Estávamos saindo do supermercado quando o celular dele tocou, no bolso.
Alfonso: não conheço o número - franziu o cenho.
Parando em meio ao estacionamento, ele o atendeu. Sem alternativa, parei ao seu lado.
Alfonso: alô - quando reconheceu a voz que o respondia, o vinco em sua testa aumentou. - Oi, Mel.
Mas...
Anahí: hein?! - não contive a exclamação, afrontada.
Ele tapou o bocal do aparelho, murmurando.
Alfonso: não a Melanie. Melissa.
Ah, era só o que faltava. Uma vadia não era suficiente, Deus? Precisava de mais uma para estragar o meu dia? Hein?
Alfonso: não, eu não tenho esse número. Pode deixar, vou gravar. Está tudo bem?
E então ele ouviu, e ouviu. Seu cenho franziu-se novamente e eu cruzei os braços, batendo os pés, impaciente. Ele me olhou rapidamente, um pedido de desculpas estampado nas íris esverdeadas.
Alfonso: mas o que você vai fazer? - Pausa. - Não, não é isso. É que agora está tudo meio agitado. - Olhou-me outra vez. - Você sabe, falta pouco para o bebê nascer, tem todos os preparativos...
Enruguei a testa, perguntando o que ela queria com um gesto de cabeça. Ele pediu que eu esperasse com as mãos.
Alfonso: escuta, eu te ligo mais tarde, pode ser? Estou na rua... Não, Mel, não é isso, eu já disse. Eu vou ver, ok? Nos falamos mais tarde... Tudo bem. Beijo.
Com uma expressão indecifrável, ele voltou a guardar o celular no bolso. Um mau presságio me atingiu em cheio.
Anahí: o que foi?
Ele me olhou como se pesasse as palavras, buscando as certas. Ai, caramba.
Alfonso: a Mel... pediu para passar um tempo lá em casa.
Meus olhos quase saltaram da órbita.
Anahí: como é que é?!
-
Por Alfonso
Eu imaginava que aquela fosse ser sua reação. Para ser sincero, eu tinha certeza que não poderia esperar nada diferente daquilo. Não depois de nossa ida à Chicago. Não depois de Anahí ter deixado claro que não ia com a cara de Melissa.
Por isso, foi sem nenhuma surpresa que eu a vi fechar a cara, deixando claro que aquela ideia era tremendamente absurda. E eu ainda nem tinha contado os detalhes.
Alfonso: ela foi chamada pra fazer um teste para um programa de televisão, ou alguma coisa do tipo.
Anahí: e? - braços cruzados, cara fechada.
Alfonso: não tem onde ficar. Achou que eu não me importaria de hospedá-la por um tempo.
Anahí: mas você se importa, não é?
Demorei mais tempo do que ela estava disposta a esperar para responder, então a ouvi continuar.
Anahí: ah, qual é, Poncho. Ela já não é grandinha o suficiente pra morar sozinha? Arrumar um flat, um hotel ou o que quer que seja para ficar?
Alfonso: não é isso - minimizei, tentando tranquiliza-la. - E eu não disse a ela que podia vir.
Anahí: mas também não disse que não.
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O Pecado Mora Ao Lado
RomanceAlfonso sempre foi um playbozinho quando adolescente; no colégio, o mais popular, o mais bonito, o menos acessível, aquele com quem as meninas dariam tudo para serem vistas em companhia. Aquele que brincava com tudo e com todas; aquele que fazia apo...