Capítulo 21

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Just Friends CAP 21
POV Harry
Acordo com o meu telemóvel a vibrar. Esfrego os olhos e espreguiço-me. São apenas 9 da manhã, quem é que me está a mandar uma mensagem a esta hora?

Desbloqueio o telemóvel é leio "Best Friend ❤" no ecrã. Espero que a Catherine não comece a discutir comigo logo de manhã.

*"Se queres resolver as cenas vem ter comigo ao parque ao pé da minha casa. Espero-te daqui a 45 minutos no banco lá do fundo. Caso não venhas podes ter a certeza que não vou perdoar tão cedo. Preciso mesmo de falar contigo. Até já. "*

Bosta! Ela sabe que odeio levantar-me cedo aos fins-de-semana e está a apeoceitar-se do facto de estarmos chateados...

Pego numas jeans pretas, numa t-shirt branca, num casaco de cabedal e nas minhas botas pretas e vou até à casa-de-banho. Tomo um duche rápido e gelado para despertar e visto-me num instante.

Lavo os dentes e dou um jeito no meu cabelo com as mãos. Olho para o relógio e verifico que tenho cerca de 20 minutos até ter que sair de casa.

Desço as escadas de duas em duas e vou até à cozinha, bebendo um iogurte líquido gelado.

A Gemma chegou a casa já de madrugada, por isso aposto que vai ficar ferrada a dormir até à hora de almoço. Tenho que deixar o pequeno-almoço preparado para a minha mãe, ela ainda não se pode esforçar muito.

Faço umas torradas e preparo-lhe café com leite. Levo tudo num tabuleiro até ao seu quarto e deixo-lhe na mesa-de-cabeceira. Deixo-lhe também um pequeno bilhete:

*"Mãe, fui ter com a Kate. Não sei se venho almoçar, mas quando souber mando mensagem. Se precisares de alguma coisa liga. Até logo, amo-te."*

Agarro nas chaves e no meu telemóvel, saindo de casa.

(...)

Entro pelas traseiras do parque, saltando a vedação - é mais perto por aqui para chegar ao dito banco.

Quando me aproximo percebo que em vez da Kate está lá sentado um homem de costas para mim. Está todo vestido de preto e com um gorro da mesma cor.

Toco-lhe levemente no ombro e ele vira-se para mim. O seu nariz fino, os lábios bem delineados e a pele pálida parecem-se com... Não! Não pode ser!

Ele tira os óculos de sol e encaro os seus olhos verdes, iguaizinhos aos meus.

O que ele faz aqui onze anos depois?

- Pai? - digo, engolindo em seco.

Ele levanta-se, encarando-me.

- Olá, filho. - ele sorri-me levemente e sinto todo o meu corpo congelar.

A Kate sabe disto? Bem, isso é o mais certo... Mas há quanto tempo? Porque é que ele voltou? E será que foi mesmo ele que provocou o acidente à minha mãe?

- Não me chames isso. Pai que é pai não abandona durante onze anos. - a minha voz sai fria e sem qualquer tipo de sentimento.

- Harry, por favor, eu só te peço que oiças a minha versão da história. Vamos sentar-nos? - ele aponta para o banco e eu hesito, mas lá por me sentar.

Coloca as minhas mãos suadas e trémulas nas minhas coxas e tento não demonstrar o quão estou nervoso, Mas é quase impossível! Ele senta-se ao meu lado e começa a falar.

O seu lado da história deixa-me um pouco chocado. Tudo bem que ele era um bêbedo que batia na minha mãe a torto e a direito, mas não era um mau pai e lá bem no fundo eu sei que ele seria incapaz de tocar com um dedo em mim ou na Gemma. Não sei se hei-de acreditar no que ele me está a dizer... Ele pode estar a mentir para me virar contra a minha mãe... Mas a verdade é que até faz sentido.

Dias depois de o meu pai sair de casa a minha mãe andava muito ocupada e saía de casa muito arranjada, agora percebo que provavelmente era para ir a tribunal. E sempre que eu a Gem lhe fazíamos perguntas sobre o paradeiro do nosso pai, ela ficava muito atrapalhada e dizia sempre que não sabia porque ele nos tinha abandonado. Mas isso nunca fez muito sentido na minha cabeça. Sempre me custou a acreditar que o nosso pai nos tivesse deixado.

Por isso realmente a versão dele faz sentido. Pelos vistos a minha mãe mentiu-nos toda a vida. Fez-noa acreditar que tínhamos sido abandonados pelo nosso pai quando na verdade ele tinha uma ordem do tribunal que o proibia aproximar-se de nós antes de sermos maiores de idade.

Bom, mas isso também não justifica que ele tenhas provocado o acidente à minha mãe! Ela podia ter morrido!

- Então? Não dizes nada? - ele pergunta, procurando o meu olhar.

- Eu... Eu não sei bem em que acreditar, nem no que pensar. Estou confuso e preciso de pensar nisto tudo muito bem... - desta vez a minha voz sai tremida, devido ao esforço que estou a fazer para não chorar.

- Tudo bem. Eu percebo. Mas acredita que eu estou a ser sincero, Até porque se eu te quisesse mentir não confessava que tinha provocado o acidente. Eu vou dar-te espaço para pensares muito bem nisto tudo, mas leva o meu cartão. Está aí o meu número para quando quiseres falar... Ah, e agradeço que dá próxima vez tragas a Gemma contigo. - ele estende-me um pequeno cartão e dá-me um leve sorriso.

- Ok. Eu faço isso. Até à próxima. - levanto-me e corro o mais longe possível dali para fora.

Depois de dez minutos a correr sem destino encontro um beco. Encosto-me à parede e deixo-me escorregar até ao chão. Encosto a cara às minhas pernas e deixo todas as lágrimas que estavam guardadas saírem. Os meus soluços saem altos, tão altos como no dia em que o meu pai saiu de casa. A diferença é que nessa altura era uma criança de sete anos e agora sou um "quase adulto" de dezoito.

Sinto-me como se me tivessem tirado o chão debaixo dos pés. O meu mundo acabou de ficar virado de cabeça para baixo: a Kate está chateada comigo, a Kate já sabia disto e engendrou isto com o meu pai, a minha mãe mentiu-me toda a minha vida e o meu pai tentou matá-la!

Foda-se... O que é que eu faço à minha vida?

Just Friends ∆ H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora