Mel
Já eram onze horas da manhã e nenhum alien havia me buscado para me levar ao laboratório.
Droga! Justo agora que estou conseguindo colocar o procedimento dos nanorobôs em prática? Tive sucesso nos dois primeiros testes, mas ainda não é hora de comemorar. A probabilidade de falhar é enorme.
Segurei o pingente com a letra N que era do meu irmão, e me peguei pensando nele. Nathan era o meu lado reverso, literalmente. Provavelmente por isso que nos dávamos tão bem. Dizem que gêmeos tem uma ligação muito forte e eu entendi muito bem isso, ao me ver surtando após a morte dele e ido estudar em outra cidade. Se eu não tivesse conhecido a Anne para me ajudar a colocar a cabeça no lugar, nem sei o que teria feito.
De certa forma, a morte dele que me trouxe até aqui, para dentro desta nave doida. Se Nathan não tivesse morrido, eu não teria fugido de Cambridge, não pensaria em cursar biomedicina e muito mesmo estaria sentindo a falta de um alienígena imbecil, agora mesmo.
Ser trombada por aquele corpo enorme ontem não fez muito bem para o meu emocional. Ele tinha que estar usando armadura? Eu já tinha me esquecido de como ele fica lindo com ela. E quando o babaca pegou na minha mão? Não sei como consegui me controlar e não deixá-lo me levantar. Mas eu ainda estou magoada com ele. Sei que não deveria ter dito que a raça dele merece ser extinta, mas ele provocou isso, me acusando de mentir.
Respirei fundo.
Um som vibratório vindo da minha bolsa ecoou pelo quarto. Peguei e atendi o celular rapidamente.
— Nossa, anda ocupada, Mel?
— Deixei o celular no silencioso, às vezes não escuto. Mas, como andam as coisas?
— Sei. Então... estão do mesmo jeito, com exceção que perdi as minhas chaves.
— Logo você que é tão organizada?
— Pois é. Você que arruma um gostosão e eu que me desligo da vida. — Soltou sua típica risada, que mais parece ter saído de uma gralha.
— Você não consegue viver sem mim, Anne, aceite.
— Como se acha. — Pigarreou. — Me fale do Zack... Já fizeram as pazes?
— Não e nem quero. Acho que ele está com outra — disse em tom de desinteresse.
— Mas que galinha! Arrume outro também.
— Ótima ideia. — Como se eu tivesse outras opções aqui.
— Você está gostando desse cara, não está?
— Sinceramente? Não sei.
— Eu te conheço e acho que está. E não é pouco.
Escutei um movimento vindo do corredor.
— Vou ter que desligar. Se cuida.
Escondi com pressa o celular na bolsa. Após ouvir o som da porta se abrindo, por um segundo achei que ao me virar iria encontrar o Zaphy.
— Finalmente, Nepo. — Caminhei até ele com os braços cruzados.
Ele nada disse, apenas me pegou pelo braço, me arrastando sem nenhuma delicadeza até a porta. Após passar por ela, me empurrou, quase me derrubando no chão.
Me virei para ele indignada.
— Ei, qual a necessidade disso?
— Ande! — Me empurrou pelas costas com a arma.
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620 Anos-Luz [COMPLETO]
RomanceJá parou para pensar que o fato de você ainda não ter encontrado a sua alma gêmea seja porquê ela nasceu em um outro Sistema Solar, a 620 anos-luz de distância e na pele de uma criatura diferente, com outros costumes e outra forma de pensar? De um l...