OS ACASOS

CAPÍTULO 53 - CÚMPLICES..

Acordei com um braço pesado por cima de mim e um peitoral musculoso nas minhas costas, ele me abraçava como se eu fosse sua própria vida e se me soltasse, era como se fosse morrer, pois é era assim que Fabiano dizia que se sentia todas as vezes que ele levantava e eu não estava ao seu lado.

Já namorávamos a um ano, onze meses e vinte e nove dias, hoje, exatamente hoje, completamos dois anos de namoro e apesar da diferença de idade, ele com seus 26 anos e eu com meus 21, eu sabia que era ele quem eu amava e eu sabia que era com ele que eu iria ficar o resto da vida, ele me amava e eu o amava também, isso era o suficiente para nos, já tínhamos feito vários planos de vida, de comprar um apartamento para gente, até na semana passada fomos ver alguns!

Todos os finais de semana que eu podia, dormíamos juntos, eu sempre disse ao meu pai que eu vinha para a casa da Debora e nunca menti, já que o Fabiano também morava aqui, só nunca entrei em detalhes ao certo aonde eu dormia, apesar dos meus 21 anos, meu pai não admitia essa coisa de namorados dormindo juntos, a única vez que Fabiano dormiu lá em casa, ele dormiu na sala e eu no quarto, foi o fim, me senti uma adolescente!

Uma vez meu pai achou de aparecer aqui na casa da Debora, disse que viria me trazer e assim que entramos ele se deparou com Fabiano andando apenas de cueca pela casa, eu não sabia aonde enfiar a cara, como a casa estava ''vazia'' achei que poderia entrar com a cópia da chave que Debora me deu e NUNCA pensei que meu pai ia achar de entrar junto, muito mesmo que iria me deparar com aquela cena, foi um barraco só, mais foi tudo resolvido depois de falar que Fabiano estava apenas indo pra piscina nadar, meu pai não sabia a parte que ele morava ali.

Acabei levando Debora para a vida mais como uma irmã que nunca tive, mais até do que uma melhor amiga! Somos cúmplices até nas coisas mais simples, mais estamos sempre juntas, ajudando uma a outra, acabei virando até madrinha do Henri, aquela coisa gordinha e fofinha que é meu afilhado.

Nos dias que as coisas estavam apertadas na faculdade, eu morria de vergonha de pedir qualquer ajuda para Fabiano, ele já havia se formado e estava só esperando a carteira da ordem dele sair e já iria começar exercer, pois já trabalha em um escritório com uns amigos.

Geralmente era Debora quem me socorria e eu fiquei com a promessa de que iria pagar, cada centavo, cada coisa que ela me ajudava, eu sabia que um dia eu ia recompensá-la e hoje era o dia de começar.. hoje a maluca completa 23 anos, ela é 2 anos mais velha que eu mais sou dez anos mais responsável que ela. Combinei com Fabiano e com os pais dela que faríamos uma festa surpresa fico perdida em meus pensamentos até sentir uns beijos em meu pescoço me fazendo arrepiar..

- Bom dia princesa - Uma voz rouca sussurra em meu ouvido.

- Acordado já bonitão? - Vou me virando aos poucos pra ele e o abraçando de frente.

- Suas engrenagens - Ele toca com o dedo na minha testa - Não me deixaram dormir mais.

- Larga disso, eu estava apenas pensando na festa de hoje e falando em festa, preciso mandar meus parabéns a minha amiga - Viro de lado e pego o celular que está em cima da cômoda, mando uma mensagem simples, uma frase que representada tudo o que ela era pra mim, um anjo!

" Ao anjo que encontrei pelo caminho, dei um nome bonito: Amiga! Parabéns meu bem! "

Fico mais um tempo com Fabiano na cama, ficamos ali, namorando, nos amando e nos querendo cada vez mais. Eu sabia que Debora estaria voltando de viagem hoje, então não podia me enrolar muito, ela foi passar uns dias em Paris pois precisava resolver algumas coisas sobre uma viagem que ela faria com o Henri para se especializar fora do pais e depois voltar com tudo com a sua loja.

- Vamos levantar bonitão, precisamos de um bom banho E começar a festa - Falo isso beijando seu ombro, posso sentir a respiração ainda ofegante no meu ouvido.

- Ah, já? - Ele choraminga - Maldita hora que fui aceitar fazer essa festa - Ele sai de cima de mim resmungando e levanta da cama praguejando, levanto logo atrás e o abraço por trás

- Para, poxa.. - Dou alguns beijos na suas costas - Ela é minha melhor amiga e.. - Ele não me deixa terminar e vira pra mim

- E você gosta dela, e você ama ela, e você é capaz de dar mais atenção a ela do que a mim, e vocês são unha e carne, e.. e.. e.. sempre tem isso, você parece dar mais valor a amizade do que eu que sou seu namorado Juliana! Porra enquanto Debora viajava você parecia só minha, parecia nem lembrar dela, agora porra, me esquece de novo, to de saco cheio! - Fabiano diz bravo e se solta de mim indo para o banheiro.

Para né? Agora depois das horas de sexo romântico que tivemos com direito a juras de amor e tudo eu vou ser obrigada a aguentar crise de ciúmes da minha melhor amiga que por incrível que pareça e na verdade não parece, mais é sua prima! O segui para dentro do banheiro, ele já estava dentro do box..

- Fabiano, o que ta acontecendo?! - Digo irritada.

Ele parece fingir não me ouvir, pois simplesmente ignora minha pergunta e continua seu banho, em silêncio.

Faço minha higiene rápida, também em silêncio. Saio do banheiro, vou para o guarda roupa e pego um vestidinho solto, fresquinho, pois o calor do Rio de Janeiro estava matando.

Peguei sutiã, calcinha e uma toalha, sai do quarto sem mais e fui para o quarto da Debora, fechei a porta e fui direito para o banheiro, mil perguntas ficavam rondando minha cabeça enquanto eu tomava banho, não sabia se eu deveria voltar atrás, se eu deveria repensar e ver se eu realmente deixo ele de lado enquanto estou com minha amiga, mais isso não acontece eu sei..

Termino meu banho, coloco minha roupa e estou decidida a voltar para o quarto e falar com o Fabiano, pedir desculpas, tudo bem por algo que não fiz, mais se tratando de Fabiano eu pedia desculpas, só queria ficar bem com ele, só queria que tudo entre a gente se acertasse e eu iria mostrar que ele também era importante pra mim.

Saio do quarto ainda com a toalha na cabeça, ao me aproximar do quarto dele, ouço sua risada, pelo jeito estava falando ao telefone

- Não paixão eu vou... Ok, só me da meia hora... To louco pra ficar contigo...

Ao ouvir aquelas pequenas frases, aquelas pequenas coisas, meu coração foi apertando, senti uma coisa estranha.

- Eu vou deixar ela já te disse... Sim talvez hoje ainda...