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Alfonso: pronta para o que vem agora? - perguntou, alguns minutos depois.

Eu prendia os cabelos, me virei para ele.

Anahí: seu pai já voltou?

Alfonso: acho que sim. Ouvi minha mãe resmungando enquanto vinha para cá. Deve ter sido com ele pelo desaparecimento justo quando eu estava pra chegar.

Achando graça, assenti com a cabeça.

Anahí: bom, não temos outro jeito, não é? Chegou o grande momento em que matamos todos do coração - ele levantou, um sorriso no rosto. - Na verdade eu não sei como sua mãe não notou minha barriga quando me viu.

Alfonso: acredite, ela não teria notado nem se você estivesse com nove meses e entrasse em trabalho de parto bem ali, na frente dela - brincou, girando os olhos. - Não enquanto lidava com seu reaparecimento repentino.

Antes que eu pudesse revidar, ouvimos uma batida na porta.

Anahí: entra.

Maite: posso mesmo?! - gritou do lado de fora.

Anahí: claro, Maite - estranhei. - Pode entrar.

Abrindo a porta, ela enfiou só a cabeça para dentro, correndo os olhos pelo quarto com uma expressão engraçada.

Maite: mamãe mandou chamar para o almoço. Como não encontrei Poncho no quarto, imaginei que ele pudesse estar aqui - forçou um sorriso, arqueando uma sobrancelha. - Fiquei com medo de entrar com tudo e ver coisas que não deveria ver.

Surpresa com sua brincadeira/insinuação, não disse nada. Alfonso o fez por mim.

Alfonso: Maite - repreendeu, girando os olhos.

Maite: ah, qual é. Sei de todos os problemas de vocês, mas não me venham com essa. Sei muito bem como meu sobrinho foi parar aí dentro - apontou com a cabeça para minha barriga -, já passei da fase de acreditar em cegonhas.

Sem conseguir conter uma pequena risada, balancei a cabeça.

Anahí: nós já estávamos descendo, Mai.

Alfonso: é, engraçadinha - passou um dos braços pelos ombros dela, num meio abraço forçado. - Já estávamos descendo.

Olhando para trás, procurou por mim. Sorrindo, levou uma das mãos até minhas costas e me guiou para a porta, enquanto ainda abraçava Maite.

Maite: tem certeza que eu não interrompi nada? - sussurrou para ele, mas eu ouvi. - Nada, nadinha de nada?

Alfonso: nada, Mai. Nada - girou os olhos outra vez. - E só por curiosidade - começou aumentando o tom - você já acreditou em cegonhas alguma vez?

A risada dela foi a resposta que ele precisava. Sem conseguir evitar um pequeno sorriso diante da cumplicidade evidente entre os dois, acompanhei-os escada abaixo.

Quando chegamos à sala, dois pares de olhos me receberam, perscrutadores.

Era a hora do show.

Por Alfonso

Eu me sentia bem no centro de um palco, onde todos os olhares, intensos e interessados, eram direcionados a mim. Meu pai, que pegava uma bebida no bar, virou-se assim que ouviu nossa aproximação. Mamãe, sentada num canto do sofá, estendeu os olhos e fixou-os em nós dois. Maite, só para não ficar de fora, também nos olhava, um sorrisinho de expectativa, meio brincalhão meio encorajador, preso aos lábios.

O Pecado Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora