Por Anahi
Passava das seis da noite quando Dulce e eu voltamos, com praticamente o mercado inteiro nas sacolas, para o prédio. Era sexta feira e o dia seguinte seria complicado para agilizarmos a festinha no meu apartamento porque era dia de reunião de pauta na Rádio. Assim, o jeito fora correr hoje para o mercado para providenciar as bebidas e acabamos por comprar mais guloseimas. Conseqüências de se fazer compras com Dulce. E não, eu não a estava chamando de gorda, e.
Dulce: e o Matt? Confirmou?
Empurrando com um pé, abri a porta e a firmei, deixando que ela passasse na minha frente.
Anahí: ainda não sabe. Sabe como é, o programa dele começa as cinco da matina – fiz uma careta.
Matthew Jasen, locutor das madrugadas insones de muitos nova yorkinos, é. Solteiro, gostoso, carismático e, digamos, um amigo colorido. Mais para amigo que colorido atualmente, mas ainda uma meia quente para um pé gelado quando eu precisava. Ou queria. Um cara espetacular, com um sexo espetacular. E não-adepto à compromissos, o melhor.
Dulce: é destino – comentou, dispersa.
Anahí: o que é destino, louca? – suspendi o olhar, retirando o pé e deixando a porta fechar à nossas costas.
Parado em frente ao elevador, estava a personificação de meu bonequinho de vodu mais recente. É, Poncho.
Dulce: respira fundo e conta até dez – murmurou em meu ouvido. – Ele está vindo pra cá - é, eu nem tinha notado.
E eu estava em meio a um lindo conflito interno, que beleza. Meus objetivos ao me mudar para aquele edifício eram claros e nem um pouco vulneráveis: infernizar a vida daquele que destruiu a minha anos atrás. E o melhor meio era pagar na mesma moeda. Seduzi-lo, levá-lo a loucura e depois tirar o corpo fora, deixando-o na vontade – entre outras coisas. Acontece que, para isso, eu precisava aprender a lidar com todo aquele turbilhão emocional que ele ainda tinha o poder de despertar em mim. Do ódio eu ia ao desejo num minuto. Do desejo, eu voltava ao desprezo. Naquele momento, diríamos que eu podia matá-lo com minhas próprias mãos pela ceninha feita no telefonema para a Rádio. E aquilo não era mesmo bom para os meus planos.
Por Alfonso
Alfonso: madames – aproximei-me delas com um sorriso de orelha a orelha. Podia ver de longe o olhar fuzilante que Ana me lançava. – Só pode ser destino. Eu sempre apareço quando vocês mais precisam.
Dulce: foi exatamente o que eu disse à Ana.
Anahí: e quem disse que eu estou precisando de algo?
Disseram juntas e eu arqueei uma sobrancelha, encarando a loira.
Alfonso: ah vá, você não está emburrada pela brincadeirinha de quarta-feira, não é?
Anahí: Alfonso, não sei se você percebeu, mas eu já passei da fase de ficar 'emburrada'.
Deixei meu olhar correr vagarosamente por todo aquele corpo perfeitamente com tudo no lugar e, em seguida, voltei a encará-la.
Alfonso: é, eu percebi.
Ela deixou escapar algum impropério que eu não consegui identificar muito bem e seguiu até o elevador, com as bolsas em punho. Eu ri e estendi o olhar para a ruiva.
Alfonso: e você, precisa de ajuda?
Ela não esperou que eu perguntasse outra vez. Praticamente jogou todas as sacolas em cima de mim, com um sorriso agradecido.
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O Pecado Mora Ao Lado
RomanceAlfonso sempre foi um playbozinho quando adolescente; no colégio, o mais popular, o mais bonito, o menos acessível, aquele com quem as meninas dariam tudo para serem vistas em companhia. Aquele que brincava com tudo e com todas; aquele que fazia apo...