06 ISB

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☆☆☆ capitulo de Isobel ☆☆☆

- Noventa e sete... noventa e oito... noventa e nove... cem... cem... o que vem depois do cem mesmo Lidya? - Me viro para Lidya que está sentada na cama.

- Não sei Isobel, deve ser cem e um ... Cem e dois... cem e três.

- Sim, acho que é isso. - Me viro novamente para minhas bonecas na enorme prateleira e continuo a conta-las. - Cem e uma ... cem e duas... cem e três... cem e quatro. Cem e quatro bonecas ao todo Lidya. Bato palmas de alegria. - Não acredito que contei até cem e quatro. Esse foi meu recorde.

- Isso é demais, quer dizer são bonecas demais.

- Sim, não preciso de mais, mas minha família fica tão feliz em me dar presentes que não gostaria de deixar elas tristes.

- Tem razão... o que vamos fazer agora?

- Não sei, vamos andar lá fora? - Digo com um sorriso enorme, adoro andar no jardim

- Ah não, Andreia disse que seu pai a proibiu de andar perto do lago. - Meu sorriso se fecha, ela tem razão, meu pai tem um medo enorme de que eu caia no lago e por isso não posso andar lá fora sem companhia de alguém.

- Pois então estou sem ideias. Não tem nada para fazer, vem vamos recolher a bagunça que fizemos no corredor com a massinha antes que Andreia reclame. - Levantamos e vamos em direção ao corredor principal.

Sentamos no chão e começamos a recolher as massinhas que grudamos no chão. Vai dar um trabalho para limpar.

Enquanto nos esforçamos para limpar o piso branquinho escuto alguém conversando na sala. Deve ser papai. Vou em direção a voz, mas quando chego no fim do corredor vejo que é Estefânia, a namorada de papai, e Vitor um homem mau que é irmão de Estefânia. Assim que avisto os dois paro e me escondo atrás da parede. Não quero que eles me vejam.

-... Não vejo a hora de me casar, Vitor. Quando eu for a dona daqui vou colocar uma piscina maior que a do Michael Jackson. - quem é Michael? Deve ser amigo dela.

-Michael Jackson? Viajou um pouco né? Mas ele nem te pediu em casamento ainda, pare de fazer planos iludidores.

- Vitor querido. Ele está completamente caído por mim, agora é só questão de tempo até estarmos em nossa lua de mel em Veneza.

-Veneza? Que original maninha. - ele ri - Mas o casamento tem que ser perfeito. Eu mesmo me certificaria de toda decoração. - Papai vai se casar com ela? Ninguém me contou isso. Não quero que papai case com ela. Ela é malvada.

Estefânia não sorri de verdade. Ela faz de mentirinha. E as unhas dela parecem garras de gatos. Gatos malvados.

- Sei que posso contar com você com isso. Mas o meu único problema é a mimadinha da filha dele. Não quero um peso em nós. E se ela cisma em me chamar de mãe? Não, eca. Estou muito nova para isso.

- é só deixar bem claro que é você quem manda Estefânia. Contrata uma babá bem rígida ou algo parecido. Ou senão mande ela para um internato desses internacionais. O pai dela pode pagar qualquer um mesmo.

Ele está falando de mim? O que é mimada? E por que eu chamaria Estefânia de mãe... ela nunca seria minha mãe.

Me mandar para um internato? Já vi isso na televisão. A Madeleine foi mandada pra um. Ou era orfanato? Não me lembro. Mas antes dela ir morar com senhorita Clavel ela esteve em um. Era um lugar horrível, não quero ir para um internato.

- Ótima ideia, Vitor. Você é um gênio - ela sorri e abraça o irmão. - vou agora mesmo falar com ele sobre a ideia. Ele vai até me agradecer.

Começo a correr pelo corredor antes que alguém me pegue escutando atrás da parede. Chego no me quarto e fecho a porta. Lídya já está atrás de mim.

- Lidya você ouviu? Eles vão me mandar para um internato. Eu não quero ir. As pessoas de lá são malvadas. - começo a chorar baixinho para que ninguém me escute.

Não quero ficar longe de papai, sei que Lydia iria comigo, mas quero ficar com papai.

- Não chora Isobel. Lá não deve ser tão ruim. E eu vou com você.

- Não Lidya, lá é horrível, nunca viu Madeleine?

- É mesmo, talvez seja... mas o que vamos fazer?

-Não sei, eu... Não sei- limpo as lágrimas do meu rosto. Não quero ir. A minha única saída é sair de casa.

Vi isso em um filme da Disney, eu posso conseguir fazer o mesmo. Daí posso encontrar algum amigo por lá que me ajude...

-Nós vamos fugir. -digo decidida.

-Fugir? Fugir pra onde?

- Vou sair com papai hoje, dou um jeito.

- não sei não Isobel.

- Vai dar certo. Agora me ajuda a arrumar minhas coisas.

Pego minha mochila da princesinha Sofia e começo a encher de roupas. Ponho também alguns cereais e chocolates. Coloco o máximo que cabe e fecho o zíper.

Vou sentir falta daqui. Mas vou sentir mais falta ainda de papai, mesmo ele não falando muito comigo. Ele é ocupado demais.

-Ainda dá tempo de desistir.

-Não quero ir para internato nenhum. Está decidido.

》》》♡《《《

Na hora marcada, me arrumo com ajuda de Andreia. Vou até a garagem, papai e o Toni já estão me esperando. Toni é nosso motorista, acho que vou sentir falta dele também. Corro em direção ao meu papai e lhe dou um abraço com toda força que tenho. Ele fica meio tenso, mas logo me levanta em seu colo.

Não estamos muito acostumados a dar abraços, eu só abraço as minhas bonecas. Também abraço vovó, mas ela quase não vem aqui e papai não me leva muito para visitá-la

-Está tudo bem Isobel? - Ele pergunta.

-Sim, eu só... - Não sei o que dizer então fico calada.

-Tá bom, vamos que esta na hora. Para que é essa mochila? - ele me põe no chão e encara a minha mochilinha rosa nas costas.

-São minhas bonecas. A Lídya também vai.

-Nós já conversamos sobre isso
Ela não ... - Papai faz uma cara triste e isso me deixa irritada.

- Ela existe pai, ela é minha amiga.

- Ah Isobel, você precisa de amigas de verdade, você precisa de uma ... - ele não termina a frase.

-Eu estou bem papai. - Entro dentro do carro e papai vem atrás se sentando ao meu lado.

Estamos indo a casa de minha avó. Mas antes paramos em um lugar, acho que é um banco. Meu pai desce e deixa a porta aberta. O vidro que me separa do motorista está fechado e nessa hora vejo minha chance de fugir.

Desço do carro e começo a correr o máximo que posso. Viro a esquina e não olho para trás.

Estou ficando cansada.

Viro outra esquina.

Estou muito cansada, não sou acostumada a correr.

Viro outra esquina, dessa vez é uma rua escura e menor.

Corro mais depressa e olho para trás, mas quando me viro novamente meus pés saem do chão e eu caio em um barranco. Meu corpo bate várias vezes até que tudo fica escuro.

Meia Noite e Um - Completo ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora