Capítulo 39

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Acabo de engolir a minha torrada e preparo a minha mala para ir ao hospital. Hoje não sei se vou às aulas... Ainda nem dez da manhã são e eu já estou pronta para ir para o hospital, no entanto não sei se me despacho a tempo de ir às aulas todas.

A minha vontade é não ir a nenhuma, mas não me parece a opção mais adequada.

Passei a noite em claro. Não preguei olho. Estava demasiado ansiosa e até em pânico para conseguir dormir.

A campainha soa e apresso-me a sair e a entrar no carro do Louis.

(...)

Estávamos sentados na sala de espera, enquanto aguardávamos que a Anne e a Gemma saíssem da visita.

Os meus dedos entrelaçavam-se uns nos outros nervosamente e os meus joelhos não paravam de bater um contra o outro.

  - Acalma-te, Kate. Não vai ser bom se vires o Harry nesse estado.

Suspiro longamente e tapo a minha cara com as mãos, fechando os olhos com força.

  - Que inferno, porra! Ele tem que acordar e rápido, Louis, senão eu vou dar em louca!

  - Se ele acordasse agora, voltavas para ele?

Paraliso com a sua pergunta. Eu na verdade não sei... Mas acho que se neste momento o Harry acordasse eu...

  - O quarto de Harry Styles está livre! - uma enfermeira sorridente informa-nos, interrompendo o meu pensamento.

Caminhamos em silêncio em direção ao quarto que nos indicaram e Louis abre a porta, entrando. Respiro fundo e fecho os olhos. Preciso de manter a calma. Finalmente, entro também.

O quarto é todo branco. Paredes brancas, armários brancos, mobília branca e cama brancas. Na mesma, encontra-se o rapaz de cabelos encaracolados. Caracóis esses que estão presos por uma fita que eu desconheço (devem ter sido os médicos a pô-la) . O seu rosto está pálido e as suas lindas íris verdes estão tapadas pelas suas pálpebras.

Lou já se encontra sentado ao seu lado, enquanto fala com ele e lhe acaricia a mão, mas eu não me consigo mexer. Estou paralisada, encostada à parede. Ele está tão estranho... Está tão... sem vida?!

Ocorre-me o pensamento de haver a possibilidade de ele não ficar bem e estremeço. Eu preciso tanto que ele fique bom. Eu tenho tanta coisa para lhe dizer... Só me arrependo de só agora me aperceber disto.

Ele precisa de saber de tudo.

Ele precisa de saber do quanto eu ainda gosto dele, de como nunca o esqueci e de como daria tudo para o ter para mim. Nós nunca estivemos numa relação oficialmente, mas eu sinto que pelo menos no início do verão ele foi meu. Só meu. E eu dava tudo para que isso voltasse a acontecer.

Eu dava tudo para o voltar a abraçar, a beijar, a tocar, a ter. Eu voltava atrás no tempo e se calhar nunca tinha desistido de nós, se calhar eu tinha confiado nele.

Quando dou por mim o meu rosto está encharcado em lágrimas que não param de rolar. Odeio ser tão sensível a ele.

  - Queres que te deixe um pouco sozinha com ele? - a voz de Louis soa pela pequena divisão.

Limpo as lágrimas e levanto a cabeça, encarando-o.

  - Sim, por favor.

Ele acena e sai do quarto. Agora sou eu e ele. Os dois. Sozinhos neste quarto de hospital.

Aproximo-me lentamente da cama e sento-me na ponta da mesma. Por momentos acho que ele se vai sentar e abraçar-me, enquanto me diz que tudo isto não passou de um pesadelo. Mas tal não acontece e ele mantém-se imóvel.

Estico a minha mão trémula até ao seu braço e toco-lhe, a medo. Estremeço com a temperatura da sua pele. Ele está completamente gelado! Ele costuma estar tão quente...

A minha mão sobe até ao seu peito onde dezenas de fios estão e termina nos seus lábios. Aqueles lábios que estão sempre tão rosados e quentes estavam agora pálidos e gelados. Uma lágrima escorre até aos lençóis brancos, manchando-os.

  - Harry... - murmuro. - eu sei que o mais provável é que não me estejas a ouvir, mas eu vou falar na mesma. Eu tenho tanta coisa para te dizer e tu nem sabes... Eu podia estar com o Dean, eu podia até sentir-me bem com ele, mas eu não era apaixonada por ele como sou por ti. Por mais pessoas que entrem na minha vida ninguém vai ser como tu. Nunca. Nunca ninguém me vai fazer sentir como tu, porque tu foste o meu primeiro e único amor. Disso tu podes ter a certeza. E eu só preciso que tu acordes para eu te poder abraçar, beijar, foda-se Harry eu preciso de ti aqui. Eu vou lutar por nós, eu prometo. Eu só preciso que tu acordes e me digas olhos nos olhos que posso confiar em ti. É só disso que eu preciso.

O barulho irritante das máquinas é apenas mais uma prova de que ele não está mesmo bem, e isso desinquieta-me.

  - Eu vou ter que ir, Harry... Mas eu volto amanhã. Eu prometo.

Beijo a sua testa gelada e saio do pequeno quarto. Ao dirigir-me para a entrada para encontrar o Louis, deparo-me com a figura loira que eu menos queria ver.

  - Então... Já acabaste o teu papel de Madalena Arrependida? - a sua voz esganiçada entra pelos meus ouvidos de forma irritante.

  - Mete-te na tua vida, Bea! Até porque se há aqui alguém que anda a representar um papel és tu! - ataco, encarando-a.

  - Eu? Não fui eu que deixei o Harry à primeira oportunidade...

  - Deixa de ser cínica! Sabes bem que nós só acabámos por causa daquelas mensagens que lhe mandaste!

Ela engole em seco e torce o nariz.

  - Já perdi demasiado tempo com esta conversa... Agora tenho que ir visitar o meu namorado, ele precisa de mim.

Ela prepara-se para avançar, mas eu agarro-a pelo braço e volto a encará-la.

  - Ele até pode ser teu namorado, mas ele não te ama nem nunca vai amar!

Ela sorri falsamente e faz uma expressão provocadora.

  - Ui, querida... Se tu soubesses as coisas que ele me diz à noite, debaixo dos lençóis...

Num impulso que não consigo controlar, levanto a mão para acertar bem no meio da sua cara, mas sou parada por dois braços fortes.

  - Não desças ao nível dela...

Louis.

O mesmo obriga-me a virar as costas e ir até ao seu carro, no estacionamento.

  - Tens que ter calma, Kate.

  - Porra eu sei... Mas eu odeio-a tanto!

Lágrimas de raiva escorrem pelo meu rosto e apresso-me a abraçar Louis, para que mais ninguém consiga ver o meu momento de fraqueza.

  - Tem calma, miúda... Quando o Harry acordar eu tenho a certeza que ele vai saber escolher bem.

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