Sexto Inferno

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A Pisadeira continuava sobre o peito de Daniel, apesar das tentativas dele se levantar, ele não tinha força suficiente para erguer o corpo.

Seus pulmões já estava como balões furados, quando a Pisadeira irrompeu em gritos, uma massa escura a havia atacado e agora os sons agudos que saíam da garganta da criatura inundavam a casa, Pandora rompeu o corpo da Pisadeira até ela se desfazer no ar. A gata havia atacado o monstro em forma de lince, então em poucos segundos Pandora destruiu aquela ameaça noturna.

Lori e Liz chegaram assustada, logo depois de Pandora voltar a sua forma natural. As duas estavam pálidas de horror e conseguiram ver os restos da Pisadeira que ainda se desmanchava no ar.

- Daniel, minha nossa, o que...- Lori não conseguia completar uma sentença.

- Era uma Pisadeira?- perguntou Liz.

- Sim, era uma. Quase me matou sufocado. - respondeu Daniel.

- Mas como? - perguntou Lori - Elas não conseguem entrar aqui, a barreira ainda está de pé?

- A escuridão está batendo na nossa porta, mas os vermes conseguem passar pela fresta. - respondeu Daniel ciente da realidade.

Ainda que a barreira não tivesse caído, já havia frestas para que criaturas como as Pisadeiras passassem.

- Como foi? - perguntou Liz curiosa.

- Que falta de tato Elizabeth! - Lori chamou à atenção da irmã mais nova.

- Só estou curiosa, eu escutei e li sobre elas várias vezes na academia da Ordem, apenas queria saber - Liz falou em tom de desculpas.

- É horrível e sufocante - resumiu Daniel.

- Pandora lhe salvou, foi isso que aconteceu? - perguntou Liz.

- Sim, ela é uma ótima protetora.

Pandora olhou com desprezo para Daniel, como se a função de proteger aquele mero mortal fosse um martírio mais vergonhoso e constrangedor do mundo.

- Enfim, devo me aprontar Tiana pode chegar bem cedo.- concluí Daniel.

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Tiana mal havia conseguido dormir tudo em que pensava era nessa jornada que deveria começar, como fazer uma viagem vendada, sem destino e sem visão? Não adiantaria de nada saber a solução, sem saber onde buscá-la.

Por isso, Tiana só havia descansado o necessário e já havia começado sua pesquisa. Onde procurar essa caixa, onde?
Devia haver um lugar por onde começar. Por fim, depois de tanta pesquisa e nenhuma resposta resolveu apelar para um feitiço, exigia um pouco mais de habilidade que uma pesquisa é óbvio, mas era bem mais concreto.

A ruiva começou o ritual, realizar aqueles passos o mesmo procedimento que já virá sua mãe fazer tantas vezes lhe rendeu uma garganta presa e apertada, respirou fundo e buscou forças, deixaria isso e várias outras questões para depois, ainda era preciso salvar sua Ordem.

Começou a execução do feitiço com perfeição, cada ingrediente e movimento tinha sido realizados com exatidão. A poeira de carvalho deveria agora se movimentar e escrever ou de alguma forma mostrar qual seria o primeiro destino a seguir, Tiana estava no máximo de sua concentração, olhava fixamente para a madeira cerrada.

Quando finalmente foi formada uma palavra Tiana ficou tão estupefata que levou a mão até a boca para poupar o ambiente de um grito, na mesa o pó de carvalho escrevia claramente:

Sexto Inferno.

Tiana fechou os olhos e pressionou a pálpebras, na sua esperança de quando os abrisse novamente fosse outro destino que estivesse escrito ali, mas tudo foi em vão, quando abriu os olhos as mesmas palavras ainda estavam lá.

Aquele lugar, justo naquele lugar! Era muito óbvio, almas em caixas são dadas a demônios e demônios viviam em infernos.

Mas o Sexto Inferno era o mais avassalador e terrível, todos os que entravam nele nunca saíam, ficavam presos em tormenta eterna. Seria mesmo aquele o destino a seguir, Tiana se negava a acreditar que teriam que passar por aquelas atribulações cujo futuro lhe destinava.

Depois das lamentações excessivas percebeu que a negação não levaria em nada, nunca levava problemas, devem ser resolvidos, essencialmente aquele. Levantou da cadeira e foi procurar suas coisas, precisariam de mantimentos e artefatos, com as malas prontas fez o teletransporte. Em segundos havia passado por toda a Ordem e estava na frente da casa de seu companheiro de viagem.

Daniel estava esperando na varanda, quando avistou garota ruiva aparecer no ar. Tiana trazia uma sacola nas costas, e um feição de que havia dormido pouco, parecia bem mais velha.

- Está pronto Daniel?- perguntou ela se aproximando.

O rapaz apenas assentiu e levou sua mochila nas costas, ambos seguiram caminhada para o vale próximo a casa de Daniel. Quando estavam se afastando da casa, Liz gritou em despedida e Pandora começou a seguir o casal, a caixa de Susanna repousava na sacola de Daniel.

- Aonde iremos? - perguntou o rapaz percebendo que apenas estava seguindo Tiana.

- Ao Sexto Inferno. - respondeu a moça sem olhar para ele.

-O que?- perguntou novamente, torcendo para que tivesse ouvido errado.

- Você escutou Daniel, só não quer acreditar! - Tiana o respondeu olhando penetrante - Pode desistir se quiser. - completou torcendo para que a resposta dele fosse contrária a isso.

- Não, eu me comprometi com você. E não será a primeira vez que eu enfrento um demônio. - disse ele.

Pandora lhe lançou um olhar de desprezo o lembrando quem realmente havia enfrentado um demônio. Tiana agarrou seu braço em silêncio, e Daniel soube que iriam se teletransportar para o fim do mundo.

Em um piscar de olhos eles estavam lá, Tiana estava cansada, chegar ali havia exigido muito poder. O lugar era como um deserto, mas um deserto com areias que pegavam fogo e tempestade constante, o ar era abafado e a tensão era cortante; e aquela era só a entrada.


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Sobre o voto e o comentário, faz vaii eu nunca pedi nada a vocês, não sejam tão fantasmas, me ajudem com a minha carência plz...

PS: A história está no clímax, então o final está próximo!

Ordem de SalemOnde histórias criam vida. Descubra agora