Chegamos à uma sala redonda e graças a Deus não tive que passar por nenhum tubo de vidro. A sala é muito grande, também em tons neutros, com alguns móveis estranhos e brancos presos ao chão. É tudo diferente, mas dá para deduzir a finalidade de cada peça. Analisando aquela no canto parecido com uma cama, suponho que estou em um quarto.
Um alien velho de cabelos brancos, está sentado num tipo de sofá também oval, olhando para uma placa amarela, igual a placa da alien da contagem. Tem algumas janelas enormes, mais uma vez ovais, que vão do chão ao teto, possibilitando ver perfeitamente as nuvens em volta. Tentei não pensar no fato de que eu estou muito longe do chão.
Esse alien deve ser o pai do Zaphy. As roupas dele são diferentes, não tem a armadura, apenas um tecido comprido azul, que mais parece um vestido, cobrindo completamente os seus pés.
Quando me viu, o velho arregalou os olhos e levantou-se num pulo. Como se eu fosse um animal selvagem prestes a atacá-lo.
— O que isso está fazendo no meu quarto? — berrou.
Zaphy pigarreou. Parece nervoso.
— Ela diz poder criar uma vacina.
— Esse lixo criar uma vacina? Qual é o seu problema, 87? — gritou mais alto que antes.
O filho simplesmente suspirou e virou-se em direção à saída.
Droga!
— Eu estudo biomedicina há três anos, conheço muito sobre doenças e sei exatamente como criar uma vacina. Só preciso de um laboratório e de uma amostra do vírus — me manifestei, falando séria.
A essa altura eu não sinto mais medo deles. Talvez só um pouco.
— Por que ele não está... Por que você não hipnotizou esse humano?
Zaphy deu um passo à frente.
— De início ela não abriu a boca e nem tentou fugir, achei que o senhor já estivesse feito isso. — Virou o rosto rapidamente para mim, dizendo com os olhos "não me desminta".
Que alien ardiloso!
— Você sabe muito bem que não faço mais isso. — O velho respondeu o filho, depois se dirigiu a mim. — E o que te faz pensar que vou confiar em um humano?
Por que ele está me chamando no masculino? Isso está me incomodando.
— Eu sou a sua única e melhor chance.
É óbvio que há profissionais melhores e mais bem qualificados do que eu, nem me formei ainda. Mas minha vida está em jogo. Ele tem que acreditar que sou a melhor.
O pai olhou para o filho, depois para mim novamente, virou-se e voltou a se sentar no sofá branco oval. Ficou pensativo com a mão no queixo.
Respirei fundo.
Estou ficando cada vez mais impacientemente agoniada com essa pausa. Olhei pro Zaphy e fiz um sinal de não com a cabeça.
Voltei a olhar para o velho.
— Então se não precisam de mim, irei embora.
— 87, amordace essa coisa antes que eu faça isso — disse sem nos dirigir o olhar.
Revirei os olhos.
— Mantenha esse humano preso num dos quartos dos empregados, por enquanto. Como você não o hipnotizou, não poderemos apagar a sua memória. — Pegou a sua placa amarela. — Ele sabe demais, não podemos arriscar sermos descobertos pelas autoridades humanas. — Digitou alguma coisa com o dedo nela. — Amanhã terei uma resposta. Se isso realmente funcionar e descobrirmos uma solução antes de todos, será maravilhoso para a nossa potência
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620 Anos-Luz [COMPLETO]
RomanceJá parou para pensar que o fato de você ainda não ter encontrado a sua alma gêmea seja porquê ela nasceu em um outro Sistema Solar, a 620 anos-luz de distância e na pele de uma criatura diferente, com outros costumes e outra forma de pensar? De um l...