Acordei de um sono inquieto antes que o dia clareasse. O quarto ainda estava completamente escuro e silencioso. Poncho dormia ao meu lado, todo esparramado pela cama. Sorri, contendo a vontade de contornar seus lábios com os dedos. Olhei para os números vermelhos do relógio digital, ao lado da cama. Quatro e quarenta e cinco. Tinha pouco menos de três horas até ter que sair para ir para a Rádio. Duas para dormir antes de ter que levantar para me arrumar. Só que eu não tinha sono.
Olhei o teto, ouvindo o silêncio. Estava com sede, mas tinha preguiça até mesmo de pensar em pôr os pés para fora da cama e ir buscar água. Suspirei. E olhei para Poncho outra vez. Ele estava lindo, completamente adormecido. As cobertas tinham escorregado durante a noite e agora cobriam somente parte de suas pernas. O tórax todo descoberto me gerou um pequeno arrepio. Sorri, recriminando-me mentalmente. Que coisa mais idiota. Eu não era assim tão tarada antes! Ou... bem, esquece.
Virando de lado, apoiei o rosto em uma das mãos, o cotovelo sustentando o peso, e fiquei observando-o dormir. Por vários minutos, talvez esperando que o sono viesse e, comportada, eu voltasse a dormir. Mas ele não veio. Ao invés disso, entretanto, uma excitação incomum começou a correr por minhas veias. Devagar, e ainda sorrindo idiotamente pelo que ia fazer, levei os lábios até seu peito. Beijei-o, devagar. Ele nem se mexeu. Incentivada pela ideia de acariciá-lo enquanto ele dormia, fui deslizando meus beijos por todo o seu tórax e abdome. Aquela sensação de perigo aumentava meu desejo. Mordisquei de leve sua barriga, passando a língua por cima em seguida. Ele se mexeu e, com o coração disparado pela ideia de ser pega no flagra, levantei os olhos até seu rosto. Ele ainda dormia. Sorri outra vez, e fui descendo os beijos. Devagar, sentindo sua pele roçar minha língua.
Quando cheguei até seu short, parei. Com uma risada, balancei a cabeça em negação.
Anahí: já pode parar de fingir, Alfonso. Sei que você está bem acordado!
Uma risada rouca logo invadiu o quarto. Puxando-me para cima, ele me prendeu entre seus braços.
Alfonso: você parecia estar se divertindo tanto - disse, a voz completamente pastosa de sono. - Achei melhor não atrapalhar.
Anahí: seu pervertido!
Ainda rindo, ele me beijou. Sua língua logo buscou espaço entre meus lábios, exigente. Ele estava excitado, e fora o tamanho avantajado em seu short que me fizera perceber que não estava dormindo, como quisera fazer parecer. Deslizando as mãos por seu corpo, finquei as unhas em sua cintura. Ele arfou, mas não se afastou do beijo. Muito pelo contrário. O contato tornou-se mais intenso, mais voraz. Agarrando meus cabelos com pouca delicadeza, ele me trouxe para mais perto. Acabei com o corpo sobre o dele, meio de lado. Envolvi suas pernas com a minha, deixando nossas intimidade em contato direto. E então me movi, devagar, maliciosa. Ele gemeu, mordiscando meus lábios. Correu os beijos por meu pescoço, chegando até minha orelha, onde sugou o lóbulo, provocante.
Alfonso: agora a gente tem um problema - murmurou em meu ouvido. Eu rocei o rosto contra o dele em resposta. - Você me acordou. Agora eu não quero mais dormir.
Com uma risada falha, arranhei seu maxilar com os dentes.
Anahí: eu não estou com sono - respondi. - Você está?
Sua resposta foi um chupão ávido em meu pescoço. Eu gritei, surpresa, mas logo desatei a rir.
Soltando-me dele, voltei a beijar-lhe o tórax, repetindo o mesmo caminho que tinha feito alguns minutos atrás, só que agora, sob seus olhos atentos. Ele me deixou livre para fazer o que eu quisesse, levando as mãos para debaixo da cabeça. Olhei-o brevemente, antes de contornar seu umbigo com a língua. Ele me sorriu de volta, o desejo estampado em suas íris.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Pecado Mora Ao Lado
RomanceAlfonso sempre foi um playbozinho quando adolescente; no colégio, o mais popular, o mais bonito, o menos acessível, aquele com quem as meninas dariam tudo para serem vistas em companhia. Aquele que brincava com tudo e com todas; aquele que fazia apo...