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Cerca de dez minutos depois, para a minha surpresa, o clima estava quase mais tranquilo entre nós. Anahí parecia ter resolvido realmente se comportar - não que fosse a pessoa mais sociável do mundo - e tinha parado de soltar comentários irônicos sobre o passado. Na verdade, Dulce engatara uma conversa divertida sobre as coisas que ouviam na Rádio todas as manhãs e o ambiente foi, por si só, se descontraindo.

Entretanto, em nenhum momento o fato de Anahí estar ali, ao meu lado, passou despercebido. Ela estava linda, mas aquilo já não era nenhuma grande novidade. E embora eu tentasse evitá-lo, seu perfume chegava a mim com uma facilidade impressionante, que me fazia querer chegar mais perto e senti-lo completamente, tocando seu pescoço e, quem sabe, deixando alguns beijos perdidos por ali.

Mas, não, eu não faria aquilo, era óbvio. Não mais.

Só que acontece que aquilo não fazia com que a vontade deixasse de existir. E eu ainda a queria, por mais que quisesse desacreditar daquilo.

Maldita mulher!

Christopher: e então, já se decidiram? O que vão querer beber?

Dulce: uma cerveja para mim.

Anahí: pra mim, só uma água.

Dulce olhou para ela, surpresa pela escolha, e eu arqueei uma sobrancelha, também a encarando.

Alfonso: algum problema com bebidas alcoólicas, Annie?

Imediatamente imagens dela em meu apartamento, algumas noites atrás, completamente alterada pela bebida, me vieram à mente. Meu sorriso alargou-se.

Anahí: não. Só não tenho boas lembranças da última vez em que passei da conta e fiquei bêbada na companhia errada.

Arqueei uma sobrancelha, o sorriso transformando-se em um meio sorriso zombador.

Alfonso: engraçado, as minhas lembranças não são das piores.

Ela suspendeu o canto dos lábios, um leve ar de enfado vincando o rosto.

Alfonso: sabe uma coisa em que as vezes me pego pensando? - Resolvi continuar quando seu silêncio se perdurou. - Você não acha que tem gente que acaba, de certa forma, se escondendo atrás da bebida? Digo, têm pessoas que fazem coisas quando não estão completamente sóbrias que, na verdade, sempre tiveram vontade de fazer e nunca tiveram coragem - fechei o sorriso e franzi o cenho, pensativo. - No dia seguinte, é sempre mais reconfortante, não sei, colocar a culpa no álcool.

Ela me encarou por alguns segundos, a expressão fechada. Dulce e Christopher já conversavam sobre qualquer outra coisa, alheios à nossa guerrinha particular. Voltei a suspender uma sobrancelha, indagador, enquanto esperava sua resposta. E ela veio.

Anahí: eu não estou me escondendo atrás de nada. Eu estava bêbada.

Alfonso: opa, quando é que o assunto se tornou você? - revidei, inocente. - A não ser, é claro, que você queira falar sobre aquilo e...

Anahí: cala a boca!

Dulce e Christopher nos encararam. Eu contive um sorriso.

Dulce: tudo bem?

Alfonso: sim.

Anahí: não - disse ao mesmo tempo. - Quer dizer, sim. - corrigiu-se, a contra gosto. - Está tudo perfeitamente bem. Tudo maravilhosamente bem, eu diria.

Alfonso: sim, foi o que eu disse.

E daquela vez eu não contive o sorriso divertido.

Dulce: vocês se conhecem há quanto tempo?

O Pecado Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora