Mel
Me deixei observar um dos planetas, que apesar do céu noturno ainda era visível a olho nu, enquanto pequenas naves sobrevoavam o castelo e eu mantinha as mãos fixas no parapeito daquela torre de pedra decorada por mim. Ou seja, era a única com cortinas, luminárias, plantas e tapetes: tudo trazido da Terra. Minha fobia de altura milagrosamente havia ido embora após o parto, mas locais altos ainda me davam um pequeno frio na barriga. E foi então que, um segundo depois virei-me para pegar a Melphy e colocá-la para dormir, quando... Quase infartei ao não encontrá-la onde eu achava que ela estaria: brincando com seus brinquedos humanos e alienígenas no pequeno lago localizado no centro da torre a qual pertencia ao quarto do Rei e da Rainha.
Desesperada, fui vasculhar todo canto daquele lugar aos berros. Os pelos do meu corpo se eriçaram; meu coração quase virando geleia; minhas mãos frias como gelo... Eu estava à beira de um ataque!
— Melphy? — gritei de novo.
Isso não está acontecendo comigo!
Assim que eu me preparei para abrir a porta e sair correndo pelo castelo gigantesco, me deparei com dois pezinhos atrás de um dos pilares e automaticamente, senti o meu coração se normalizar aos poucos. Essa menina ainda me mata! Continuei com pressa até ela, limpando as mãos frias e suadas na minha calça. Ser mãe de uma criança de dois anos é ter um ataque do coração a cada milésimo.
— Venha, Melphy, já está na hora de voc... — Mas toda aquela calma foi embora ao vê-la perto de um monstro esquisito.
A puxei imediatamente, tirando-a de perto daquela coisa roxa cheia de antenas e pelos, pontas na cauda e olhos imensos. Abracei-a em meu colo ao mesmo tempo que me afastava sem tirar a visão daquele bicho o qual me fitava de forma assustadora. Meu Deus, que animal feio!
— Eu quelo bincar com o bichinho — choramingou, tentando descer do meu colo.
— Ficou doida? Aquilo é um monstro! — Segurei-a com mais firmeza pois quase que escorregou de tanto que tentou voltar para o chão — Fica quieta!
E é óbvio que a Melphy começou a chorar como sempre. Berrar no caso. Culpa daquele alien que só sabe mimá-la.
Mereço!
— Chega. Para de chorar — Comecei a ninar a pequena chorona passando a mão em seus longos cabelos escuros, porém seu choro só aumentou de volume. — Você não pode brincar com ele, ele é mau. Vai te morder. Agora fica quietinha.
— Ele não é mau! Ele é bonzinho! — berrou, entre seus soluços.
Mais uma vez Melphy tentou descer do meu colo, parecendo um peixe escorregadio. Mas eu já estava preparada e não deixei que voltasse para perto daquele bicho horroroso que ainda nos observava.
Aquela menina andava muito mimada pro meu gosto. Tal pai, tal filha.
— O que está acontecendo aqui? — A voz do Zaphy surgiu às minhas costas, me obrigando a virar-me para de encontro a ele. — Por que ela está chorando desse jeito?
Melphy parou de esgoelar, contudo prosseguiu choramingando e esfregando uma das mãozinhas no olho úmido e negro feito os olhos do pai. Já com a outra, se apoiava no meu ombro.
— É pura manha e culpa sua! Ela sequer me obedece!
Zaphy me olhou sério, e não dando muita importância para o que eu lhe disse, levou a atenção a ela de maneira carinhosa, mudando completamente o semblante.
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620 Anos-Luz [COMPLETO]
Любовные романыJá parou para pensar que o fato de você ainda não ter encontrado a sua alma gêmea seja porquê ela nasceu em um outro Sistema Solar, a 620 anos-luz de distância e na pele de uma criatura diferente, com outros costumes e outra forma de pensar? De um l...