37

3.1K 189 20
                                    


Anahí: bom dia, Nova York. Mais uma manhã de chuva e frio em nossa querida grande metrópole. Estamos mesmo no outono? - questionou. - Bom, não importa, nós agüentamos, não é? Aguentamos coisas piores - seu olhar parou em mim, e eu suspendi uma sobrancelha, com um meio sorriso. - E por falar nisso... não, não que tenha alguma coisa a ver com as coisas piores sobre as quais me referi, mas... ah, vocês entenderam. Vocês sempre entendem - brincou. Cínica. - Nosso convidado de hoje é ninguém mais, ninguém menos que o grande vencedor do prêmio Jovem Empresário do Ano, concedido pela People, Alfonso Herrera Rodriguez, também conhecido como Poncho e dono de uma das maiores companhias aéreas do país. Sim, moças, controlem seus hormônios, ele está aqui. E pronto para atendê-las. Basta ligar para o Good Morning, Nova York e ser a sortuda a falar com este moreno de olhos esverdeados que, além de um grande profissional, arrasa corações femininos por onde passa. - Vê-la dizer aquelas coisas quando, na verdade, gostaria de estar dizendo baboseiras bem diferentes ao meu respeito, me divertia. - Olá, Poncho. Posso chamá-lo assim, não é?

Alfonso: é claro, Ana. É um prazer estar aqui, sou um grande admirador do seu trabalho - sorri, provocando-a. - Olá, Nova York, como estamos hoje?

Ela arqueou uma sobrancelha, friamente. A grande sorte para a manutenção da audiência daquele programa era que não haviam câmeras por ali e nenhuma das pessoas que nos ouviam tinha a mínima noção da forma com a qual Anahí me encarava, enquanto, contraditoriamente, acariciava meu ego.

Anahí: com certeza um tanto mais divertida com sua participação em nosso programa. Mas nos conte, Poncho, o que fez de você o eleito num prêmio tão concorrido e prestigiado como o da People. Tem seu palpite?

Alfonso: acho que, como você bem disse, devem ter sido meus olhos esverdeados.

Anahí: olhem só que grande brincalhão! - disse, forçando uma risada. Ela não havia achado graça. - Vamos lá, você deve ter algo além disso para nos contar. Algo que tenha impressionado as pessoas que votaram em você.

Alfonso: falando sério, Ana, eu não sei. Eu só faço o meu trabalho. E gosto do que faço. Deve ser isso.

Anahí: ótimo, ele é humilde, meninas - brincou, falando com as ouvintes. - E como é ser o vencedor de um prêmio tão importante?

Alfonso: tirando o telefone que não para de tocar um minuto sequer e me tira do sério? - apertei os olhos, com uma careta. - Acho que normal. E bom, é claro. Saber que tem gente que admira o seu trabalho a tal ponto é uma caricia e tanto ao ego, você sabe, deve lidar muito com esse tipo de coisa. Mas, é claro, não é tudo. Logo a poeira assenta e eu volto à minha vida de executivo anônimo de sempre - pisquei, com um sorriso.

Ela não pareceu impressionada. Olhando a lista que tinha em mãos, fez a próxima pergunta.

Por Anahi

Eu já não aguentava mais fingir que idolatrava Alfonso quando Dulce chamou minha atenção, avisando sobre o comercial. Um suspiro aliviado quase escapou de minha garganta.

Anahí: vamos à um breve intervalo e na volta, nossas linhas estarão abertas à vocês, e Poncho pronto para respondê-los - levantei os olhos para ele -, certo?

Alfonso: sim, claro - respondeu com um sorriso empolgado.

Eu conhecia bem Alfonso. E conhecia bem aquele sorriso. Unindo as duas coisas, chegava fácil à conclusão de que toda aquela empolgação era uma forma ridícula de me provocar. Ele não era tão aberto assim à pessoas se metendo em sua vida. Muito pelo contrário. Pelo que se sabia, ele odiava colunistas sociais que viviam envolvendo seu nome em escândalos onde, é claro, sempre haviam mulheres envolvidas. Agora, com toda aquela repercussão advinda da eleição da People, era de se esperar que estivesse ainda mais recluso, não se portando como uma galinha choca, todo cheio de dentes.

O Pecado Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora