Capítulo 46 - Não estou disponível

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Zaphy


Caminhei com o meu pai até o pátio. Sentamos perto da janela central, onde não tinham muitos curiosos. Em seguida, coloquei um braço sobre o encosto do banco de três lugares e me virei para ele.

— O que o senhor quer me falar? Se for para eu manter segredo sobre o nosso povo estar desenvolvendo imunidade, só contei para a terráquea.

Ele balançou a cabeça, fazendo pouco caso do que acabou de ouvir.

— Convidei o Rei Nak'e... — Ficou pensativo. — Não me lembro a linhagem dele.

— Deve ser a idade — falei baixo, com ar de tédio.

— Como disse?

— Nada, pai. Fale logo.

Ele limpou a garganta e por fim, se recostou melhor no banco.

— Enfim, ele virá com a sua filha para a festa de amanhã a noite.

— Vá direto ao ponto antes que eu durma.

— Quero que você conheça a princesa antes que eles partam para Vux. Ela é uma boa fêmea e muito bela.

Ri por dentro.

— Mas eu já conheço a Jeayh, pai.

E muito bem, por sinal.

— Melhor ainda. À vista disso, além de você acompanhá-la na festa, será o responsável por apresentar a nave a ela.

Finalmente entendi o que ele estava querendo fazer.

— Pai, poupe o seu tempo. — Me levantei. — Não estou disponível.

Ele levantou-se também, já aparentando irritação.

— Já disse ao Rei que você exigiu a presença da filha, então não me envergonhe!

Eu exigi a presença dela? Meu pai estava cada vez pior!

— Peça para o seu protegido acompanhá-la.

Simplesmente virei-me e saí, o deixando falando sozinho.

Eu seguia até o laboratório, pois estava com fome e queria que a terráquea comesse comigo, quando encontrei aquele serviçal maldito agarrando por trás uma das minhas antigas fêmeas. Nunca me importei em dividi-las, mas não imaginei que ficaria feliz em ver o Dashni com uma.

Assim ele se manteria longe da minha.

— Revirando o meu lixo, serviçal? — falei ao passar por eles, sem nem olhar para o rosto dela e saber quem é a louca.

É esse preguiçoso que o meu pai protege? Que fica se divertindo em vez de trabalhar?

— Arrogante! O único lixo que estou vendo aqui é você!

Como é que é?

Me virei.

Seu nariz ainda estava vermelho por causa do soco que levou há pouco de mim.

— Repete.

— Por quê? O principezinho também é surdo?

Meu sangue começou a ferver.

— Agora você morre, serviçal!

Dashni riu.

— Ele sempre fala isso e eu continuo vivo — sussurrou no ouvido da fêmea.

Avancei na direção dele com os punhos cerrados, já em mente onde eu o socaria primeiro. Porém o covarde virou a fêmea para si e a colocou entre nós.

620 Anos-Luz [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora