A raiva toma conta de mim, nunca fui de chorar na frente de ninguém, nem até mesmo na frente do meu pai, mais dessa vez meu choro era de ódio! Adentrei o quarto e num pulo ele se vira pra mim e derruba o celular no chão
- Não vai ser talvez hoje que você irá me deixar Fabiano, vai ser agora que EU vou te deixar – Tiro a aliança do meu dedo, jogo pra cima da cama
- Não amor, não é o que você está pensando, vem cá eu vou te explicar – Ele se aproxima e vem me abraçando
Recuo
– Sai daqui Fabiano! Paixão? Quem é a sua paixão? Que eu saiba essa era eu, a única pra você, mais pelo jeito tinham mais não?! Pois é, agora eu descobri! Some da minha vida, some porque é exatamente isso que eu irei fazer! – Falo dentro o choro, pego minha bolsa que está em cima da cadeira e vou saindo do quarto, assim que eu toco a fechadura
- ISSO TUDO É CULPA SUA – Ele grita e passa a mão nos cabelos desesperado
- CULPA MINHA? A SUA TRAIÇÃO FOI CULPA MINHA? – Viro pra ele que está com lágrimas nos olhos
- SIM SUA, VOCÊ NUNCA ME DEU ATENÇÃO SUFICIENTE, ISSO É CULPA SUA QUE NUNCA FOI BOA O SUFICIENTE PRA MIM.. SEMPRE DEIXAVA ESPAÇO VAGO E FOI NESSE ESPAÇO QUE ENCONTREI MELISSA.. – Ele debocha – ELA SIM ME SATISFAZ NA CAMA, NA VERDADE EU JÁ TE DEIXEI A MUITO TEMPO JULIANA, ESTAVA COM VOCÊ APENAS PARA MANTER AS APARÊNCIAS COM MEUS TIOS ATÉ EU SAIR DAQUI E OLHA SÓ, RECEBI UM E-MAIL ONTEM MESMO QUE A COMPRA DO MEU APARTAMENTO FOI APROVADO E EU TO ME MUDANDO AMANHÃ! – Ele falava como se estivesse contando alguma vitória, algo parecido.
Esse foi o momento em que me senti sem chão, ouvir todas aquelas confissões da própria boca que a minutos atrás dizia me amar e que queria ter filhos, sem falar mais nada apenas sai do quarto, tia Roberta e tio Diego estavam encostados na parede, logo ao lado da porta, eu sei que eles haviam ouvido tudo.
Tia Roberta veio de encontro a mim, me abraçando e dizendo palavras de consolo, percebi que tio Diego entrou no quarto e fechou a porta.
Eu só precisava sair daquele lugar, precisava parar de pensar em tanta coisa, precisava me desprender daqueles pensamentos que não saiam da minha cabeça, eu estava sentindo repulsa, meu corpo tremia inteiro. Quando me dei conta, eu já estava me deitando na cama da Debora, abracei o travesseiro e chorei feito criança, estava me sentindo uma burra, me sentindo mal, suja por acreditar em cada palavra daquele cretino, cafajeste.
Pela falta da minha mãe, tia Roberta acabou virando minha segunda mãe, ela deitou ao meu lado e me abraçou forte
– Chora, chora tudo o que você tem pra chorar, daqui a pouco a Debora chega e nada como colo de irmã – Ela beija minha cabeça e dentre meus soluços e meus pensamentos eu lembro que Debora irá chega e que eu preciso organizar sua festa
– Tia a festa – Falo baixo tentando prender o choro
– Deixa essa festa pra lá, não temos clima para ela filha – Ela alisa meu cabelo.
Respiro fundo, contenho minhas lágrimas
– Tia eu não vou deixar ele acabar com a festa da minha amiga, eu quero arrumar tudo, eu quero fazer essa surpresa pra ela, ela é minha amiga, ela merece essa festa! – Digo limpando o rosto.
- Faz assim então, vou pedir para o Diego organizar as coisas junto com o pessoal da cozinha e nós duas vamos para um banho de salão, vamos arrumar o cabelo, fazer maquiagem, uma boa massagem, vamos dar uma relaxada e aproveita que hoje você é minha filha única – Ela ri me fazendo rir também.
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OS ACASOS
RomanceNessa vida, não tem nada, absolutamente nada que não aconteça por um acaso. Para Juliana, um relacionamento não seria ideal, não na atual fase da sua vida. Seu histórico de relacionamentos frustrados ainda pairam sobre seus pensamentos junto ao medo...