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UM MÊS E MEIO DEPOIS

Anahí não tinha jeito. Respirei fundo, largando o celular sobre a mesa. Levantando, caminhei até a janela.

Anahí não tinha mesmo jeito!

Estava no escritório, mas tinha desistido de trabalhar há um par de horas. Desde que começara a tentar falar com Anahí e ela não atendia as ligações, para ser mais exato. Olhei a Manhatan movimentada lá embaixo. Passava pouco do meio dia e as pessoas trombavam-se umas nas outras, naquele caos que era tão habitual àquela cidade. Minha mente estava em Anahí, a todo momento. Tentava falar com ela há mais de uma hora e ela não atendia o celular. Liguei no apartamento, nada. Pedi a Maite que fosse até lá; ela não estava. Dulce não sabia dela e eu já estava ficando angustiado. E irritado! Noah podia nascer a qualquer momento e ela desaparecia assim do nada, como fumaça?

Voltei até a mesa e peguei o telefone. Disquei para a recepção e Andy atendeu imediatamente.

Alfonso: Andy, se Anahí ligar, passe imediatamente, ok?

Andy: tudo bem, senhor.

Coloquei o aparelho no gancho e voltei a pegar o celular. Outra vez, caixa postal. Maldita Anahí! Desabotoei os primeiros botões da camisa, agoniado, e respirei fundo. Quase dois meses haviam se passado desde que eu me 'mudara' para o seu apartamento. Annie já estava há poucos dias de ter o bebê, no máximo, duas semanas. Ela entraria no nono mês de gestação ainda naquela semana e, ainda assim, se via no direito de sumir e me deixar preocupado daquele jeito! Bufei.

David: posso entrar?

Olhei para a porta e vi o rosto de David enfiado no pequeno vão, esperando minha autorização. Como se ele fosse educado daquele jeito! Fiz um gesto afirmativo com a cabeça e ele entrou. Passei as mãos nos cabelos, num gesto nervoso.

David: algum problema? - perguntou, após me analisar rapidamente. - Aconteceu alguma coisa?

Alfonso: aconteceu Anahí - resmunguei. - Conhece?

Com uma breve risada, ele se aproximou.

David: quê? Vocês brigaram?

Alfonso: ainda não. Mas vamos brigar muito em breve, se ela não atender de uma vez o maldito celular.

Ele arqueou uma das sobrancelhas, meio confuso, e com aquele nítido ar de zombaria no rosto.

David: você podia ser mais claro, não é? Não estou entendendo nada.

Respirei fundo. Dei mais alguns passos, sem direção, quase involuntariamente.

Alfonso: Anahí sumiu. Não está em casa e não atende o celular. Evaporou do mapa. E eu estou preocupado com isso de o bebê poder nascer a qualquer momento.

David: ah - enrugou a testa. - Relaxa, cara - minimizou, com pouco caso. - Ela deve estar zanzando por aí. Você sabe como são as mulheres.

Alfonso: custa atender o maldito celular? - praguejei. Em seguida, respirei fundo mais uma vez, voltando minha atenção para ele e para o que fazia ali. - O que você quer?

Ainda com a sombra de um sorriso, ele respondeu.

David: aqueles papéis da companhia de manutenção. Você já assinou?

Alfonso: merda! - Tinha esquecido de revisar aqueles papéis. Na verdade, nem sabia onde eles estavam. - Espera, devem estar por aqui - revirei a mesa e por fim os encontrei. - Você precisa disso pra agora?

O Pecado Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora