Capítulo 10 - Só quero ver como é

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Mel

Despertei com a luz forte do sol em meu rosto. Peguei meu celular na bolsa para checar mensagens e ligações. Há mais uma advertência da faculdade, mas não vou responder, não tenho mais coragem. E duas ligações perdidas da Anne.

Depois eu retorno.

Me espreguicei enquanto puxava o cobertor alienígena que me aquecia. Aliás, uma das coisas nesta nave que mais me chamou a atenção, positivamente, foram justamente as roupas de cama. O material é absurdamente macio.

Levantei e segui até o banheiro para tomar um banho. Fiquei pensando em tudo isso que está acontecendo. E se eu não conseguir criar a vacina, o que irão fazer comigo? Já que não podem me libertar pois sei demais, provavelmente seria mantida como refém para sempre ou até me matariam.

Outro dos meus problemas tem sido a adaptação. Digo, não por causa das esquisitices da nave, com isso me habituei nas primeiras horas. Mas sim pelos aliens com olhos de demônio. Eles me olham com um certo desprezo, nojo, sei lá. Agem como se eu fosse um monstro. Um monstro assassino que quase exterminou o planeta deles, para ser mais exata. Preciso voltar para a minha vida sem graça, terminar a faculdade, ver humanos. Se essa nave não estivesse tão longe do chão, eu já teria encontrado um jeito de fugir.

Suspirei.

Então eu penso no Zaphy. Ele é insuportável, não é de falar muito e quando fala é grosso ou está reclamando da altura da minha voz. Mas mesmo assim, gosto da companhia dele. Apesar de que ontem, ele estava super gentil.

Até estranhei.

Talvez eu não devesse ter falado daquele jeito com ele. Mas a culpa não é minha se ele é bipolar. Qualquer um pensaria a mesma coisa que eu. Que ele estava apenas tentando me seduzir para conseguir o que quer.

Às vezes acho que ele me provoca de propósito. Acho nada, tenho certeza! Aparecer na minha frente todo suado, claramente faz parte dessa brincadeirinha dele. Inclusive, ainda não consegui tirar da cabeça aquela cena. Mesmo com muita raiva, por um segundo me vi pulando em cima do Zaphy. Ele exala testosterona.

Mas não posso continuar pensando nele dessa forma. Ele é um alienígena e me odeia!

Saí do banho e fui me vestir. Escolhi uma calça jeans preta e uma blusa pink de alça. A blusa é um pouco decotada, mas irei usar o jaleco por cima, de qualquer maneira.

— Rick, já tem sinal na casa dos meus pais?

— Ainda não, Melanie.

— Então ligue para Anne. — Prendi os cabelos e peguei o celular.

— Alô, Mel?

— E aí? Tudo bem?

— Tirando o preço do cornish pasty, os dois quilos que engordei e a falta da internet, está tudo ótimo.

— Mentirosa, você nunca engorda!

— Ok, mas as outras coisas são verdades. — Soltou um riso.

— Você deve ter feito pacto com o capeta, pra continuar magra e comendo tanto.

— Credo! Nem como tanto assim.

— Anne, a primeira coisa que você reclamou, foi do preço do cornish pasty.

— Tá. E como está aí, na casa dos seus pais?

— Isso, mude de assunto, sabe que estou certa. — Pigarreei. — Então... Aqui está tudo bem. Ótimo na verdade. Maravilhoso.

— Por que está sendo irônica?

620 Anos-Luz [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora