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Eu sempre soube do interesse que Melissa tinha por mim. Sempre, desde a adolescência. Era algo descarado demais para que eu não percebesse. Descarado demais para qualquer um que convivesse conosco não se desse conta. Teve uma fase em que eu até mesmo pensei em correspondê-la. Vocês sabem, na adolescência os hormônios falam mais alto que o cérebro, e Melissa sempre tinha sido muito bonita. Por que não aproveitar o que ela estava tão disposta a me entregar de bandeja? Encorajei-a umas poucas vezes, mas então voltei a mim a tempo, antes que fizesse a grande burrada de cair em seu jogo. E logo Anahí apareceu e tudo mudou. Nas férias seguintes, quando nos vimos outra vez, eu já não tinha mais sequer a vontade de provar o que ela tinha para me oferecer.

E com isso os anos foram passando e suas investidas tornando-se mais discretas. Contudo ainda existiam. Eu não era bobo, eu percebia, mas tentava não lhe fazer caso. Melissa era quase da família e eu não faria nada que estragasse nossa relação.

Entretanto, daquela vez ela tinha passado de qualquer limite suportável. Suas brincadeiras e sorrisinhos sensuais deram lugar à uma atitude mesquinha e cruel. Eu não permitiria que seu jogo fizesse mal à Anahí, ou a nós dois. Aquele 'seu bastardinho' não me saía da cabeça, e não sairia até que eu resolvesse aquela situação.

Por isso, acordei naquela manhã decidido a resolver tudo aquilo. Anahí ainda dormia, de barriga para cima, os cabelos caídos sobre o rosto que estava virado para o meu lado. Afastei-os com cuidado e sorri. Tão serena. Tão bonita. Escorreguei para mais perto e dei um beijo leve em sua testa, antes de levantar e seguir até o banheiro.

Tomei um banho rápido e abri mão dos ternos formais com que costumava ir à empresa, trocando-os por uma calça jeans escura e uma camisa de gola polo preta, as primeiras que encontrei. Voltei até a cama e deitei, inclinando-me sobre Annie.

Alfonso: Annie - chamei, baixinho, bem perto de seu ouvido. Ela não se moveu. - Anjo, acorda. - Soprei de leve seu rosto e ela incomodou-se, passando uma das mãos no nariz, apertando os olhos. Sorri. - Vamos. - Roçando o nariz no dela, beijei de leve seus lábios. Ela entreabriu os olhos, bem devagar. E bem pouco.

Anahí: ah, não. - Resmungou. - Por que você nunca me deixa dormir? - Embora o tom de sua voz fosse contrariado, ela levou a mão até meu rosto, deixando-a ali enquanto falava. - Nós acabamos de deitar!

Alfonso: não acabamos não - neguei, deslizando o rosto de encontro à seus dedos. - Seu celular despertou já tem alguns minutos.

Ela gemeu, os olhos outra vez fechados.

Anahí: sério?

Alfonso: uhum - encostei novamente os lábios nos dela, que suspirou.

Anahí: eu nunca pensei que um dia fosse dizer isso - quase choramingou -, mas não quero ir à Rádio hoje.

Alfonso: preguiçosa - disse, com uma risada. - Vamos, está na hora de incorporar a velha Ana Nicholls e sair dessa cama.

Ela suspirou.

Anahí: você já tomou banho? - Perguntou ao tocar meus cabelos e senti-los molhados. Suspendeu-se um pouco, olhando-me. - Nossa, já está até vestido.

Alfonso: sim - e brinquei: - Você preferia que eu estivesse pelado?

Ela riu, rouca, apertando minha bochecha.

Anahí: acho que não teria disposição para aproveitar de você nesse momento, amor.

Levei uma das mãos até sua barriga e perguntei:

O Pecado Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora