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A área de convenções do hotel estava toda ornamentada para o evento organizado pela Rádio. Música ao vivo, gente importante e puxa saco e muita, muita, falsidade. Um saco, eu diria. Sentada, eu observava toda aquela movimentação. Vez ou outra alguém puxava um assunto, perguntava pelo programa só mesmo para jogar conversa fora. Eu respondia, sorridente, mas sempre acabava me distraindo em meus próprios pensamentos. Estava assim, aliás, quando Matthew chegou e me agarrou pelo braço, fazendo com que eu não tivesse escolha a não ser levantar.

Matthew: vamos dançar.

Anahí: ow, devagar - larguei o copo sobre a mesa e o olhei com uma careta. - Quer me matar do coração?

Matthew: não. Quero te tirar do tédio - arqueou uma sobrancelha, nada humilde, e enlaçou os dedos nos meus. - Vamos.

Anahí: eu não quero dançar, Matt - choraminguei, mas o acompanhei até a pista de dança improvisada. - Essas músicas estão depressivas.

Matthew: não - parou, enlaçando minha cintura. -Você está depressiva. Não culpe a banda.

Envolvi as mãos em seu pescoço, sorrindo.

Anahí: eu não estou depressiva.

Matthew: então é TPM.

Anahí: eu não tenho TPM - levantei uma sobrancelha, esnobe.

Matthew: ah, é verdade. Você vive nela - debochou e eu ri, puxando de leve seus cabelos. - Auch!

Anahí: fica quieto, ok? Dança.

Matthew: eu sou homem. Consigo fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo - provocou, machista.

Anahí: só se você for gay - respondi, maldosa. Ele riu, mas logo me puxou para mais perto, colando mais ainda nossos corpos.

Matthew: eu posso provar que não sou, e você sabe.

Anahí: eu não quero que você prove nada - girei os olhos, divertida. - Apenas dance, delícia.

Matthew: isso me magoa, sabe? - tentou forjar um drama, mas acabou rindo. - Você sempre foi interessada em todas as coisas que eu tenho para oferecer.

Anahí: é, mas não estou agora - neguei, fazendo pouco caso. - Vai ver é culpa daquela TPM - debochei, com uma piscadela.

Matthew: que você disse que não tinha - suspirou.

Eu dei de ombros, sorridente, e acho que ele interpretou minha falta de resposta como um passe livre, porque, no segundo seguinte, estava me beijando.

Fiquei sem reação por alguns segundos, mas logo levei as mãos ao seu peito, afastando-o, delicadamente. A brincadeira tinha acabado.

Anahí: Matt, não - murmurei, desviando os olhos e baixando-os para minhas mãos espalmadas bem na altura de seu coração.

Matthew: Ana, eu... - ele estava confuso, eu podia perceber em sua voz. Levantei os olhos. - O que foi?

Anahí: eu só... - suspirei. - Desculpa, Matt. É complicado - completei, num muxoxo.

Ele ficou quieto por um tempo, me encarando, e eu voltei a enlaçar seu pescoço, sem jeito. Eu nunca o havia cortado daquele jeito, sempre tínhamos tido liberdade para tudo, inclusive para nos beijar. E eu nem sabia ao certo porque o havia feito agora. Era só... estranho.

Matthew: tem homem por trás dessa sua maré ruim, não é?

Eu não respondi, ele entendeu.

Matthew: você sabe que é boa demais para sofrer por algum mané, não sabe?

O Pecado Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora