Me vejo em uma caverna muito escura, porém é possível enxergar. Estou completamente imóvel. Por que não consigo me mexer? Ouço pingos, olho para os dois lados mas não consigo localizar de onde vêm. Algo passou muito rápido por mim, esbarrou no meu ombro e acabei caindo no chão úmido. De repente tudo muda e estou em outra caverna, desta vez um pouco mais iluminada.
Agora consigo andar.
Em seguida se materializaram em minha frente duas saídas. A direita há uma rosa vermelha, dela pinga um líquido também vermelho. Já na esquerda, possui uma rosa preta, dela saem alguns feixes de luz azuis.
Ouvi um barulho ensurdecedor, como se algo muito grande estivesse caído. Logo ouvi passos, muitos passos. Fiquei aflita. Tenho que sair logo daqui! Corri para a entrada da direita e no momento em que passei por ela, a rosa vermelha parou de pingar e começou a fazer um zumbido. Instintivamente, me virei e voltei para olhá-la. Encontrei uma contagem regressiva em uma das pétalas. Cinco... Quatro... Três... Segui novamente para a saída, correndo...
Eu já havia acordado há algum tempo mas não quis levantar da cama. Tenho vários defeitos, mas a preguiça matinal com certeza é o maior de todos. Ou o motivo é apenas aquele sonho estranho que não para de ficar se repetindo na minha mente?
Eu só quero saber o final.
Constatei no meu celular que já são quase nove horas. Melhor eu levantar. Puxei minha mala por debaixo da cama e vasculhei entre o amontoado de roupas algo para vestir. Peguei uma calça, uma camiseta qualquer e segui para o chuveiro.
Após me vestir, o som de uma nova mensagem de texto quebra o silêncio tedioso do quarto. Corro até meu celular e vejo uma advertência da minha faculdade.
Droga! Eu vou me ferrar se continuar faltando desse jeito.
Me preparava para responder a mensagem quando a porta se abre e o Zaphy passa por ela, com uma cara de sono e cabelos despenteados. Esse imbecil fica lindo até com a cara amassada.
Como pode?
— Venha.
Assenti e prendi meus cabelos rapidamente, depois de esconder meu celular e ter vestido o jaleco.
Enquanto caminhávamos pelo corredor, notei que o corte no cotovelo do Zaphy estava praticamente curado. Mal podia se ver a cicatriz. Interessante esse processo de cura.
Ao entrarmos no segundo corredor, avistei alguns aliens, todos com expressões fechadas, de poucos amigos. Eles deveriam me agradecer por eu estar tentando salvar a espécie deles ao invés de ficar com essas caras de demônios. No entanto, eu nem me importo, já vi rostos piores no The Pub Drink quando o Chelsea perde um jogo.
Bufei.
— Não se esqueça que nem todos votaram a favor — falou sem me olhar.
Como ele sabe que me irritei com os olhares dos aliens? Espero de verdade que ele não saiba ler pensamentos.
Entramos no laboratório. Me dirigi à bancada central e o alien sentou-se no seu banco ao lado da porta. Me protegi com a máscara e luvas, dando continuidade ao que eu havia começado ontem, em seguida.
Este vírus é tão intrigante. Consegui decifrar grande parte dele, mas ainda há muitas lacunas. Não sei se conseguirei domá-lo. Na realidade, não sei se alguém conseguirá fazer isso algum dia.
Me remexi e senti o resultado de tanto tempo sentada num banco duro. Deve haver se passado pelo menos, cinco horas. Minha bunda já deve estar quadrada. Virei o rosto na direção do Zaphy, casualmente, e uma onda de tensão invadiu o meu corpo ao flagrá-lo me fitando com os olhos cerrados.
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620 Anos-Luz [COMPLETO]
RomanceJá parou para pensar que o fato de você ainda não ter encontrado a sua alma gêmea seja porquê ela nasceu em um outro Sistema Solar, a 620 anos-luz de distância e na pele de uma criatura diferente, com outros costumes e outra forma de pensar? De um l...