Capítulo 14 - Dê permissão

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Mel

Já eram onze horas da manhã e nenhum alien havia me buscado para me levar ao laboratório.

Droga! Justo agora que estou conseguindo colocar o procedimento dos nanorobôs em prática? Tive sucesso nos dois primeiros testes, mas ainda não é hora de comemorar. A probabilidade de falhar é enorme.

Segurei o pingente com a letra N que era do meu irmão, e me peguei pensando nele. Nathan era o meu lado reverso, literalmente. Provavelmente por isso que nos dávamos tão bem. Dizem que gêmeos tem uma ligação muito forte e eu entendi muito bem isso, ao me ver surtando após a morte dele e ido estudar em outra cidade. Se eu não tivesse conhecido a Anne para me ajudar a colocar a cabeça no lugar, nem sei o que teria feito.

De certa forma, a morte dele que me trouxe até aqui, para dentro desta nave doida. Se Nathan não tivesse morrido, eu não teria fugido de Cambridge, não pensaria em cursar biomedicina e muito mesmo estaria sentindo a falta de um alienígena imbecil, agora mesmo.

Ser trombada por aquele corpo enorme ontem não fez muito bem para o meu emocional. Ele tinha que estar usando armadura? Eu já tinha me esquecido de como ele fica lindo com ela. E quando o babaca pegou na minha mão? Não sei como consegui me controlar e não deixá-lo me levantar. Mas eu ainda estou magoada com ele. Sei que não deveria ter dito que a raça dele merece ser extinta, mas ele provocou isso, me acusando de mentir.

Respirei fundo.

Um som vibratório vindo da minha bolsa ecoou pelo quarto. Peguei e atendi o celular rapidamente.

— Nossa, anda ocupada, Mel?

— Deixei o celular no silencioso, às vezes não escuto. Mas, como andam as coisas?

— Sei. Então... estão do mesmo jeito, com exceção que perdi as minhas chaves.

— Logo você que é tão organizada?

— Pois é. Você que arruma um gostosão e eu que me desligo da vida. — Soltou sua típica risada, que mais parece ter saído de uma gralha.

— Você não consegue viver sem mim, Anne, aceite.

— Como se acha. — Pigarreou. — Me fale do Zack... Já fizeram as pazes?

— Não e nem quero. Acho que ele está com outra — disse em tom de desinteresse.

— Mas que galinha! Arrume outro também.

— Ótima ideia. — Como se eu tivesse outras opções aqui.

— Você está gostando desse cara, não está?

— Sinceramente? Não sei.

— Eu te conheço e acho que está. E não é pouco.

Escutei um movimento vindo do corredor.

— Vou ter que desligar. Se cuida.

Escondi com pressa o celular na bolsa. Após ouvir o som da porta se abrindo, por um segundo achei que ao me virar iria encontrar o Zaphy.

— Finalmente, Nepo. — Caminhei até ele com os braços cruzados.

Ele nada disse, apenas me pegou pelo braço, me arrastando sem nenhuma delicadeza até a porta. Após passar por ela, me empurrou, quase me derrubando no chão.

Me virei para ele indignada.

— Ei, qual a necessidade disso?

— Ande! — Me empurrou pelas costas com a arma.

620 Anos-Luz [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora