Acho que todo o mundo para comigo, é como se o tempo não passasse e tudo acontecesse em câmera lenta,
Parece que todos sentiram esse baque, juro que até os passarinhos que cantavam alegremente já não fazem um simples barulho sequer, o céu escurece escondendo o sol em meio ao anúncio de uma tempestade, e é exatamente isso que acontece aqui dentro.Uma tempestade, uma tempestade devastadora...
Sinto minhas pernas fraquejarem e me apoio na porta, as lágrimas pedem para cair mas não permito, a dor é sufocante e minhas mãos trêmulas denunciam algo que eu não eu não queria aceitar, Eu o amo... mas o que me surpreende é que eu realmente o amo e só agora diante da minha reação a essa cena consigo enxergar que o amo mais do que suspeitava, mais do que queria... Droga!
Não consigo evitar um soluço que me escapa denunciando minha presença.Eles se assustam e Daniel sai de cima de Coody, se levantando rapidamente e me olhando assustado, vejo em seu olhar algo como "não é nada do que você está pensando..." mas não permito que ele fale algo.
- desculpa atrapalhar, eu estava procurando o Liam... com licença. - falo o mais firme que consigo e Daniel da um passo em minha direção, mas saio rapidamente da biblioteca. Não quero ouvir nada! Quero apenas ficar sozinha!
-Natacha... - já esrou no corredor quando escuto a voz dele, mas não paro, ao contrário, ando ainda mais rápido. Saio da casa e reparo que os funcionários estão levando as coisas para dentro, ignoro todos e continuo andando... As lágrimas atrapalham minha visão mas ainda assim consigo ver Megan logo a frente com as meninas.
- ai... Naty - diz ela assim que a alcanço, mas não paro. - já encontrei o liam... espera onde você vai?
- no meu carro! deixei meu celular lá, preciso pegar! - repondo qualquer coisa para não ter que me explicar tampando os olhos com a mão e Continuo a andar.
- o que? Mas? Vai chover Naty, onde Vo.... - pela voz de Megan ela está confusa mas continuo andando pois sei que vou desmoronar. Ouço Daniel falando algo para ela que não consigo entender. As pessoas passam por mim me olhando curiosas e tento esconder minha face com a mão.
- Natacha por favor para! - sua voz é firme e angustiada o que me irrita, sigo rápido sem nem notar para onde estou indo, só quero me afastar dele.
- ME ESQUECE! - grito já aos prantos.
-Naty me deixa explicar! - diz ele.
- você não me deve explicações, não temos nada, nem amizade!
-Naty para...
- NÃO ME CHAMA ASSIM! PRA VOCÊ É MONTENEGRO!
ele está calado agora, mas ainda ouço seus passos vindo persistentemente atrás de mim. Bufo. As primeiras gotas da tempestade que chegou derrepente começam a cair e em segundos a chuva já é forte como um temporal. Começo a correr a procura de um abrigo mas as lágrimas atrapalham ainda mais e acabo tropeçando
Choro compulsivamente e coloco as mãos no rosto tentando evitar os sons horríveis que estou fazendo, Daniel me alcança e coloca as mãos em minha cintura para me ajudar a levantar, mas sinto tanto nojo das mãos dele em mim e o empurro grosseiramente.
- NÃO TOCA EM MIM! - grito e tento me levantar sozinha, as lágrimas simplesmente não ajudam... droga.
- você precisa sair dessa chuva Naty... - ele tenta me tocar novamente mas me afasto, sua face está um misto de tristeza e desespero, sinto ainda mais raiva por ele ser tão bom ator.
-Não preciso da sua ajuda. - respondo com os dentes trincados e empinando o nariz.
- você vai adoecer!
-E VOCÊ NÃO SE PREOCUPA! -grito. - E eu. Não. Preciso. Da. Sua. Ajuda! - digo pausadamente o empurrando com a mão a cada palavra. Dou as costas e volto a andar, mas não dou um passo direito e sinto seus braços envolvendo minha cintura, me puxando para si.
- O QUE VOCÊ TA FAZENDO?! - grito. - me solta! - começo a me debater para o afastar de mim mas o que consigo é que ele me coloque sobre os ombros e comece a andar. - me solta agora! Que raiva me deixa em paz!!! Tire suas mãos nojentas de mim!
-Para de ser teimosa! Vou te tirar dessa chuva! - diz e continuo socando suas costas, mas parece não fazer nem cócegas. Fecho olhos para fazer com que as lágrimas parem e não vejo quando chegamos em um tipo de casa, cabana... sei lá.
- onde estamos? Por que estamos aqui? - pergunto e ele me coloca no chão me puxando pelo braço em direção a porta, mas paro puxando meu braço de volta. - eu não vou a lugar algum com você! - ele passa os dedos no cabelo molhado pela chuva vendo que não irei colaborar. - Onde estamos?!?!
- aqui é um alojamento... tem três desses envolta da casa, são para os funcionários! E como a mansão já estava toda ocupada e eu faço uma cobertura 24horas do casamento Megan me deixou com esse... pronto?! - não respondo e ele volta a me puxar para dentro, ainda tento resistir. - Natacha entra! Você precisa tirar essa roupa molhada... Por favor...
Tento ignorar como meu coração bate acelerado e decido aceitar só por que estou muito longe da casa e com muito, muito frio.
- não toca em mim! -aviso entrando na casa.
- Eu jamais faria isso! - diz - eu nunca te faria mal...
- você já fez... - cuspo as palavras em sua cara e sua face se contorce em desconforto.
Ele fecha a porta atrás de nós e vai em direção a uma porta de correr de madeira, que está aberta e vejo uma grande cama de casal branca. O alojamento é todo de madeira e não é muito grande, são apenas dois cômodos, um onde estou e o quarto. logo quando se entra tem dois sofás e uma TV no que me parece uma sala com uma cozinha americana simples, tem uma geladeira pequena um fogão Cooktop e um micro-ondas.
-vem aqui. - diz Daniel me chamando atenção. Ele está na porta do quarto segurando algumas roupas na mão. Fico desconfiada mas vou em sua direção. - tem um banheiro ali. - diz e aponta para uma porta ao lado da cama. - tome um banho quente e vista isso. - ele me entrega as roupas e uma toalha, olho para as peças e sinto seu olhar sobre mim. - não aconteceu nada entre mim e Coody.
Sua voz rouca e sua respiração quente perto do meu rosto me causa arrepios, mas me afasto para não ouvir suas mentiras. Me viro para ir ao banheiro mas novamente ele me impede segurando delicadamente meu braço. Sinto calor onde seus dedos me tocam, é como uma chama que só dá sinal de vida quando ele está comigo, quando ele me toca...
- eu estou com frio... - digo tão baixo e fraco que mal consigo acreditar em mim mesma. Seus dedos sobem para minha bochecha e antes que ele me faça o olhar nos olhos saio de seu alcance indo para o banheiro e fechando a porta rapidamente.
Começo a chorar novamente. Não entendo porque mesmo depois de tudo o que vi, o simples fato dele me olhar, respirar, falar, ainda mexe desesperadamente comigo... Não sei explicar, mas todo o meu ser chama por ele...
.. Droga!
O que tá acontecendo comigo?!