vou ao seu lado - eu estou aqui.
- Você sabe que não vai escapar desse jantar. - ela continua, como se eu não tivesse falado nada.
- Eu estou indo, mãe. - escuto a minha voz e olho para a escada onde minha versão de doze anos estava parada. - Não quero, porém estou indo. - meu outro eu desce a escada - Viu? Tô aqui.
- Ok, vamos. Seu pai tá esperando lá fora.
Nós... elas saem da sala e eu grito da porta, sem resposta.
Entro no outro lado do carro, me sento e olho todos, tento chama-los, mas é como se eu nem existisse, na verdade, eu devo não existir nesse mundo alternativo.
Eu volto a prestar atenção quando percebo a piada do meu pai. Chegou a hora, o acidente vai acontecer. Eu fecho os olhos, não consigo assistir uma segunda vez.
Quando os abro estou do lado de fora. Consigo ver o carro em minha frente, ele saiu da pista e capotou até quando parou de ponta cabeça ao lado do acostamento.
Eu corro até a janela do meu pai, bato nela e grito em plenos pulmões, chamo seu nome. "Pai! Por favor! Acorda!". Sem sucesso. Eu corro até o lado de minha mãe, também desacordada, grito, esperneio, amaldiçoou, falo palavrões como nunca havia dito antes, mas como todos sabemos nada acontece.
Vou até o banco de trás onde está meu corpo desacordado. Bato na janela, uma, duas, três vezes, mais alto e mais forte.
- Acorda, sua idiota! - grito - Acorda!
Eu bato na janela novamente, e ela acorda de uma vez. Olha para a janela onde eu estou e depois se dá conta de onde está, ela olha ao redor, e começa a chorar, desesperada, tenta soltar o cinto, mas não consegue e continua presa enquanto a imagem desaparece, dando lugar a escuridão.

Pov. Chan

Olha a hora no visor do celular 14:43pm. Olho pelo quarto, kat está virado para o outro lado e sua cabeça está em cima de meu braço. Vejo pelo vidro da janela a chuva do lado de fora, decido ficar na cama, passo meu outro braço ao redor de kat e fecho meus olhos novamente.
Acordei duas horas depois, kat ainda estava dormindo, tinha o rosto enterrado no travesseiro.
- Kat? - eu a balanço com uma mão.
Eu escuto ela fazer um barulho esquisito, mas não consigo distinguir o que ela diz.
- Você não vai levantar? - pergunto.
- Me deixa aqui. - ela vira a cabeça para meu lado, mas o cabelo não me deixa ver seu rosto - Por que você está me impossibilitando de ficar aqui no conforto?
Eu solto uma risada anasalada.
- Porque se eu tenho que levantar e viver, você também tem.
Eu me viro e dou um beijo em seu ombro que está extremamente quente.
- Você não tá com calor? - pergunto.
- Estou com frio na verdade. - fala abrindo os olhos e me olhando pela primeira vez. - Eu vou ficar aqui, não tô me sentindo muito bem.
- Você quer alguma coisa lá de baixo? Eu vou lá, mas eu já voltou. D
- Não, eu estou bem. - ela se vira novamente.

Encontro Jess no sofá da sala com Geanna e um garoto que aparenta ter a minha idade.
- Oi. - eu falo meio desconfortável quando eles me vêem.
- Oi. - responderam em um coro.
- Chandler, esse é meu filho, Peter. - Geanna fala e ele acena.
- Cadê a kat? - Jessie se vira pra mim.
- Ela ainda está deitada. - falo - Disse que não estava se sentindo bem.
- O que ela tem? - Geanna pergunta.
- Não sei, mas eu acho que ela não está muito bem.
- Eu posso dar uma olhada nela se vocês quiserem. - Geanna trocou um olhar com Jessie.

Pov. Kat

Eu estava quente, mas também estava morrendo de frio e tremendo embaixo de duas cobertas enormes, as seguro contra meu peito e fecho os olhos novamente,  quando escuto uma voz que alerta e me faz encolher o estomago.
- Oi Katelyn. Esta acordada? - é a voz de minha mãe, mas sei que não é ela, ela se foi, e eu estou aqui, sozinha. 

Era Pra Ser (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora