Mel
BIP BIP BIP BIP BIP
Dei um tapa no despertador para desligá-lo e voltei a deitar, o frio está insuportável. A conta estava vindo um absurdo, então Anne e eu decidimos cortar alguns gastos.
Aposentar o aquecedor foi um deles.
Preciso estar às 7:00 no hospital para buscar ela, espero que o desmaio que teve ontem durante o dia, não tenha sido causado por nada grave. Vou acabar chegando um pouco atrasada na faculdade, mas não tem outro jeito.
Levantei a cabeça e dei uma breve olhada no caos de papéis e livros à minha volta. Passei quase a noite toda estudando metodologia científica. Quando eu voltar da faculdade eu juro que arrumo tudo.
Voltei a deitar.
Às vezes não entendo como a Anne aceitou dividir um AP comigo. Sou a pessoa mais desorganizada da Terra, e ela, é tão perfeccionista e responsável que chega a irritar. Nem parece que essa louca só tem dezoito anos.
— São 6:45, Melanie. — Rick com a sua voz aguda me tirou de um quase novo sono.
— Ok, ok. Estou levantando.
Não sei o que seria de mim sem o Rick. A melhor coisa que fiz foi ter comprado este celular-robô.
Tomei coragem e levantei da cama sonolenta. Senti uma dorzinha de cabeça chata. Só falta a Anne ter me passado a sua doença.
Tomei um banho rápido, coloquei uma calça jeans, uma camiseta do Oasis preta, minha banda mais que centenária favorita, um casaco pesado de frio bege e meu tênis também preto. Como de costume, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo, segui até a cozinha e só tomei um chá, pois não tenho tempo para fazer outra coisa.
Vi que o Senhor Benson já havia atualizado o meu jornal virtual. Peguei de sobre a mesa de centro e passei os olhos rapidamente. Notei que hoje faz exatamente três anos que deixei meus pais em Cambridge e vim morar aqui em Londres. E de repente me veio à mente o verdadeiro motivo que me levou a fazer isso. Apesar de eu dizer que já estava velha demais para morar com meus pais, sempre ficou nítido que eu estava fugindo das lembranças do Nathan.
Desci as escadas a toda velocidade. Infelizmente o elevador está quebrado há provavelmente uns 200 anos.
— Bom dia, Senhor Benson. — Nem esperei que o porteiro respondesse e segui correndo até meu carro.
— Carro, ligar. — Dei o comando e entrei. — Siga para o St. Frank Hospital.
Quando percebi que o carro estava seguindo por um caminho mais seguro e consequentemente, mais longo, resolvi pegar o volante e ir por um atalho. Fiz a curva sem diminuir a velocidade para entrar na Avenida Harry's Blue, foi irresponsável mas estou atrasada. Não gosto de andar por ela pois é a principal da região e sempre há tráfego. Mas neste horário deve estar com pouco movimento.
— Como assim? — Freei bruscamente o carro quando vi a rua completamente vazia.
Em todos esses anos que morei aqui, nunca vi a Avenida Harry's Blue sem um mísero carro sequer.
— Rick, verifique se a pista está em manutenção ou algo do tipo. Não quero cair em nenhum buraco.
Tirei o cinto e olhei pela janela, não havia nada. Nem uma alma viva.
— Desculpe, Melanie. Mas não tenho essa informação.
— Ok. Então pesquise na internet.
Liguei o rádio do carro à procura de alguma notícia, mas só haviam chiados.
VOCÊ ESTÁ LENDO
620 Anos-Luz [COMPLETO]
RomanceJá parou para pensar que o fato de você ainda não ter encontrado a sua alma gêmea seja porquê ela nasceu em um outro Sistema Solar, a 620 anos-luz de distância e na pele de uma criatura diferente, com outros costumes e outra forma de pensar? De um l...