Capítulo 57 - Vai fazer pirraça, agora?

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Entreguei os quadradinhos esquisitos ao Nepo e ele os engoliu sem questionar. Obviamente porque ouviu tudo com sua audição de ET e sabia para o que serviam.

— Quando eu ver aquele babaca, ele vai ouvir um monte — informei ao colocar o cone que eles chamam de copo de volta na mesa, ao lado da jarra d'água, após encarar seus machucados faciais.

— Que babaca?

— Como que babaca? O seu namoradinho que eu achava fofinho mas agora não o acho mais!

Nepo pareceu se assustar com o que eu disse pois arregalou os seus olhos negros com uma certa urgência.

— Não, não faça isso — seu tom foi tão suplicante que só faltou se ajoelhar aos meus pés.

— Ainda por cima você defende ele? — Não resisti e revirei os olhos.

— Me prometa que não vai falar nada disso a ele. Não foi... — suspirou. — Eu imploro, não diga nada.

Nossa, que desespero!

— Ok, ok. Não vou falar. — Me rendi e ele, pareceu relaxar um pouco.

Confesso que achei um pouco estranha essa reação, mas provavelmente tinha algo a ver com eles terem que "se esconder" dos outros por conta da tal lei.

— Você e... ele... — Nepo indicou a porta do banheiro com a cabeça. — Por favor, diga que vocês não apareceram juntos na festa, e em hipótese alguma, na frente do Rei.

Era melhor eu nem entrar em detalhes.

— Ops! — ri, sem graça.

— Ele vai me matar. — Nepo cobriu o rosto com as mãos, entendendo.

Nesse momento, Zaphy voltou do seu rápido banho vestindo apenas uma calça. Os cabelos pingavam e da cintura para cima, seu peito firme brilhava pois se encontrava coberto por gotículas de água. Ele nem se secou.

Desviei o olhar uma vez que aquela imagem, e principalmente o cheiro de banho, estavam me causando pensamentos impuros.

— Vai nada. Nós dois iremos te proteger. Não é mesmo, Zaphy?

Zaphy parou ao meu lado e em frente ao Nepo, que logo abaixou a cabeça assim que aquele alienígena cheiroso se aproximou.

— Fome? — Ele pegou a minha mão e deu um beijo na palma dela, ignorando a minha pergunta.

Como de costume.

— Uhum. — Depois olhei pro Nepo. — E você, borboleta?

Pigarreou, riu e levantou a cabeça.

— Não. Eu vou... — pigarreou de novo, demonstrando que estava sem jeito de falar perto do Zaphy. — passar no meu quarto só para tomar um banho. Tenho que levá-la ao laboratório?

O desânimo dele foi tão grande ao dizer a última frase, que pensei em dizer que não. Mas eu tinha muita coisa para resolver lá: encontrar um local super seguro para testar a cura, era uma delas.

Dar brecha para o vírus se espalhar pela nave seria um desastre!

— Eu levo ela. Vá dormir, se quiser! — Zaphy rapidamente se pronunciou, em seu típico tom ríspido.

Nepo por sua vez apenas assentiu sem encará-lo e levantou-se, seguindo à porta.

— Pode pegar as minhas coisas antes? — pedi ao Nepo, fazendo cara de cachorrinho abandonado.

Já que o Zaphy não podia mais entrar no meu antigo quarto, eu queria me livrar logo dele. Sem contar que eu precisava organizar como seria feito o teste nas cobaias, e não poderia fazer isso usando a camisa do Zaphy. Aliás, tenho certeza que ele não me deixaria usar as roupas que eu usei na festa. Mas sobre isso, eu até contestaria se eu mesma não tivesse provocado a reação possessiva dele. No fundo eu não gosto de roupas muito chamativas, só usei aquelas para irritá-lo.

620 Anos-Luz [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora