Capítulo 65 - Humana! Humana? Hu-ma-na!

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Mel


Na área de alimentação, passei os dedos nos cabelos do Zaphy para ajeitar seus fios desgrenhados. Não por não gostar deles bagunçados, aliás, adoro a forma de como ficam após serem esfregados na toalha depois do banho. Mas ele estava quieto demais desde que acordamos e eu precisava saber se era por minha causa.

— Está com raiva de mim, alien?

— Não diria raiva. — Recolheu as tigelas vazias e levantou-se.

Eu só queria que ele me entendesse, porém nem eu me entendia. Me arrisco a dizer que o medo que eu sentia de só me imaginar pisando no planeta dele, chegava a ser semelhante à minha fobia de altura.

— Preciso falar com a estrangeira — Então Zukmi surgiu ao passar correndo pela porta, me encarando assustada.

Zaphy tomou a minha frente imediatamente com punhos cerrados, nitidamente enfurecido.

— Esqueceu que está proibida de sequer chegar perto dela, desgraçada?

Logo me veio à cabeça que poderia ser algo com os pacientes.

— Zaphy, espere. — Inverti a posição com ele. — Diga.

A ET pigarreou, levou os olhos do chão ao Zaphy e após poucos segundos, me olhou.

— Eles... eles não estão nada bem. Estou com medo do meu irmão...

Acertei.

Nem esperei ela terminar e fui quase correndo pelos corredores até a área de tratamento. Somente o Zaphy me acompanhou, mas não se deu ao trabalho de repetir meu ritmo, ficando alguns passos atrás. Entretanto, eu já disparava em direção aos pacientes quando tive meu cotovelo segurado.

— Vou ver se tem algo para eu fazer na área de comando, dessa forma eu... — Olhou para dentro da sala. — não te atrapalho.

Queria muito pedir para ele ficar, no entanto eu sabia que o Zaphy não conseguia se controlar perto do Dashni.

— Ok, mas antes me dê um beijo.

Sendo assim, me segurando o queixo, o alienígena emburrado virou a minha cabeça para o lado e deixou um beijo no meu rosto. Em seguida, se retirou, não demorando a sumir do corredor.

Bufei com aquilo, massageando as têmporas.

Contudo, depois eu me entendia com ele, primeiro eu tinha que cuidar dos donos daquelas tosses ensurdecedoras. Portanto, me protegi adequadamente e em segundos, já me encontrava dentro da cúpula. E ao me ver, Dashni se pôs logo de pé, porém... ele aparentava estar ótimo.

Já os outros dois...

— Essa brincadeira vai durar até quando? Não aguento mais ficar aqui sem fazer nada! — Dashni já me recebeu com gritos.

Nem lhe dei ouvidos, só caminhei em direção à alien, a qual não decorei o nome. Ao mesmo tempo que eu a examinava, previ que se ela continuasse tossindo com aquela intensidade, iria acabar vomitando. O outro, não estava muito diferente.

— Eu estou falando com você, verme inútil! — O imbecil de coque rosnava às minhas costas.

— Volte para a maca, Dashni — pedi em tom baixo, não querendo criar um clima ruim dentro da cúpula transparente.

À seguir, desviei dele para chegar no canto onde se encontravam os frascos com a cura, apanhando dois deles e duas seringas, e sem perder mais tempo, enchi uma delas.

— Vou receber isso também? — Ele parecia uma criança me seguindo.

E eu odeio isso! Inclusive, é um dos motivos para eu não me dar bem com crianças.

620 Anos-Luz [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora