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O quarto, um tanto bagunçado, estava em completo silêncio desde que ela caiu adormecida entre meus braços. O movimento suave de seus seios contra o meu corpo era a prova de que ela dormia um sono tranquilo. Mas, ainda assim, eu demorei a dormir. Talvez aproveitando as sensações ou talvez pensando em tudo que havia se passado entre nós, nas últimas horas. Os olhos fixos no teto branco, meus pensamentos corriam à solta. Pois bem, assim como o fato de ter notado a tranqüilidade em que ela se encontrava agora, momentos atrás eu tive a certeza de que havia feito algo de errado. Pude sentir a tensão que emanava de seu corpo. Mas ela não se afastou e, minutos depois, deixou-se levar por minhas carícias, recostando-se em mim como se pertencesse ao meu abraço. Um ato ingênuo e simples com o qual eu não estava acostumado. Quanto tempo mesmo fazia que eu não dormia - digo, no sentido real da palavra - com uma mulher? Muito, eu acho. E, ainda assim, aquela sensação gostosa de preenchimento me agradava. Eu me sentia bem, por mais contraditório que aquilo pudesse parecer. Alisei, uma e outra vez, a pele macia de suas costas enquanto minhas pálpebras se fechavam pesadas de sono, cansaço e uma satisfação indescritível.

                                                     • » Chicago, Illinois

                                                        Dez anos atrás

Anahí: ai, Poncho, cuidado - sussurrou pela terceira vez enquanto eu a arrastava pelas escadas, rumo ao meu quarto. - Não acredito que estou fazendo isso.

I remember what you wore in our first day

Eu lembro o que você usou no nosso primeiro encontro

You came into my life and I thought:

Você entrou na minha vida e eu pensei:

"Hey, you know, this could be something"

"Ei, sabe, isso pode dar em alguma coisa"

A casa estava toda escura, exceto pela luz do corredor do andar superior, que iluminava parcamente nossos passos. E tropeços. Passava da meia noite e todos pareciam dormir. Ainda bem. Naquela noite tinha acontecido, finalmente, o baile de formatura. E, olha, eu tinha me formado. Quem diria? Na certa, não eu. E nem meus pais, que haviam voltado para casa mais cedo, com Maite, outra fiel descrente do meu feito. Eu havia ficado mais um pouco, com Annie. Entretanto ninguém sequer sonhava com o fato de que, no fim da noite, eu estaria entrando sorrateiramente em minha própria casa, com ela ao meu encalço. E com intenções nada honrosas.

Alfonso: shiiiu, pare de resmungar - murmurei com um sorriso, olhando-a por sobre os ombros. - Ou quer que nos descubram?

Ela arregalou os olhos, cobertos com o óculos fundo de garrafa, e levou os dedos à boca, de uma forma engraçada. Não que ela tivesse querido ser engraçada, entenda, ela parecia mesmo prestes a dar meia volta e fugir, como se mil demônios a perseguissem, a qualquer momento. Mas, por sorte, não o fez. E entre cochichos e tropeções, chegamos ao meu quarto.

Anahí: os seus pais... eles não vêm mesmo conferir se você já chegou em casa? Eu não sei se isso é...

Alfonso: Annie - interrompi, colocando um dedo em seus lábios. - Relaxa. Ou já se arrependeu?

'Cause everything you do and words you say

Porque tudo o que você faz e as palavras que você diz

O Pecado Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora