Alfonso: e você vai ficar com essa cara até quando?
Anahí: que cara? - perguntou, caminhando ao meu lado pela pista lateral do Central Park.
Cuidadoso, eu segurava a corrente de Peg, afinal, me lembrava bem da forma como havíamos sido apresentados alguns meses atrás. Não queria arriscar que o mesmo acontecesse com Anahí - e com meu filho - caso ele visse algo diferente e saísse às carreiras, acabando por derrubá-los. Por isso, apesar de todos os nossos problemas pessoais - digo, de Peg e meu -, eu seria seu guia naquele dia.
Alfonso: essa cara - apontei para ela com a cabeça, achando graça.
Anahí: eu só tenho essa - deu de ombros.
Alfonso: foi o que eu imaginei.
Ela não respondeu, então continuamos caminhando em silêncio por alguns minutos. Eu a observava de rabo de olho e, por duas vezes, ela pareceu prestes a dizer alguma coisa, mas se calou a tempo. Mais silêncio. E então ela parou, as mãos firmemente postas na cintura, e me encarou. Com um sorriso divertido, eu parei junto, trazendo Peg comigo. Ela ia falar.
Anahí: eu não estou com raiva, emburrada, nem de mal com você.
De mal? Suspendi uma sobrancelha, contendo uma risada.
Alfonso: que bom.
Anahí: mas eu não gostei de vocês ficarem falando de mim pelas costas e ainda me fazerem de boba quando perguntei.
Alfonso: nós não te fizemos de boba.
Anahí: mas estavam falando de mim.
Alfonso: nós não estávamos falando de você - ela me encarou em silêncio, a expressão dura. - Tudo bem, nós estávamos falando de você - confessei com um meio sorriso. - Mas não era nada demais.
Anahí: se fosse nada demais vocês teriam me dito do que se tratava ao invés de ficar inventando mentiras mal contadas.
Alfonso: você quer saber do que estávamos falando?
Ela manteve meu olhar, pensativa.
Anahí: agora não quero mais - dando de ombros, voltou a andar.
Rindo, eu a acompanhei.
Alfonso: vamos comer alguma coisa?
Anahí: Deus, você só fala em comida - me encarou, os olhos ejetados. - E eu já estou enorme! - disse dramática.
Alfonso: você não está enorme. Está ótima assim.
Anahí: eu posso imaginar.
Foi minha vez de parar e segurá-la pelo braço.
Alfonso: você está ótima assim - repeti. Ela me olhou, e olhou, e aí um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. Um daqueles sorrisos bem tímidos, e não tão constantes, que eu adorava. - Agora nós podemos comer?
Anahí: você só disse isso pra que eu aceitasse comer e não acabe matando seu filho de fome? - perguntou, cruzando os braços.
Alfonso: não, eu disse isso porque é a verdade - expliquei. - E ainda assim nós precisamos comer, não é?
Anahí: eu estou com fome - confessou meio a contragosto.
Alfonso: eu sabia - disse, sorrindo.
Anahí: claro, você sabe de tudo - revirou os olhos.
Alfonso: não - retruquei. - Mas já sei muito de você.
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O Pecado Mora Ao Lado
RomanceAlfonso sempre foi um playbozinho quando adolescente; no colégio, o mais popular, o mais bonito, o menos acessível, aquele com quem as meninas dariam tudo para serem vistas em companhia. Aquele que brincava com tudo e com todas; aquele que fazia apo...