Mel
Zaphy dormia de forma tão encantadora que quem o via daquele jeito tranquilo, nem imaginava o quanto esse alien era esquentadinho. Portanto, me aconcheguei melhor ao seu lado para poder apreciar a imagem dele, o qual se encontrava de barriga para cima e com uma mão atrás da cabeça, a outra por sua vez, estava sobre aquele abdômen parcialmente à mostra pela camisa, mostrando assim alguns gominhos firmes e muito bem trabalhados.
Não me contive e levei meus dedos até seu rosto, acariciando com a ponta deles a sua barba platinada, que às vezes dava a impressão de brilhar. Mas ao vê-lo se mexer, me afastei, já que eu não queria acordá-lo.
Os primeiros raios de sol ainda se encontravam surgindo, revelando que acabei acordando cedo demais, e a culpa foi por eu ter ido dormir também, cedo demais.
Meu sono andava desregulado.
No entanto, provavelmente era culpa do nervosismo, pois eu iria iniciar o teste nos voluntários exatamente naquele dia. O pavor da cura não funcionar me corroía, porém ao mesmo tempo me dava gás, porque se funcionasse, isso significava que logo depois eles iriam embora e eu veria o meu planeta livre desses aliens. A única parte ruim, é que de certo, o Zaphy e o Nepo também partiriam.
Qualquer resultado seria péssimo para mim.
Peguei o laipro do Zaphy e fui me acomodar no canto do quarto, em uma poltrona estranha mas muito fofa, que ele trouxe quando decidiu que esse seria o nosso quarto. Aquele tablet amarelo era a única coisa que eu tinha no momento para passar o tempo.
Que falta que me fazia a internet... ouvir música... uma TV... Que falta que me fazia o meu mundo!
Contudo, por mais que o Nepo tivesse me ensinado a ver fotos naquilo ali, demorei um pouco até me familiarizar. Um grave erro. Eu não devia ter cutucado a minha própria ferida, uma vez que foi só eu colocar os olhos nas fotos do Zaphy com aquelas ETs para que um nó surgisse na minha garganta.
Talvez aquela onda emotiva adormecida houvesse voltado e com tudo.
Eu não conseguiria vê-lo ir, essa era a verdade. Não suportaria saber que ele estaria seguindo sua vida com outra... outras. Mas também não aceitaria ter que abandonar as pessoas que eu amo e viver em outro planeta. Planeta onde todos me odiavam e me viam como uma assassina.
— Terráquea?
Coloquei rapidamente o laipro ao meu lado na poltrona e comecei a secar as lágrimas, com a intenção dele não saber que eu estava chorando. Por fim engoli em seco e pigarreei, para tentar disfarçar a voz embargada.
— O quê? — porém não deu muito certo.
Meu jeito de falar só fez o Zaphy dar um pulo da cama e simplesmente correr até mim.
— Está choran... Por que você está chorando? — Segurou o meu rosto e começou a me inspecionar, como quem procura algo quebrado.
— Por nada. — Tirei as mãos dele das minhas bochechas para terminar de secá-las.
Portanto, ele agachou-se em minha frente, se apoiando na poltrona com uma mão de cada lado do meu corpo.
— Como por nada? — acabou soando um pouco alto.
Virei o rosto para o lado na tentativa de não respondê-lo. E foi nesse instante que o Zaphy começou a dizer alguma coisa mas parou assim que o senti apanhar algo do meu lado.
O laipro.
No mesmo segundo, uma risada rouca foi liberada por aqueles lábios.
— Estava chorando por causa dessas imagens?
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620 Anos-Luz [COMPLETO]
RomansaJá parou para pensar que o fato de você ainda não ter encontrado a sua alma gêmea seja porquê ela nasceu em um outro Sistema Solar, a 620 anos-luz de distância e na pele de uma criatura diferente, com outros costumes e outra forma de pensar? De um l...