CAPÍTULO 11

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Juliana..

Consegui me desprender dele após dar um chute com toda minha força. Pego minhas roupas e saio correndo pelo apartamento, ouço ele dizer que vai me pegar e meu desespero mais ainda.

Pego o molho de chave que estava em cima da mesa, coloco na porta e antes de sair vou colocando minha roupa o mais rápido que posso e consigo sair do apartamento. Tranco a porta do lado de fora e deixo a chave no chão.

Saio desnorteada pela rua, corro o máximo que eu posso para o café, preciso de um táxi e lá seria o melhor lugar para encontrar um.

Não consigo sentir outra coisa a não ser nojo por ele ser tão escroto.

Acalmo um pouco o passo e assim ouço a voz do Marcelo gritando meu nome.

Sem entender como eu ele saiu, apenas saio correndo novamente encontrando forças para continuar.

– O que eu fiz pra ele meu deus? – Só sabia pensar nisso.

Escuto um barulho de pneu queimando. Alguém deve ter parado perto dele e não se isso é bom ou ruim, pois pode ser algum amigo dele o ajudando a vir atrás de mim.

Um carro se aproxima de mim, sem mais forças para correr, minhas pernas fraquejam, caio no chão. Posso sentir minhas pernas queimando, provavelmente ralei.

Um homem desce do carro e vai ao meu encontro se abaixando e ficando ao meu lado.

– Juliana, sou eu.. – Ele disse em um sussurro.


Felipe..

Queria ter uma semana de folga, caralho, que canseira, mais ainda era terça- feira.

Tive três audiências hoje, uma mais cansativa que a outra e ainda tive que ficar o resto da tarde e da noite no escritório resolvendo problema em cima de problema.

Já se passou das 23h e agora que eu estou indo embora, penso em passar no café, estou com fome, não tinha comido muita coisa durante o dia.

Entro no meu carro e sigo para o caminho do café, passei por ele e percebi que o mesmo estava fechado. Segui caminho a rua esta vazia, mais posso ver quando uma mulher que não era estranha corria aos prantos na rua, desesperada.

Vejo um homem correndo atrás dela em tom de ameaça, jurando mata-la.

Ligo para Otávio

– Senhor algum problema? – Otávio diz calmo.

– Otávio viu esses dois que passaram correndo? Vai atrás desse cara e detém-o que eu vou atrás da menina – Otávio questionou

– Quem são eles Sr?

– Vai logo porra! – Mandei Otávio ir aos berros

Se fosse quem eu tava pensando eu certamente iria matar aquele cara, se fosse o namorado dela não iria correr dele aquele jeito.

Olhei pelo retrovisor e vi quando o Otávio já estava abordando o otário e deitando ele no chão, fiz a volta com o carro e fui na direção da mulher que ainda corria.

Fui aproximando o carro dela com o vidro abaixado, tentei falar mas não deu muito certo, MERDA me dei conta que era Juliana e meu sangue gelou, a vi caindo no chão e chorando desesperada, o que aquele filho da puta tinha feito pra ela.

Parei o carro mais rápido que eu pude, no meio da rua mesmo e foda-se, desci do carro e fui correndo na sua direção eu a ouvia chorando e gritando ao mesmo tempo, parecia estar com dor, machucada e estava toda encolhida, me abaixei rápido próximo a ela

– Juliana, sou eu, Felipe! 

Na hora meu coração amoleceu cara, o que uma mulher dessa fazia nesse estado? A mulher que passei semanas pensando? Porra que merda é essa!?

Quando ela me olhou percebi que seu semblante mudou, mais ainda estava assustada, eu sorri, por saber que ela lembrava de mim, pois o medo parecia que tinha ido embora, somente o nervosismo havia ficado ali.

Segurei em seus braços a levantando do chão e a colocando em meu colo, ela me olhava de uma forma diferente, parecia que não acreditava que eu estava ali.

Senti a hora que ela apoiou a cabeça no meu peito e chorou mais ainda. Encostei minha cabeça na sua e fui em direção ao meu carro, a coloquei no banco do passageiro. Dei a volta no carro e quando entrei ela estava encolhida no banco e chorava, feito criança soluçando.

Pego meu celular e liguei para Otávio

– Sr.

– Rendeu o otário? – Pergunto com raiva

– Sim Sr. Ele diz ser o marido da Juliana, a moça que estava correndo! – A olhei erguendo a sobrancelha

– Como? ela é casada com ele? – Falei olhando pra ela esperando resposta.

Senti que ela ficou mais desesperada ainda ela tentou abrir a porta do carro e sair, mas eu já havia travado, ouvi quando ela falou entre os soluços

– Nã..naaão.. , ele é meu vizinho, ele nunca foi meu marido.. Não.. não.. – ela chorou mais desesperada ainda.

A segurei pelo braço a fazendo ficar parada.

– Otávio, leva ele pro delegado Pereira e você sabe o que deve fazer..

– De acordo Sr.

Desliguei o telefone e ela estava ali ao meu lado, frágil, nem parecia a mulher que tinha entrado em meu escritório a algumas semanas atrás.

Fiz carinho em seu rosto e a olhei no fundo dos olhos

– Preciso saber o que aconteceu Juliana, vamos a delegacia – Ela respirou fundo

– Eu não quero ir a delegacia, ele é meu vizinho, ele pode me matar ainda – ela abaixou a cabeça e chorou mais, eu segurei seu rosto

– Ju.. Juliana, você tem que entender que ele pode ser preso, me conta o que ele fez – Ela respirou fundo e começou a me contar tudo.

A raiva subia mais a cada palavra, quando ela disse que ele abriu a porta do banheiro e queria ela a força, porra eu queria matar ele com as próprias mãos!

– Vamos fazer assim, aonde você mora? – Pergunto

– Moro no condomínio Laguna, é algumas quadras daqui – Ela diz mais calma

Condomínio Laguna? Minha prima morou lá, eu lembro que sempre vinha visitar ela, quase todos os dias porque era perto do escritório

– Eu sei aonde é, tenho uma prima que já morou nele, vamos até lá e ver se eu não consigo abrir aquela porta pra você se trocar – Ela me olhou diferente

– Como é o nome da sua prima? – Ela perguntou com um ar de preocupação.

– Ana Reis Dennardi Delmonte, acredito que não conheça, ela é uma ex moradora – Percebo que ela me olha com os olhos arregalados

– TA BRINCANDO FELIPE? – Ela grita

– Porra mulher não grita, to falando sério, por que? – Ela sorri secando suas lagrimas

– Ela é minha amiga, eu to morando no apartamento dela, ela alugou ele pra mim

Ela me contou toda a história delas enquanto entravamos no condomínio.

Assim que descemos do carro, ela fica o tempo todo atrás de mim, agarrada na minha camisa. 

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