Capítulo 43

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A Kate já tinha ido embora há algum tempo e agora encontrava-me no meu telemóvel, a atualizar-me nas redes sociais. No Instangram  até que não haviam assim tantas novidades para uma ausência de duas semanas, mas no Twitter iria demorar alguns dias a conseguir ler todos os tweets que todas as pessoas que sigo puseram durante este tempo.

Estava também o ocupado em responder a todas as mensagens, telefonemas e e-mails que estava a receber.

Batem à porta e calculo que seja a minha mãe ou a minha irmã a trazer-me o jantar.

  - Entre! - autorizo.

Ao contrário do que eu esperava, é o Desmond que entra no quarto.

Arregalo os olhos e não consigo evitar sorrir. Mesmo sendo constrangedor vir a casa da minha mãe, falar com ela e olha-la, ele fê-lo por mim. E ninguém tem noção do quanto isso significa para mim.

  - Então, como está o meu campeão?

  - Muito bem, para quem esteve em coma por duas semanas.

Ele aproxima-se de mim e dá-me um beijo nos caracóis despenteados. De seguida, senta-se na cama, perto de mim.

  - Tens-te sentido bem, desde que vieste para casa? - ele pergunta.

  - Sim. Ainda um pouco atordoado, mas é bom estar de volta. Sinto-me feliz.

  - Bom, então já que estás assim tão bem, acho que está na altura de termos uma conversa de homem para homem. Pode ser?

Aceno com a cabeça, mentalizando-me para o que aí vem.

  - Harry, por experiência própria eu sei que só se ingere uma quantidade de álcool tão elevada quanto a que tu ingeriste quando se quer esquecer tudo. Desaparecer mesmo. E eu agora só gostava de saber porque é que sentiste isso naquela noite.

Suspiro e fixo o olhar na colcha da cama, enquanto as poucas imagens que guardo daquela noite passam como um filme na minha cabeça.

  - Eu fui a um jantar do grupo, só que a Kate estava lá com o rapaz que ela tinha na altura e vê-la com ele estava a fazer-me mesmo bué confusão.

  - Hum, entendi. Então e como estão as coisas entre vocês agora?

Encolho os ombros, mas acabo por responder:

  - Estão um pouco confusas. Pelo que percebi ela e o outro acabaram e ela diz que quer que as cenas entre nós dêem certo. Até disse que estava disposta a confiar em mim.

  - E tu, Harry? O que queres?

  - Eu quero ficar com ela, Des. Sempre quis.

  Ele parece feliz com a minha resposta, mas de repente o seu sorriso desaparecer, como se se tivesse lembrado de algo.

  - Mas tu não estavas com outra rapariga? Uma loira assim meio maluca...

  - Ah sim, a Bea! - reviro os olhos ao lembrar-me dela, mas ao mesmo tempo engulo em seco, pois não gosto de ser desonesto com ninguém. - Esse é outro assunto que tenho que resolver... Eu não gosto dela, nem nunca vou gostar! Mas também me custa por um lado... Por muito psicopata que ela seja, eu sei que ela gosta de mim.

  - Bom, parece que tu sabes bem aquilo que sentes e fico feliz por isso. Se queres um conselho, segue o teu coração. Apenas isso. Não podemos agradar a todos e o mais importante é mesmo sermos fiéis a nós mesmos!

  - Ya... Eu sei. Estou a trabalhar para isso.

  - Já vi que sim. A tua mãe ou a Gemma devem estar quase a vir trazer-te o jantar, por isso não quero tomar mais do teu tempo. Amanhã volto, ou no mínimo ligo-te.

  - Está bom. E obrigado pelos conselhos. Soube-me bem desabafar contigo. - confesso, olhando-o nos olhos.

Ele assente com a cabeça e levanta-se, caminhando até à porta. Olha uma última vez para trás antes de sair.

Volto a agarrar no meu telemóvel e envio a mensagem que pretendo:

*Para: Bea
Precisamos de falar. Amanhã passa cá em casa assim que puderes. *

Espero até a mensagem enviar e quando isso acontece suspiro de alívio. Está na altura de pôr tudo em pratos limpos!

*No dia seguinte *

Estava deitado no sofá a ver um filme, quando a campainha toca. A minha mãe dirige-se à porta e uma figura loira entra pela minha casa.

  - Deixa, mãe. Ela veio falar comigo.

A minha mãe volta a desaparecer para a cozinha e eu levanto-me do sofá.

  - É melhor irmos para o meu quarto. - informo.

A Bea acena com a cabeça e segue-me.

Acho estranho ela estar tão calada. Se estivesse no seu estado normal já estaria agarrada a mim e a beijar-me.

Quando entramos no meu quarto, sento-me na minha cama e ela faz o mesmo, mas na ponta oposta. Ok, definitivamente ela não está nada bem.

  - Bea, eu chamei-te aqui porque agora que recuperei quero viver a vida ao máximo, mas para isso preciso de pôr tudo preto no branco. E uma das pessoas com quem tenho que o fazer é contigo, por isso...

  - Olha, Harry. - ela interrompe-me, sem me olhar nos olhos. - Eu sei o que vais dizer... Que não é de mim que gostas, que é da Kate e que ela é que te faz verdadeiramente feliz e tudo isso. Mas não precisas de estar com grandes rodeios porque eu própria já estive a pensar sobre isso. Tu sabes que eu gosto mesmo de ti, se calhar até demais, mas mesmo depois de tudo o que eu fiz para conseguir ter algo contigo, não consegui que nutrisses nenhum tipo de sentimento por mim. Eu sei que errei muito nos últimos tempos, mas a verdade é que a única coisa que eu queria e sempre quis és tu. Quando finalmente estava a conseguir ter algo contigo tu entras em coma alcoólico porque não aguentaste ver a Kate com outro rapaz. Na altura, fiquei furiosa contigo, mas depois de acordares percebi que a vida não só te estava a dar uma segunda oportunidade a ti, como vos estava a dar uma segunda oportunidade a vocês. Portanto, eu já fiz as minhas malas, já comprei o bilhete e amanhã vou ter com os meus pais a Oxford. Pelo menos estou um pouco mais longe de ti e assim todos ficamos melhor. Tu podes finalmente ser feliz com a Kate e eu posso tentar esquecer-te de uma vez por todas.

Estou completamente boquiaberto com o seu discurso.

  - Estás mesmo a falar a sério? - questiono, sem conseguir acreditar.

  - Sim, Harry. Eu mudei nestas duas semanas, e eu só quero o melhor para ti.

  - Bom, eu nem sei ao certo o que te dizer... Apenas desejar-te boa sorte para a tua vida e pedir-te desculpa por te ter usado.

Ela dá um sorriso triste e não consigo sequer acreditar que esta é  a mesma Bea de antes.

  - Não tens que pedir desculpa. Eu é que tenho de o fazer, por todos os esquemas que a arranjei.

  - O que lá vai, lá vai. - sorrio-lhe e ela aproxima-se de mim, abraçando-me.

  - Bom, eu vou andando. Adeus, Harry.

Ela começa a encaminhar-se para a porta.

  - Adeus, Bea. Até um dia.

Ela sorri uma última vez e depois acaba por sair.

Encosto-me para trás e belisco-me, para ter a certeza que não estou a sonhar. Ainda nem acredito que isto acabou de acontecer.

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