Capítulo 28 - Muito obrigado, jovem!

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Zaphy

Abro os olhos com dificuldade e reconheço bem onde estou. Vux, mais precisamente na torre mais alta do castelo da minha família.

Enquanto avisto a paisagem pela enorme janela, inalo o máximo que consigo deste ar puro.

Como eu estava com saudade desse cheiro.

Guiei meus olhos para cima e vi o céu perfeitamente verde e ensolarado. Mas algo me chamou a atenção. Me despertando da minha contemplação.

Alguém está me chamando.

Olhei para os lados mas não consigo localizar de onde vem a voz. Contudo... eu a conheço. E muito bem por sinal. Assim que ela soou mais próxima, me virei bruscamente para trás e no mesmo instante ela surgiu diante de mim. Imediatamente tudo foi ficando mais escuro e frio. Olhei brevemente para a janela, agora o céu está roxo e o vento bate forte contra o meu corpo.

— Mãe?

Meu coração deu um salto e um calafrio me possuiu, quando a minha mãe começou a aproximar-se com um braço esticado, como se quisesse me tocar. De seus olhos brotou um líquido preto, que escorria pelo seu rosto. Aflito, fui recuando em direção a janela. Mas ela quer ficar mais perto. E mais perto.

Muito mais perto.

Estou ficando cada vez mais encurralado. Não quero que me toque. Quando ela deu mais um passo, dei outro para trás e apenas vi seu rosto ficar gradualmente mais e mais distante.

Estou caindo.

— Acorde, príncipe! — Um ser estranho me acordou, segurando uma cesta. — Está tudo bem?

Não pude ver seu rosto pois está usando capacete. Percebi pelo emblema no peito da armadura, que se trata de um dos guardas da Quarta Potência.

— Quem é você? — Sentei na cama, depois tentei me levantar.

Mas estou um pouco tonto. Voltei a me sentar na beira da cama.

— Sou o responsável pela sua alimentação. — Colocou a cesta ao meu lado, em cima da cama. — O seu pai me encarregou de tal função.

— Estou há quanto tempo aqui? — Minha cabeça está latejando e a minha visão borrada.

— Um dia e meio. — Seguiu até a porta.

Como assim um dia e meio? Eu acabei de chegar! A não ser que...

— Um dia e meio? — gritei. — Vocês me hipnotizaram, seus desgraçados? — Avancei na direção dele, mas o mesmo levantou sua arma sedativa.

— Fique onde está, principe! — Ligou a arma. — Foi preciso, pois você estava muito agitado. Apenas o tranquilizante não estava resolvendo.

Rahtzy!

— Já partimos? — Pisquei rapidamente para focar a minha visão nele, que ainda está um pouco turva.

Fui hipnotizado apenas uma vez pelo meu pai, quando eu era criança. Nem me lembro o motivo, inclusive. Aliás, nem dessa sensação horrível.

— Partiremos após o segundo descarregamento de combustível para a nave do seu pai, ser finalizado. — Abriu a porta com um amuleto que carrega no pescoço. — Estamos no final, logo partiremos. — Fechou a porta.

Então ainda tenho tempo. Pouco, mas tenho.

Levantei e segui até a porta. Possui uma abertura em baixo, possivelmente para enviar comida sem precisar abri-la. Não acredito que me colocaram justo num encarceramento.

620 Anos-Luz [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora