Capítulo Vinte e Oito - Por enquanto

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Enquanto estava quase subindo as escadas tive o pressentimento de que o que eu estava prestes a fazer, não era certo. Olhei para trás.

- Pode ir querida... Não vou pensar mal de você de jeito nenhum! - A mãe de Ethan disse. Compreensiva e simpática, o tipo de mãe que eu sempre quis ter! E além do mais, nem precisei falar nada, ela adivinhou o meu pensamento. Sorri para ela e subi as escadas.

O corredor era estreito, mas muito bonito e aconchegante. A porta à direita, segundo a mãe de Ethan, era a porta de seu quarto. A mesma estava entreaberta e um som ecoava, e quanto mais eu me aproximava da porta, o som aumentava.

Espiei o seu quarto. Ethan estava em sua sacada, sentado em pequeno banco de madeira, de costas para mim, tocando e cantando. Abri devagarinho a porta e fui me aproximando. Seu quarto, ao contrário do que eu costumava pensar, era organizado. As paredes eram cinzas e havia um mural, lá estava algumas fotos suas. Havia fotos dele com os pais, a família toda, umas quatro meninas - que eu acredito que foram as namoradas dele - e um casal de idosos (avós). Havia também algo que me lembrava uma linha do tempo.

Aos poucos reconheci a letra da música que Ethan cantava. Era Legião Urbana:

- Mudaram as estações, nada mudou. Mas eu sei que alguma coisa aconteceu, está tudo assim, tão diferente. Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber, que o pra sempre, sempre acaba. Mas nada vai conseguir mudar o que ficou, quando penso em alguém, só penso em você, e aí então estamos bem. Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está, nem desistir nem tentar, agora tanto faz. Estamos indo de volta pra casa...

Eu sorria enquanto ouvia sua voz cantar Por Enquanto. Assim que ele terminou, eu me aproximei ainda mais dele. Ele escutou o barulho do estralo do piso (sempre quando quero caminhar em silêncio, acabo por fazer muito mais barulho), e virou se para trás, tomando um susto e ficando nervoso logo em seguida.

- Kate!? Você por aqui?

- Pensei que estivéssemos combinado de terminar o trabalho de história. - Digo, sorrindo de canto. Ele fica me encarando por um tempo, até dar um suspiro.

- O quanto você ouviu?! - Perguntou.

- O suficiente pra dizer que você canta e toca bem, e também pra te perguntar o por que não comentou nada sobre isso. - ele deu um sorriso lindo, mas logo ficou com vergonha. Ele olhou para o relógio. Eu acabei por fazer o mesmo. 14:04. - Puta que pariu... Desculpa por ter chegado tão cedo.

- Tá tudo bem. Melhor do que se atrasar, não?! - Disse. Concordei.

Ficamos na sua escrivaninha fazendo o trabalho. Sua mãe bateu na porta, e ele bufou.

- Toc Toc! Posso entrar?

- Não. - murmurou baixo e fez uma careta. Eu o repreendi com um leve tapa no braço. Ele me olhou e eu ergui a sobrancelha, ele revirou os olhos e eu ri baixinho. - Pode mãe, claro que pode.

A mãe dele entrou com uma bandeja. Sanduíches e suco de laranja.

- Espero que gostem. - Disse doce, logo ela se retirou do quarto, nos deixando novamente sozinhos. 

Comemos os lanches e quando percebemos que havíamos terminado de concluir o trabalho, começamos a conversar sobre coisas aleatórias.

- Qual é o nome da sua mãe!?

- Helena. E a sua?!

- Margaret. - Fiz uma pausa. - Por que não me disse que sabia tocar?!

- Eu não gosto que saibam. É tipo um segredo, sabe?! - Assenti. Olhei para os meus pés, e vi que ele continuava a me observar. - Você é a garota mais linda e compreensiva que eu já vi. - Eu levantei os olhos, ajeitei desesperadamente uma mecha de cabelo que havia caído nos meus olhos:

- Que isso... - Disse envergonhada. Eu estava de pé encostada na escrivaninha, e ele sentado numa cadeira diante de mim. - Você deve ser o primeiro que pensa realmente isso.

Ele levanta e chega tão perto do meu ouvido que a cada palavra que ele sussurra, sinto arrepios percorrendo todo o meu corpo.

- Lady... Se você não tivesse namorado, eu já tinha te beijado e te sequestrado, só pra mim pelo resto da minha vida. - Pra quem estava envergonhado por ter tocado violão em público, está um pouco ousado demais. Me sinto na obrigação de contar o que tinha acontecido.

Já que sua boca estava tão próxima do meu ouvido assim, eu me aproximei tanto quanto, do seu corpo quente.

- Eu não tenho mais namorado. - Quase pude ver seus olhos se arregalarem. Ele se afastou de mim, confuso. - Noah e eu terminamos hoje mais cedo.

- Kate e-eu... Nem sei o que dizer. Não posso mentir para você e dizer que sinto muito por vocês terem terminado. Eu não posso fazer isso. Aquele cara, não te merece. Ele já te deu um tapa Kate! Eu...- Ele passou a mão pelo seu cabelo de forma obcecada - Posso fazer uma coisa?! - Assenti. Ele volta a se aproximar cada vez mais e eu engulo em seco. Suas mãos vão para a minha nuca e para a minha bochecha. Seus olhos alteram entre a minha boca e os meus olhos. Umedeço os lábios, quase que automaticamente. Envolvo meus braços ao redor do seu pescoço, e quando estávamos prestes a nos beijar, escutamos alguém escancarando a porta. Nos afastamos às pressas.

Diante da porta havia a sombra e silhueta de uma criança pequena. A expressão tensa de Ethan desapareceu, dando lugar a uma cara desconfiada e descontraída.

- Paul, por que não bateu antes, hein cara?!- A criança se aproximou. Cabelo encaracolado e loiro, olhos verdes (que dúvida!), rosto de anjinho. Aparentemente, este era o irmão mais novo de Ethan. Como cheguei a esta conclusão?! Simples! É a miniatura dele!

Paul corre até Ethan que o ergue no ar, ele dá gargalhadas e sorrisos. Assim que Ethan o colocou no chão, Paul imediatamente estranhou a minha presença. Seus olhinhos alteravam entre olhar para mim e olhar para o seu irmão.

- Oi Paul - Digo, usando uma vozinha um pouco mais melosa, (sabe aquela vozinha que sai automático quando vemos uma criança!!? Pois então!)

- Ethan... Essa é a sua namorada?! - Sua pergunta soou meiga, fofa e muito inocente, mas mesmo assim, eu corei. Ethan trocou olhares comigo.

- Não Paul... - Ele se agacha diante do pequeno e cochicha, tão alto que consigo escutar - Mas eu queria muito que ela fosse.

Fiquei imóvel, sentia as minhas bochechas vermelhas e quentes. Paul foi até o ouvido do irmão e cochichou alguma coisa, enquanto me observava. Ethan escutou e ao olhar para mim, contou:

- Ele queria te dizer uma coisa... - Começa a falar, mas é interrompido pelo pequeno, que grita antes de sair correndo:

- Você é muito bonita! - A vozinha doce fez com que eu me derretesse.

- Viu?! Acho que não é só eu que acho isso! - Ethan sorriu, e eu ri com vergonha.

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