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Anahí: espera! Esqueci as chaves.

Revirando os olhos, puxei a coleira de Peg, trazendo-o para mais perto. Estava quase escurecendo, e nós decidimos que todo aquele marasmo em casa precisava terminar. Anahí tinha tido desejo. Queria comer cupcake, mas tinha que ser os daquela confeitaria no Central Park. Menos mal. Pelo menos eu não teria de me virar atrás de, sei lá, sorvete de jiló, às duas da madrugada.

Alfonso: vamos!

Anahí: calma! - voltou apressada, trancando a porta. - Apressado!

Dando um sorriso sem mostrar os dentes, estendi a mão livre para ela, que se aninhou em mim enquanto esperávamos o elevador.

Anahí: não quer que eu leve? - perguntou, referindo-se a Peg.

Alfonso: não - disse. - Você não pode.

Foi a sua vez de girar os olhos. Ignorei seu enfado, enquanto tentava controlar a euforia de Peg. Quem diria que um dia, depois de todos os problemas que aquele cachorro me trouxera, eu me converteria em seu guia oficial. Suspirei.

Anahí: sossega, Peg - brigou, e ele ganiu, baixinho. - É melhor não abusar da sorte.

Alfonso: ainda bem que você sabe.

Anahí: ah, dá um tempo, Herrera. - E continuou, com voz idiota (pior do que aquelas com que eu falava com Noah), enquanto inclinava-se e mexia nos pelos de Peg. - Eu sei que você já ama essa minha coisinha peluda.

Alfonso: coisinha? - repeti, com uma careta. - Ele ainda é o mesmo monstro de alguns meses atrás. E, dessa vez, mais perigoso, por causa do seu estado.

Anahí: não fala assim! - brigou, segurando as orelhas do cachorro, como se as tapasse. - Ele fica sentido, sabia?

Olhei para ela por um longo segundo. Em seguida, sacudi a cabeça, achando graça. Trouxe-a para mais perto.

Alfonso: você não existe, Anahí.

Ela sorriu, dando de ombros, e o elevador chegou. Já mais obediente, Peg nos seguiu para dentro. Quando a porta estava prestes a fechar, aquela voz aguda que eu tanto conhecia, berrou do corredor.

Melissa: segura o elevador, por favor!

Ouvi o suspiro instantâneo que Anahí soltou e impedi que as portas se fechassem com a mão livre. Esbaforida, Melissa apareceu à minha frente, vestindo uma calça justa de ginástica, um top vermelho e tênis. Involuntariamente, corri os olhos por sua aparência. Sabe como é, instinto masculino... e Mel era mesmo bem gata.

Assim que nos viu, sua cara fechou. Assim, instantâneo. Ela não gostava de Anahí e estava irritada comigo. Não tinha mesmo porque ser simpática. Annie, por sua vez, estranhamente tinha um sorriso plantado de lado a lado do rosto. Podia ser impressão, mas acho que assim que Melissa entrou, ela se grudou mais ao meu braço, como se quisesse demonstrar que o objeto em exposição ali - no caso, eu - tinha dona. No caso, ela.

Só precisei de um olhar rápido em sua direção para perceber que estava certo.

Anahí: oi! - quase saltitou, cumprimentando-a.

Levantando os olhos contrariada do iPod em que mexia, claramente para evitar conversa, ela resmungou em resposta.

Melissa: oi - correu os olhos até mim. - Olá, Alfonso.

Alfonso: oi, Mel. Tudo certo lá no apartamento?

Melissa: tudo na mais perfeita ordem - soltou, entre dentes. - Mais perfeito, impossível!

O Pecado Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora